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terça-feira, fevereiro 22, 2005

PIUÍII, TIC-TAC-TIC-TAC, PIUÍII

Às vezes penso na blogosfera como um trem. Não pela velocidade, mas por ser um lugar onde aparecem diversas pessoas, em que umas já estavam lá quando você chegou, outras chegaram depois e haverá outras quando você sair – já ouço alguém dizer: “ora, mas a vida também é assim”. Pois é. Mas em relação ao trem há testemunhas que confirmam o dia que se iniciou a viagem. (E, também, é com o trem que eu quero usar a metáfora.)

Neste momento, estou num vagão só para mim. Não o compartilho com ninguém. Estou sentada e não digo que estou sem fazer nada, pois estou olhando as paisagens. Ficar sentada olhando paisagem é uma atitude passiva? Pois eu não olho simplesmete–desligadamente: olho prestando atenção nos detalhes, ou melhor, prendendo os detalhes que consigo. Essa atenção toda é para não perder uma paisagem que está próxima: sei que logo o trilho passará por um gramado verde, com o céu azul, mar a alguns quilômetros e, pasmem!, água de coco sendo distribuída gratuitamente por não sei que alma bondosa. E vocês acham que eu vou perder isso? Estou sentada, mas meu espírito está em alvoroço, pulando de entusiasmo. Não quero que essa paisagem com água de coco seja mais um cenário efêmero, visto da cabine. Sei que o trem não vai parar por minha causa, mas estou decidida: pulo do trem, com ele em movimento mesmo. Farei como nos filmes em que o personagem pula para fora do trilho, sai rolando pela grama e não se suja, nem amassa a roupa (a metáfora é minha; ela pode adquirir aspectos oníricos!) Vou sair desse trem, rolar na grama, tomar um banho de mar e beber muuuita água de coco. Depois vou me sentar à beira da estrada – num lugar com sombra -, qual um caipira, e observar o emocionante movimento dos carros na estrada e dos trens que passam pelo trilho. Quando o meu trem passar por aqui outra vez – ele sempre dá voltas ao mundo – eu subo e continuo de onde parei.

Em outras palavras, meus amigos: vou abandonar o blog por um tempo indefinido – pode ser uma semana ou alguns meses, dependendo da demora do trem. O momento, agora, é de escrever, não para a internet, mas para a gaveta, sentindo a brisa, em vez de o vento de um veículo em movimento.
Um grande abraço a todos e até a próxima viagem que faremos juntos.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

(É quarta-feira de Cinzas, mas resolvi dar uma passadinha neste blog para retirar o pó que se acumulou nele. A próxima limpeza, só Deus sabe.)

Neste ano de Don Quixote, recomendo um ótimo filme. Um filme que teve, como primeira platéia, senadores e outros políticos no Congresso americano - o filme foi passado no Congresso - e que, por essa razão, por pouco não chegou às salas de cinema porque os chefões daquele estado queriam impedir sua exibição para o público. Um filme que mostra os podres dos políticos e que por isso seria ótimo se ainda hoje ele fosse visto, mas que também pode personificar os idealistas da vida, os ingênuos - e todo idealista é ingênuo, diriam os de visão "crua" -, os que acreditam nos valores humanos, os que são motivos de riso e de espanto por irem (e insistirem) contra a corrente da incredulidade.

O filme é MR SMITH GOES TO WASHINGTON (em português ficou: A MULHER FAZ O HOMEM), tem ótima direção e elenco de primeira (até o filme DOZE HOMENS E UM SEGREDO tem um "elenco de primeira", mas o MR SMITHS GOES TO WASHINGTON é de primeira em atuação também, basta ver o James Stewart!!).

Não escrevo mais nada para que vocês procurem o filme - e também porque meu trem já está apitando. Mais detalhes sobre ele, há este site: www.filmsite.org/mrsm.html

E antes de ir, um pequeno diálogo do filme, entre Saunders, a secretária do Mr. Smith e uma encarnação de Sancho Panza (mas no momento ela ainda não é a "fiel escudeira"), e um jornalista, que não é bom nem mau: é apenas um jornalista.

Jornalista Diz Moore: - Disse-lhe que os idiotas herdarão a Terra.
Saunders: - Será que não é ele (se referindo ao Mr. Smith) que está certo? Será que não é melhor viver assim do que saber a verdade?
Jornalista: - Se vai filosofar, vamos fazê-lo mastigando um filé. Deixe isso para lá. Beba! Aos maiores e melhores idiotas!
Saunders: E ao Don Quixote!





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