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terça-feira, junho 17, 2003

GATO PRETO

Minto quando digo que nunca tive animal em casa. Uma vez, morei numa em que já havia um gato rondando o quintal.

Tinha me afeiçoado ao bichinho pela sua cor: ele era preto! E felinos pretos, ao contrário das superstições, sempre me deram sorte – pelo menos sempre acreditei nisso!

Mas meus pais foram resolutos: ele tinha que sair!

Então começamos a batalha. Todos estavam proibidos de oferecer qualquer migalha para ele. O pobrezinho vinha todos os dias, humilde, miar choroso em frente à porta da cozinha. Ele estava magro e sujo, mas mantinha a esperança de um dia receber alimento – ou carinho, quem sabe.

Vendo sua manhosa persistência, meu pai resolveu apelar para o velho antídoto contra gatos, um remédio caseiro infalível: água fria!

Naquela manhã, quando o animalzinho veio com suas súplicas miadas, meu pai abriu a porta da cozinha, sorriu-lhe malévolo e lhe jogou toda a água.

No dia seguinte, não ouvimos mais os miados, mas, ao abrirmos a porta, havia uma espécie de mensagem, dessas que dizem “estive aqui”: havia, para ser delicada, um morro de matérias fecais.

Daí se conclui que gato preto não dá sorte nem azar; ele apenas retribui nossa atenção para com ele.
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