<$BlogRSDURL$>

quinta-feira, dezembro 27, 2012

QUE VENHA 2013! 
.
(MUCHACHA EN LA VENTANA, de Salvador  Dali)

























2012, para mim, foi um ano de faxinas: literais e simbólicas. Me desfiz de muitas roupas e calçados; fiz uma limpa de papéis (mas essa limpeza ainda está incompleta!); controlei de vez a lactose (e senti que meu organismo, como um todo, funcionou ainda melhor); me livrei de certos pensamentos e comportamentos que eu nem percebia que tinha - mas que não estavam me ajudando em nada. Me livrei de nós que me oprimiam e de algumas inseguranças. Foi um ano de suor, mas é assim mesmo: porque faxinas nos fazem suar. 
Porém, agora, dá gosto ver a limpeza. Tanto meu quarto quanto minha casa interna estão mais iluminados, com mais espaço para o ar circular, com mais espaço para o novo chegar.
E como gosto de gestos simbólicos, hoje tomei meu último banho de mar do ano (já que não estarei na Minha Aldeia no dia 31 de dezembro), para tornar simbólico o fim desse ciclo de faxina "mais pesada": deixei que as ondas terminassem essa limpeza que durou o ano todo. 
Agora, espero 2013, trazendo somente as lições importantes de 2012. 
.
p.s.: Ao que tudo indica, meu novo ciclo também terá o mar por testemunha...
.

domingo, dezembro 23, 2012

UM NATAL COMO O BANQUETE DE BABETTE!
.
Todos os momentos alegres da vida deveriam ser como o banquete do filme dinamarquês A FESTA DE BABETTE, de 1987. 

Não digo somente pela comilança - que todos gostam! -, mas por tudo o que a cena traz em si: o capricho da cozinheira, se esmerando em cada prato; os convidados, ao redor da mesa, apreciando a comida; os ajudantes da cozinheira, servindo com alegria e, também, saboreando as delícias culinárias.

Mas não é só isso. Isso seria pouco. Há mais na cena em questão. Há mais no banquete de Babette, e que me serve de inspiração para uma noite de Natal: para quem conhece a história, sabe que a cozinheira ganhou uma fortuna e a está usando toda para fazer o tal banquete. Ela faz isso em forma de agradecimento pelas irmãs que a acolheram por tantos anos. Estranho, diriam algumas pessoas que jamais pensariam em gastar todo o dinheiro em um único jantar. Mas isso lembra o Natal: gratidão e desprendimento. Natal não é momento de contabilizar os gastos, não é momento de discutir dinheiro. Também não é esbanjar por esbanjar, mas é fazer como a cozinheira do filme: caprichar para que todos fiquem contentes e satisfeitos; para que, em cada garfada prazerosa, a pessoa se esqueça de seus problemas e pense somente em como é bom viver, em como é bom ter esses momentos alegres. Isso renova as esperanças!

A cena, além disso, mostra outros detalhes: durante a janta, todos estão em paz e saem de lá levando essa paz em seus corações. Não há intrigas, como não pode haver na noite de Natal. Aliás, ao se preparar para um banquete tão especial, ninguém pode levar mágoas e raivas para a mesa. Seria indigesto - e indigestão estragaria um momento sublime desses.

O banquete de Babette tem confraternização, esmero, paz, amizade, desprendimento, alegria, satisfação dos ricos e dos pobres, dos velhos e dos jovens. Ninguém julga ninguém, ninguém "lava a roupa suja" - não é momento para isso! Todos estão contentes: os que servem e os que são servidos. Todos sentem gratidão. Estes são os ingredientes de um bom Natal e de todos os momentos alegres da vida. E como são importantes esses momentos na nossa existência! 

Por isso, é um Natal assim, como o banquete de Babette, que eu desejo a todos vocês!
.

.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

O QUE BILBO BOLSEIRO E VASALISA(*) TÊM EM COMUM?
.
Bilbo Bolseiro, no filme O HOBBIT
Vasalisa, do conto VASALISA, A SÁBIA
 .
Ambos precisam deixar seu recanto de amor, carinho e proteção (excessiva) para adentrar na floresta/aventura. Ambos precisam se arriscar pelo desconhecido e enfrentar forças que os querem derrubar. Eles vão sofrer, vão ter que deixar de ser ingênuos na marra. Vão ter que dar ouvidos à intuição. Mas, somente assim, eles se darão conta do imenso poder que possuem.
E, como disse Gandalf para Bilbo, digo sobre Vasalisa  também: depois dessa aventura, eles não voltarão  os mesmos.
.
(*) VASALISA: personagem de um conto de fadas dos países bálticos. Ouvi falar nessa história, pela primeira vez, no livro MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS, de Clarissa Pinkola Estés. Já comentei sobre Vasalisa aqui no Desanuviando (AQUI). 
.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

QUANDO ELES VÊM NOS VISITAR:
.
(Para os meus irmãos - porque este copo d'água nos compreende!)
.

terça-feira, dezembro 11, 2012

É AMANHÃ, MAS ME ANTECIPO
.
Nossa Senhora de Guadalupe e sua aparição ao índio Juan Diego.










































É amanhã o dia de Nossa Senhora de Guadalupe, mas resolvi postar algo a respeito hoje.

É que acordei pensando nas palavras que ela disse ao índio Juan Diego, em uma de suas aparições:
.
"Escuta, põe em teu coração, meu pequeno filho, que nada te assuste, que nada te aflija; que não se perturbe teu rosto, teu coração; não temas esta ou outra enfermidade ou aflição. Não estou aqui, eu que sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha sombra e proteção? Não sou a fonte de tua alegria? Não estás sob o meu manto, na cruz dos meus braços? Tens necessidade de alguma outra coisa? Que nenhuma outra coisa te perturbe ou aflija; não te oprimas com a enfermidade de teu tio, porque ele não morrerá agora. Tenha certeza que ele já está bom".
.
Então, resolvi fazer minha própria oração:
.
Querida Mãezinha,
nos pede confiança plena, mas ainda falho nisso. Meu coração se aflige e se angustia. Meu rosto se perturba. Tenho medos e me falta confiança. Tenho inseguranças, apesar de saber que está sempre comigo. Muitas vezes, temo o futuro e me sinto impotente. Mas não quero mais sentir isso. Quero confiar plenamente. Ter uma fé autêntica. Não temer o porvir. Não me angustiar com as aparentes faltas de resposta na vida. 
Tire esses medos de mim! Minha fé pode ainda ser fraca, mas sei que a sua força é imensa e infinita, e que pode aumentar a nossa fé e nos aproximar ainda mais de seu Filho. Sei que ter fé é confiar, é não temer, é ter um coração de espera sereno, e é isso o que quero.
Me ajude a caminhar com a certeza de que o seu manto me protege. Somente assim serei eu por inteira, com um coração pleno de confiança em Deus.
Amém.

******************************************************
.
Só tem uma coisa de que não gosto na devoção a Nossa Senhora de Guadalupe: é que todo bandido e traficante mexicano tem uma imagem Dela em casa. Isso é o que mostram os filmes. Bom, mas fazer o quê? Eles também são filhos de Deus, apesar de, né?!
.

domingo, dezembro 09, 2012

HOJE, ASSIM: 
.
Créditos ao artista, que eu não sei quem é.



















quarta-feira, dezembro 05, 2012

MY FAIR LADY  X  A VENDEDORA DE FLORES
.
O filme MY FAIR LADY, de 1964, com a charmosa Audrey Hepburn, tem, de melhor,...a Audrey Hepburn! E no seu papel que mais nos encanta: ela começa pobre e simples e se transforma em uma dama, com vestidos estonteantes.
Porque quanto à história...nunca fui fã. Na verdade, nunca fui fã do tal professor de fonética que resolve transformar a moça. E não é a transformação em si que me desagrada (quem não gostaria de ganhar um banho de loja e de etiqueta sem gastar nenhum puto?), mas é a transformação do jeito que o professor quer. Podem dizer que é feminismo, que é rebeldia da minha parte, o que quer que seja. Eu simplesmente acho esse professor muito soberbo. E deve ser isso o que mais me incomoda. Como vocês sabem, o professor aposta (ele a-pos-ta!) com um outro senhor que transformará a personagem de Audrey Hepburn em uma dama. Que falta de altruísmo desse professor! Quem ele pensa que é, achando que pode usar uma pessoa como objeto de aposta?
No final, o professor e a nova lady ficam juntos. Mas isso também não aplaca o meu incômodo.
.
Passados alguns anos, veio o grande Chapolin Colorado e deu uma versão genial a essa história. Chama-se A VENDEDORA DE FLORES. O enredo é mais ou menos o mesmo: há uma moça simples, vendedora de flores, que fala mal, se porta mal. Daí vem um professor bastante culto e resolve transformá-la em uma dama. Acontece que o final ficou diferente. E foi aí que apareceu o toque de gênio, que só a série do Chaves e do Chapolin têm - e que me agradou mais! Querem saber o final? Vejam:
.


.

domingo, dezembro 02, 2012

"UMA CHUVA TORRENCIAL QUE SE TRANSFORMA EM LUZ"
.
Um dos melhores livros que li este ano chama-se A ELEGÂNCIA DO OURIÇO, de Muriel Barbery. Já tinha ouvido falar (bem) dele algumas vezes, mas parece que, para os livros, também vale aquele aforismo de que tudo tem a hora certa.
Só agora o li, e me fez uma ótima companhia.
A Elegância do Ouriço tem um humor delicioso, meio sarcástico, muito inteligente. Tem umas tiradas ótimas: no estilo, na escrita, nos diálogos, nas cenas. Você termina de ler um capítulo e já quer pular para o próximo. 
Dia desses, eu levei esse livro ao médico e fiquei mais de uma hora esperando para ser atendida. Para vocês terem uma idéia, os pacientes ao redor já estavam impacientes, mas eu estava adorando aquela demora, só para continuar lendo. Ficava rindo por dentro, me deliciando com a escrita e com a demora. Na companhia desse livro, nem percebia o tempo passar.

A história é sobre uma concierge que trabalha em um prédio de ricaços em Paris. O drama dessa concierge é ser extremamente culta, mas ter que esconder isso dos moradores, pois não "cairia" bem alguém da classe dela ter tanta finesse e tantos conhecimentos literários. Isso por si só já é engraçado porque ela se passa por uma concierge bem caricata: finge que é mal humorada, mal educada, impaciente, ignorante. (Por exemplo, ela deixa a televisão ligada o dia inteiro só para que os moradores pensem que ela só faz isso na vida: assistir a tv). Como os condôminos não têm a mesma vida interior que ela, eles não têm a sensibilidade para notar quem é a concierge de verdade.
Paralelamente à vida dessa senhora, há a vida de uma jovem, moradora do prédio, que pensa em se matar. E embora ela tenha tendências suicidas, devo adiantar que é dela algumas das passagens mais engraçadas do livro. Como quando ela vai ao psicanalista da mãe e o enerva. (Porém, depois de ter feito o seguinte comentário:
Mamãe anunciou ontem à noite, no jantar, como se fosse um motivo para o champanhe correr a rodo, que fazia dez anos exatos que ela havia começado sua "aanáálise". (...) O que mamãe não diz é que também faz dez anos que toma antidepressivos. Mas, visivelmente, não liga uma coisa à outra. Acho que não é para aliviar suas angústias que toma antidepressivos, mas para suportar a análise.)
Essa jovem suicida se sente um peixe fora d'água na sua família e na escola, assim como a concierge se sente um peixe fora d'água no prédio (e na vida também).
Lá pela metade do livro chega um novo morador, o senhor Kakuro Ozu, que faz amizade com a jovem e percebe, de cara, que a senhora gosta de ler Tolstoi. A partir daí, o destino das duas muda...Só que mais não conto para não estragar a surpresa.

Além das tiradas geniais e engraçadas, A Elegância do Ouriço tem, também, passagens muito poéticas. Algumas eu li e reli, para absorver bem. Uma delas, já no final do livro, é quando a concierge passa por um momento maravilhoso, desses que podemos chamar de Milagre, e ela faz a seguinte reflexão:
O que é preciso viver antes de morrer, agora eu sei. Pois é: posso lhes dizer. O que é preciso viver antes de morrer é uma chuva torrencial que se transforma em luz.
A metáfora da chuva torrencial seguida de luz é maravilhosa. A vida vem no seu fluxo medíocre, sem nenhuma emoção, mas, quando é para vir o Milagre e mudar tudo, antes vem a chuva torrencial. É como se a luz só fosse realmente percebida se a escuridão a precedesse, e a chuva fosse para limpar tudo: a sujeira, o mofo, as mágoas, os medos. Daí vem a calmaria, a vida flui, e a gente já não faz mais nenhum esforço para (sobre)viver: simplesmente vive.

E se eu contar para vocês que li essa passagem em um dia que teve chuva torrencial e, mais para o fim da tarde, a luz apareceu? É o tal do aforismo que diz que "tudo tem a hora certa": li o livro na hora certa e li o capítulo no dia certo. 
Terminar domingo com um ótimo livro e com essa sensação de sincronia perfeita, revigora o ânimo para começar a semana.
.



sábado, dezembro 01, 2012

"A PRECISÃO NOS OBRIGA"
.
Lá estava eu no ponto de ônibus quando chegou uma moça muito simples e ficou olhando para o mar (que fica atrás do ponto). Reparei que ela olhava fascinada, até que uma hora puxou conversa comigo:
- A polícia prende se nadar nesta praia?
Respondi que não, imagina, meio surpresa com esse tipo de dúvida.
Mas ela questionou:
- Mas não é proibido entrar?
Expliquei que proibido não era, mas que recomendavam que a gente não entrasse porque a água está suja.
E ela:
- Ah, é porque tem um homem nadando ali. Eu achei que ele ia ser preso...
Daí ela parou de olhar para o mar e se sentou ao meu lado. Perguntou se eu morava por perto. Como fico incomodada quando um estranho começa a me fazer perguntas pessoais, perguntei, com a maior delicadeza do mundo, mas tirando a atenção de mim:
- Você é de onde?
Ela me disse que era do interior do Ceará e que nunca tinha visto o mar porque o mar só tinha em Fortaleza.  Também contou que estava morando aqui e trabalhando de faxineira em uma clínica médica.
Em seguida, quis saber por que ela tinha vindo de tão longe. E foi então que ela disse a frase que ressoou na minha cabeça o dia inteiro:
- A PRECISÃO NOS OBRIGA. Eu passava fome lá na minha terra. Daí vim com o meu marido e o meu filho, pra ver se a gente tem sorte aqui.
Ainda trocamos mais algumas palavras no ônibus e, depois, não a vi mais. Mas o tal do "a precisão nos obriga", não sei por quê, ficou martelando. De onde ela tirou esse "precisão"? Que neologismo é esse que  eu nunca tinha ouvido?
Pois cheguei a casa de noite e resolvi olhar no dicionário. Surpresa, surpresa! E não é que o "precisão" da moça-simples-que-passava-fome foi usado de forma corretíssima?! O primeiro significado para "precisão", no Pai dos Burros (a bênção, pai!), é justamente: "carência do necessário; necessidade". Ou seja, frase mais perfeita, impossível! Que lição de humildade acabara de ter. Estava achando a frase estranha, inventada, talvez por vir de uma moça simples que não conhecia o mar, mas, no entanto, era uma frase precisa. "A precisão nos obriga". Aliás, parece frase literária, não acham? Imaginei Machado de Assis escrevendo algo assim. Ou Graciliano Ramos. "A precisão nos obriga": meus ouvidos tinham estranhado, mas agora gostam de ouvir essa frase.
E porque temos precisão de um bom português (tão maltratado esses dias, coitado), compartilhei esse episódio com vocês, caros leitores.
.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter