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segunda-feira, abril 30, 2012

SENTIMENTAL E ADIAMENTO
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Um dos meus irmãos quis fazer um teste comigo para saber qual o meu tipo de personalidade, dentre as seguintes: colérico, nervoso, sangüíneo, sentimental, fleumático, passional e outros que agora não lembro o nome. Aceitei fazer o teste até porque estou querendo mudar muitas coisas em mim, e, para a gente se transformar, é preciso se conhecer. (Além de ter coragem!) 
Bom, fiz o teste já imaginando qual seria o resultado: deu sentimental, que não significa ser sentimentalóide, assim como nervoso, no teste, não significa ser nervosinho, raivosinho. Cada personalidade tem inúmeras características bem próprias, cheias de meandros, com qualidades e defeitos. Um exemplo da minha personalidade: costuma escrever diários. No meu caso, acho que o blog, de certo modo, acaba fazendo um papel de diário, embora eu não seja tão explícita aqui como seria em um caderno a que só eu tivesse acesso. Mas isso de não ser tão explícita aqui também é uma característica dos "sentimentais", que não costumam se abrir para qualquer pessoa: eles valorizam muito a intimidade, então, somente para com quem eles realmente tem intimidade é que eles "abrem o coração".
Só que, sinceramente, não sei se gostei muito do que ouvi. À maioria das perguntas, eu respondia sem titubear: "é isso, mas estou querendo mudar." Ou seja, eu sou Sentimental, mas estou querendo mudar (o que também deve ser uma característica dessa personalidade!), e falei isso para o meu irmão, ao que ele respondeu, me enchendo de ternura: 
- Não é ruim, não (ser Sentimental). Minha namorada também é Sentimental, e é por isso que eu gosto dela.
(Momento do "óoohhh!")
Sabem de uma coisa? Isso que meu irmão falou me revelou algo muito importante: quero mudar em certos aspectos e sei que, para isso, preciso me conhecer e ter coragem. Mas estava esquecendo de um requisito importantíssimo para qualquer transformação. Talvez o mais importante, antes de tudo: se amar. Porque se eu simplesmente sair mudando tudo em mim, vou mudar até as coisas boas. (E ser Sentimental tem qualidades, apesar dos defeitos!)

O engraçado de tudo isso é que esse episódio do teste aconteceu ontem à noite, e fiquei pensando nisso da transformação, da coragem e da auto-estima hoje. Mas então pensei de novo (e isso de ficar pensando/ruminando é, segundo o teste, coisa do Sentimental!) em outro requisito: é preciso, também, ter paciência! Porque não vou conseguir mudar tudo em um só dia. Por isso, preciso ter paciência!
Feliz por ter chegado a essa conclusão, entrei no quarto do meu outro irmão e vi, hoje de manhã, o poema ADIAMENTO, de Álvaro de Campos, em cima da mesa dele. Confesso a vocês: o espírito desse poema me contagiou completamente! Pois resolvi não pensar mais em quem quero ser. Pelo menos hoje. Só por hoje! Voltarei a pensar na personalidade do Sentimental e nas transformações desejadas depois de amanhã...Enquanto isso, fiquemos com o poema, que é ótimo! (E como amanhã é feriado, vamos voltar a pensar nos problemas só depois de amanhã!):



Adiamento
             (Álvaro de Campos)

   Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
   Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
   E assim será possível; mas hoje não...
   Não, hoje nada; hoje não posso.
   A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
   O sono da minha vida real, intercalado,
   O cansaço antecipado e infinito,
   Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
   Esta espécie de alma...
   Só depois de amanhã...
   Hoje quero preparar-me,
   Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
   Ele é que é decisivo.
   Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
   Amanhã é o dia dos planos.
   Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
   Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
   Tenho vontade de chorar,
   Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

   Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
   Só depois de amanhã...
   Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
   Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
   Depois de amanhã serei outro,
   A minha vida triunfar-se-á,
   Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
   Serão convocadas por um edital...
   Mas por um edital de amanhã...
   Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
   Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
   Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
   Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
   Antes, não...
   Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
   Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
   Só depois de amanhã...
   Tenho sono como o frio de um cão vadio.
   Tenho muito sono.
   Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
   Sim, talvez só depois de amanhã...

   O porvir...
   Sim, o porvir...


P.s.: "Adiar" também é uma característica do Sentimental...!

domingo, abril 29, 2012

BELEZA EM SÃO PAULO - ou: É possível encontrar beleza no cinza!
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Londres é cinza e linda. São Paulo é cinza e feia. (*) Se em Londres é difícil achar um canto feio (é preciso sair das partes, digamos, mais "convencionais"), em São Paulo, a gente tem que procurar pela beleza. Mas há! Há pedaços bonitos em São Paulo, justiça seja feita. E a coisa mais bonita que eu acho que há em São Paulo são estes muros representando a São Paulo dos anos 20:














(fotos minhas)















Descobri que são de um artista chamado Eduardo Kobra. Ele se diz grafiteiro, mas, como se diz no Direito, data vênia, isso é muito mais do que grafite: isso é arte! São uns muros tão bonitos, que nenhum espírito de porco teve coragem de pichar. Impressionante!
Ah! E o detalhe: é um mural cinza! (Não tem nada daquela pichação colorida que algumas pessoas chamam de arte.). Prova de que ser cinza não é desculpa para ser feio.

Esses muros ficam na Avenida 23 de maio e, se você os vir, vai torcer para pegar um engarrafamento na avenida! (**)

(*) A comparação é inevitável se você sai de Londres e chega a São Paulo. Lá, você vê o rio Tâmisa; em São Paulo, você vê o rio Tietê. Esse é só um exemplo de contraste entre duas cidades que são grandes e cinzas. No entanto, como eles conseguem conservar a beleza da cidade e como nós conseguimos destruí-la?

(**) Eu ainda não tive essa "sorte" (de pegar um engarrafamento nessa avenida). As poucas vezes em que fui a São Paulo, passei rápido por aí. Só quando passei por uma outra rua (que eu não sei o nome), é que tive tempo de tirar foto.


quarta-feira, abril 25, 2012

UM POUQUINHO DE DECORAÇÃO - ou: - SIG, DECORA O MEU APARTAMENTO?
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Imagina a cena: o casal vem todo empolgado mostrar a nova decoração do apartamento. Eles estão felicíssimos; foi do jeito que eles sonharam, quer dizer, foi idéia da decoradora, mas eles adoraram. Você só olha, feliz pela felicidade do casal, mas então vem a pergunta que você não queria que viesse: te perguntam o que você achou da decoração.
- Eu, bem, está parecendo um hotel! (dando bastante ênfase na palavra "hotel".)
E o casal fica agradecido pelo comentário. 
...
Não, isso não aconteceu. Graças a Deus! Mas já vi vários apartamentos sendo decorados como se fossem quarto de hotel, e os decoradores se achando o máximo por isso. Sei que não tenho olhar de decoradora; meu olhar é de leiga: gosto ou não gosto. Mas não gosto de casa com cara de hotel! Hotel é hotel; casa é casa. Assim, simples. Casa tem que ter conforto, aconchego e detalhes que são a sua cara, e não a da rede Ibis!
Por esse motivo, gostei da entrevista com Sig Bergamin na revista VIVER BEM (edição 204, de 2011). Ele fala que conforto é muito mais importante que modismo (...O que existe, antes de tudo é conforto... Daí a necessidade de se ter conforto, de se viver em espaços gostosos e agradáveis, para que a vida seja melhor.). E Bergmain diz que não importa o tamanho: você pode viver em um quarto e sala (ele mesmo tem um quarto e sala em Nova Iorque) e ainda ter muito conforto.
Mas o mais interessante nesse artigo foi esta reflexão feita pelo decorador:

Tudo começa com um sofá aconchegante, amplo, com um tecido macio, de algodão bom. Nada de materiais sintéticos. E sabe o que mais faz o conforto? O silêncio. Porque sem ele, não consigo nem dormir, nem trabalhar e nem viver. Também é preciso ter jardins por perto, em casa e no trabalho. E poder olhar para o verde. Morar perto do trabalho é outra sugestão valiosa. Eu, por exemplo, moro aqui do lado do meu escritório. A vida tem que ser mais simples, para que o dia a dia não se transforme num tormento. Não dá para falar em conforto se a pessoa mora num apartamento barulhento. E não importa o tamanho, se é grande ou pequeno. O que não dá é levar duas horas no trânsito para chegar no trabalho. E se o escritório, ainda por cima, ficar num lugar super poluído, fica impossível. A vida já tem tanto estresse: você tem que trabalhar, atender cliente, conseguir trabalho, pagar suas contas. É tanta coisa... Então, se pelo menos der para melhorar o que está ao nosso alcance, já ameniza um pouco. O básico tem que ser facilitado e, sim, confortável, fácil, agradável.

Em resumo, aqui ele descreve a casa ideal, né?! Pode não ser tão acessível, dependendo onde a gente mora, mas não custa nada colocar esses detalhes (conforto, silêncio, jardim, trabalho próximo de casa) na lista da "lei da atração".

domingo, abril 22, 2012

ESNOBOU!
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A Mari me contou que estava com o carro parado em frente à sinaleira. De repente, viu que um pivete vinha em sua direção. Imediatamente, ela fechou as janelas do carro. Mas o pivete percebeu e, então, falou pra ela:

- Ih, você acha que eu vou roubar esse celtinha velho?!?

A Mari, indignada, disse que quase saiu do carro para o corrigir:

- Velhinho, não! É de 2011!
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quinta-feira, abril 19, 2012

BONS DIÁLOGOS 

O filme SABRINA, o antigo, estrelado por Audrey Hepburn e Humphrey Bogart traz, além do charme da atriz (*), bons diálogos. E isso é uma das coisas que mais gosto nos filmes antigos: os personagens são interessantes, brincam com as palavras, com os sentidos das frases, de forma inteligente e nada grosseira. Dá gosto prestar atenção nas conversas deles.
Em SABRINA, em especial, anotei alguns diálogos que, se não fazem tanto sentido assim, de forma solta, vocês verão que, no contexto do filme, viram protagonistas!

- "Ninguém está sozinho porque quer." (Sabrina, a personagem de Audrey Hepburn, fala isso para Linus Larrabee, personagem de Humphrey Bogart durante um passeio de barco. Linus é muito sério e nunca é visto com ninguém. Parece que só vive para o trabalho. Pois Sabrina desconfia que isso seja uma fuga.)

- "Paris não é para trocar de aviões. É para trocar de perspectiva." (Novamente, é Sabrina quem fala isso para Linus. Sabrina, como se sabe, morou um tempo em Paris e se transformou: voltou linda, elegante, segura de si. Linus diz que nunca foi a Paris; somente passou pelo aeroporto da Cidade Luz quando precisou trocar de vôo (**), em uma viagem a trabalho. Eu, particularmente, adorei essa frase. Dá até vontade de colocar em uma camiseta. Ainda não fui a Paris (lei da atração: "ainda não fui"!), mas também pretendo trocar de perspectiva quando for lá!

- "A democracia pode ser algo perverso e injusto. Nunca chamaram um pobre de democrata por se casar com um rico." (Essa frase é ótima e inteligente! É dita pelo pai de Sabrina, o chofer da família Larrabee. Imaginem o escândalo: a filha do chofer namorando o ricaço da família!)

Ou seja, como se não bastassem o charme de Audrey, os vestidos de Givenchy, o talento dos atores, a história simpática, ainda temos diálogos desse tipo, que prendem a nossa atenção e, como diria um amigo, respeitam a nossa inteligência. (Quer dizer, não ficam só no "what a f*#ck is that?"!)

(*) Audrey Hepburn fez vários filmes em que ela começa se vestindo mal e, de repente, aparece estonteante. É uma fórmula que deu certo. Também pudera: a gente (bem, nós, mulheres...) fica doida para ver seus figurinos elegantes. Parece que o filme não está completo enquanto ela não se exibe em um Givenchy!
(**) Velha regra gramatical, ora pois!

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OS BONS DIÁLOGOS E BOGART 

Escrevendo este post, me lembrei de um outro filme em que Humphrey Bogart atua e que, da mesma forma, tem ótimos diálogos. Alguém adivinha? Isso mesmo! CASABLANCA! Também é um filme excelente, desses que ficam melhor com o tempo e com o número de vezes a que você o assiste, mas que talvez não fosse tão bom se não tivesse os diálogos que tem. Sempre vai ressoar na cabeça o "Play it, Sam." e o "We'll always have Paris.". E só de ouvir isso, já nos lembramos de CASABLANCA! Mas há outras frases do filme que não saem da minha cabeça:

Rick, o personagem de Bogart, diz para o Inspetor o motivo de estar em Casablanca:
- I came here for the waters.
Ao que o Inspetor retruca:
- What waters? We're in the desert.
E Bogart, sem perder sua fleuma elegante, se faz de sonso:
- I was misinformed.
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Outra frase interessante é quando Rick é questionando se está ajudando uns estrangeiros a fugir de Casablanca. Ele responde:
- I stick my neck out for nobody. (***)

(***) Já me imaginei falando essa frase algumas vezes. Cheguei a treinar em frente do espelho. Imaginem a moral (e o impacto!) que deve ser dizer "I stick my neck out for nobody". Ainda quero falar isso, com o mesmo tom de voz usado por Humphrey Bogart!




quarta-feira, abril 18, 2012

"QUEM QUER PASSAR ALÉM DO BOJADOR / TEM QUE PASSAR ALÉM DA DOR" - ou: A PONTE PROFÉTICA


(CARRICK-A-REDE ROPE BRIDGE. foto minha)




Essa ponte da foto fica em cima de um pequeno precipício (talvez não chegue a ser um precipício, mas o medo dá a impressão de ser coisa pior!). Ela balança horrores, dando a impressão de não estar presa! E o pior: no dia em que essa foto foi tirada, ventava muito e chuviscava. Conclusão: para passar pela ponte, era preciso: andar bem devagar, sem levantar muito os pés (se levanta demais os pés, o vento, fortíssimo, "leva" eles, te "dando uma rasteira"), com cuidado para não escorregar por causa da chuva e, de preferência, sem olhar para baixo, para não ficar paralisado de medo. Deu pra sentir o drama? 
Pois depois que passei por essa ponte (como disse minha madrinha: "se eu não for, vou me arrepender pelo resto da vida por ter cedido ao medo"), profetizei: "agora, passo até na prova da OAB". Dito e feito. Como na travessia da ponte, tive medo, gelei, andei devagarinho, achei que o vento ia ser mais forte que eu, mas...depois da ponte, consegui o que queria! Ufa! 
O alívio que senti por ter passado na prova foi mais ou menos o alívio que senti depois que atravessei a ponte e voltei para a terra firme! 
É que algumas travessias são mais sofridas que outras! Mas, repetindo o que disse minha madrinha, se não a atravessarmos, nos arrependeremos pelo resto da vida por termos cedido ao medo.
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Na noite véspera da primeira fase da OAB, sonhei que estava levando o meu pai para conhecer essa ponte. Acordei com uma sensação deliciosa de paz e saudade do lugar. E me lembrei da profecia que me fiz quando atravessei a ponte. Não preciso dizer que tomei isso como um bom presságio, ainda que eu soubesse da dificuldade da "travessia".
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Aliás, fica a dica: quando passar por essa ponte, profetize também. Diga: "se passei pela ponte, agora consigo...". Vai que vira uma ponte sagrada, capaz de ajudar as pessoas.
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Meus botões já estão rindo, pensando em várias profecias:

- Se passei pela ponte, agora consigo parar de beber.
- Se passei pela ponte, agora consigo fazer dieta.
- Se passei pela ponte, agora consigo pedir minha noiva em casamento.
- Se passei pela ponte, agora consigo aguentar minha sogra.
- Se passei pela ponte, agora consigo dar um novo rumo à minha vida.
- Se passei pela ponte, agora consigo ter coragem pra mudar de emprego.

E por aí vai...


sábado, abril 14, 2012

DIA ESPECIAL: BUQUÊ DA NOIVA, SANTO ANTÔNIO E ROBERT DOISNEAU!
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Aproveitando que o Google está homenageando o fotógrafo Robert Doisneau, escolhi algumas de suas fotos (com a mesma temática), além de incluir uma foto caseira (de qualidade ruim, mas vale pelo registro!) de um buquê de noiva e um Santo Antônio. Bom fim de semana a todos!

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quinta-feira, abril 12, 2012

PORQUE AMADURECER DÓI. MAS É ALGO EXTRAORDINÁRIO. (ou o contrário: Amadurecer é algo extraordinário, mas dói!)

Agora, William Deresiewicz conta sobre seu encontro com ORGULHO E PRECONCEITO, uma experiência bem diferente da do seu encontro com EMMA.
Primeiro, porque ele se apaixonou por Elizabeth (Ela era a personagem mais encantadora que eu já encontrara. Brilhante, inteligente, cheia de alegria e bom humor - o tipo de pessoa que faz a gente se sentir mais vivo só por estar perto dela.). Segundo, porque ele amadureceu (ou aprendeu o que é amadurecer) lendo o livro e chegou a sábias conclusões para a vida:

Amadurecer pode ser a coisa mais extraordinária que alguém faz na vida. (...) Estava habituado a pensar em amadurecimento em termos de ir para a faculdade e arranjar emprego: passar nas provas, ser entrevistado, acumular títulos, desenvolver os conhecimentos e as habilidades que nos tornam empregáveis - os termos nos quais meus pais (e todos, nesse caso) haviam me ensinado a pensar. (...)
Mas, como se verificou, Austen não via as coisas dessa maneira. Para ela, amadurecer nada tinha a ver com conhecimento ou habilidades, pois tem tudo a ver com caráter e comportamento. 

Mas Deresiewicz também percebe que amadurecer dói. Dói porque, muitas vezes, a maturidade surge dos nossos erros, ou melhor: da dor que sentimos por causa dos nossos erros. Mas temos que errar (o autor fala de como foi ruim o fato de o seu pai sempre ter tentado evitar que os filhos errassem na vida, fazendo de tudo para que os filhos nunca se decepcionassem, nem perdessem tempo se arriscando por caminhos desconhecidos) e temos que sentir a dor pelos nossos erros. Jane Austen mostra uma personagem que sofre por causa de seus erros - Elizabeth, quando se dá conta do julgamento errado que fizera (ela que sempre se orgulhara de seu discernimento...) - e contrapõe com outra personagem que erra pra caramba, e nunca se arrepende de nada - a irmã de Elizabeth: Lydia. Não é preciso muito esforço para decidir qual a nossa personagem-exemplo, né?!
O autor de APRENDI COM JANE AUSTEN... compartilha o que aprendeu com a digníssima:

Austen estava nos dizendo que é preciso coragem para admitir nossos erros, e ainda mais coragem para nos lembrarmos dele.
Como é tentador reescrever nossa história pessoal de um modo mais lisonjeiro, e como todos nós conhecemos alguém que experimenta um momento de autoconhecimento - após uma ruptura, um fracasso ou um pecado - para logo depois voltar a ser a mesma pessoa que sempre foi. Para Austen, maturação significa se recusar a esquecer. Para ela, humilhação é uma dádiva que continua presenteando. 


quinta-feira, abril 05, 2012

MAIS UM POUCO DO TESTEMUNHO DE WILLIAM DERESIEWICZ SOBRE O SEU ENCONTRO COM JANE AUSTEN(*):
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Havia mais uma coisa na minha vida que precisava mudar, agora que eu tinha lido Emma: minhas relações com as pessoas a meu redor. A partir do momento em que comecei a me ver pela primeira vez, passei também a vê-las pela primeira vez. Comecei a perceber e a me interessar por aquilo que elas poderiam estar sentindo e experimentando. As pessoas em minha vida começaram a desenvolver a profundidade e a riqueza de personagens literários. Agora eu era quase capaz de sentir junto com elas, enquanto conversávamos, de sentir suas formas enquanto tentavam expressá-las para mim. Em vez de uma visão tediosa, a vida à minha volta era agora intensa e relevante. Tudo era interessante, tudo era significativo, toda conversa guardava revelações potenciais. Era como se eu abrisse meus ouvidos pela primeira vez. De repente, o mundo parecia mais cheio e mais espaçoso do que eu jamais imaginara que ele pudesse ser, uma casa com milhares de cômodos que agora se escancaravam para ser explorados.
(...)
Se você se mostra insensível com os outros, são enormes as chances de magoá-los. Hoje eu sei que, se quero de fato ter amigos de verdade - ou, melhor dizendo, ter amizades de verdade com meus amigos - preciso fazer algo a respeito. Tenho que, de algum modo, aprender a parar de ficar na defensiva, numa posição reativa, tenho de deixar de ser um idiota autocentrado.

(*) no livro APRENDI COM JANE AUSTEN - COMO SEIS ROMANCES ME ENSINARAM SOBRE AMOR, AMIZADE E AS COISAS QUE REALMENTE IMPORTAM,.
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Interessante que o que o William Deresiewicz aprendeu lendo EMMA foi justamente o alívio que senti quando li esse livro. Para quem acompanha o Desanuviando, li EMMA junto com o meu antigo grupo CHÁ COM JANE AUSTEN, logo depois de ter lido o angustiante livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Vocês sabem o quanto eu odiei a personalidade de Catherine, protagonista do livro de Emily Brontë, e como qualquer pessoa que se pareça com ela me dá ojeriza. Pois tendo o contraste entre Emma e Catherine tão vívido na mente, cheguei à conclusão de que Emma tem uma personalidade adorável. E lendo o livro de Deresiewicz, pensei em outra coisa: Catherine também deveria ler EMMA, para aprender a ser menos mimada (e menos insuportável!) e mais sensível com os demais.
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Quando disse para o Kiko que ele tinha (!) que ler o livro APRENDI COM JANE AUSTEN..., ele me perguntou se era melhor ler os livros da digníssima antes. Respondi que tanto faz! Para quem ainda não leu nada da Jane Austen, esse livro vai despertar um interesse enorme pela obra da escritora. Para quem já leu a obra da Jane, o livro de Deresiewicz vai parecer a conversa de um amigo que acabou de ler e se encantar por Jane Austen, pois é assim que conversam os amantes da Jane Austen quando se reúnem: para contar o quanto seus livros lhes fizeram bem e como mudaram suas vidas.
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segunda-feira, abril 02, 2012

DOIS TRECHOS DA CARTA QUE AUDREY HEPBURN ESCREVEU PARA A TIFFANY & CO, NO 150º ANIVERSÁRIO DA JOALHERIA (*):
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 Algo belo é um prazer infinito.

Classe não envelhece.
(*) Está nos 'extras' do filme BONEQUINHA DE LUXO (nome original: Breakfast at Tiffany's).
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UMA CURIOSIDADE:

Truman Capote, o autor de Breakfast at Tiffany's, imaginava para o papel principal a atriz Marilyn Monroe. Os produtores do filme tinham pensado, primeiramente, na Audrey Hepburn para o papel, embora temessem que ela não fosse aceitar, por ser "doce e cheia de decoro". Para a surpresa de todos, Hepburn aceitou, e o papel lhe encaixou perfeitamente.
Um dos motivos pelo qual os produtores queriam Audrey Hepburn como protagonista era justamente por ela transmitir um ar de ingenuidade. E acho que funcionou, pois, durante o filme, me perguntei várias vezes: "será que o que eles querem dizer com 'toalete por 50 dólares' é o que estou pensando? Difícil enxergar Audrey Hepburn como uma prostituta."
Já com a Marilin Monroe, seria óbvio demais.
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domingo, abril 01, 2012

ANTONIO MACHADO E UMA IMAGEM
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Já publiquei estes versos de Antonio Machado aqui, mas gosto tanto deles, que os repito neste domingo. Só que hoje com um acréscimo: uma imagem que combina com os versos!
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(...)
Nunca persegui la gloria
Ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
(...)

(foto minha-clique nela para ampliá-la)
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