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domingo, agosto 31, 2003

PENSANDO BEM...

Por via das dúvidas, não mais exaltarei a água de coco.
Continuarei tomando-a, quentinha, quietinha no meu canto...

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Ontem (30/08/03) não pude entrar na internet, mas aí vai: Meu grande amigo, FELIZ ANIVERSÁRIO!

sexta-feira, agosto 29, 2003

RESTOU-NOS O COPO D’ÁGUA

Quando era pequena, brincava de “copo d’água” (também conhecido como “rolhada” ou “come-mosca”)

A brincadeira consiste no seguinte:

Em uma roda, cada participante passa uma carta para o que está ao seu lado – sem que os demais vejam o naipe. O primeiro que formar uma determinada seqüência com as cartas deve abaixá-las discretamente. Em seguida, os que perceberem que um as abaixou, fazem o mesmo. O último que as abaixar é o perdedor e, portanto, bebe um copo d’água (ou recebe, no rosto, a mancha escura de uma rolha queimada).

Bem, houve uma vez em que, ao meu grupo de amigos, chegou um garoto bem novinho querendo brincar.

Nós explicamos as regras do “copo d’água” e iniciamos o jogo – que, aliás, foi um dos mais demorados da história dos jogos infantis!! (óohh!!)

De repente, esse estreante, na maior inocência, sem abaixar as cartas, gritou:

- Formei a seqüência!!

Os demais não tivemos dúvida: abaixamos as cartas imediatamente e esse garoto, coitado, que havia formado a seqüência, foi obrigado a beber o copo d’água.

Esse acontecimento pode ser metáfora para o caso da patenteação do CUPUAÇU.

Vejam o porquê: Nós conhecemos a fruta e passamos a, inocentemente, alardeá-la aos quatro cantos. Os japoneses, captando a “malícia do jogo”, acabaram vencendo.

Deu para entender?

Uma outra hipótese, também “enquadrada” no jogo é:

Os japoneses leram o blog do Luis Antonio (www.indagacoes.blogspot.com), mais especificamente, o post do dia 1o. de maio:

“ESCOLHA
O cupuaçu é provavelmente uma fruta injustiçada pela história. Tendo sabor tão impressionante, é capaz de enlouquecer um homem. Este, pobre mortal repleto de anseios, pode cruzar mares para satisfazer o paladar, e encher-se da mistura de doce e amargo, síntese da vida de todos os seus irmãos, também pobres mortais. O cupuaçu pode ter florescido no Éden, mas os pintores renascentistas preferiram não alardear, e escolheram a maçã.” (Luís Antonio Miscow)

O que aconteceu:

Os japoneses leram, ficaram maravilhados com a descrição dessa fruta, a provaram e aprovaram (!) e, rapidamente, a tomaram para si.

Luís, da próxima vez, façamos como os pintores renascentistas e não alardeemos o que ainda não foi patenteado!

quinta-feira, agosto 28, 2003

Depois de ler o post do dia 26/08/03, um amigo, que também gosta do Rubem Braga, me mandou esta frase do cronista:

"PRECISAMOS ANDAR DISTRAÍDOS, BEM DISTRAÍDOS, PARA REPARAR NESSA ALGUMA COISA".

(Obrigada, amigo!)

quarta-feira, agosto 27, 2003

MAIS ÁGUA DE COCO (e respondendo ao Luis Antonio):

Luis, o que os demais viramundos vão pensar? Não é quente: é natural!

Pertenço àquele grupo – composto por 5 integrantes – que só bebe água de coco natural. É mais ou menos o caso do (bom) apreciador de vinho: a tirar da geladeira, ele prefere tirar a bebida da adega.

E assim como ocorre com o vinho, também há certos rituais para apreciar a água de coco:

Primeiro, você deve imaginá-la, imaginar sua aparência, seu gosto – alguns, sonhadores, já se imaginam numa piscina de água de coco!

Segundo, deve-se pegar 1, apenas 1 canudinho, não importa o raio dele. Dessa forma, você a toma aos poucos, prolongando a apreciação.

Terceiro, se você gosta, pode comer a polpa (como não vejo graça nela, pulo essa parte).

Quarto, você pode repetir ou deixar para tomar outra no dia seguinte e, assim, virar freguês do vendedor – o que é sempre uma boa!

Com o tempo você até pega a manha para escolher o melhor coco: com mais líquido e mais docinho.

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Bem, mas realmente é possível que um coco, na praia, exposto a uma temperatura de 35 graus, esteja um pouco, digamos, morno...

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Para aqueles que adoram se aventurar na cozinha (não só para olhar o interior da geladeira), sugiro tentar esta receita de PAVÊ DE LIMÃO E COCO. (A única exigência é dar um pedacinho para a bloguista do DESANUVIANDO!!)

Ingredientes
- 1 lata de leite condensado
- 1/2 xícara (chá) de suco de limão
- raspas de limão
- 1 pacote de biscoito maisena
- 1/2 xícara (chá) de leite
- 1 xícara (chá) de côco fresco ralado
- Cerejas em calda para decorar

Modo de Preparo
Misture o leite condensado, o suco e as raspas de limão até obter um creme consistente. Em um prato fundo, coloque o leite. Passe os biscoitos um a um no leite e vá colocando em um refratário quadrado (21x21), alternando com o creme de limão. Termine com uma camada de creme. Polvilhe o côco ralado e decore com as cerejas. Leve à geladeira por cerca de 4 horas.

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ET POUR LES MADAMES:

Máscara de coco verde

A polpa mole do coco verde é um hidratante rico em potássio, ótimo para tratar peles ressecadas e rugas superficiais. O rosto ganha um ar mais firme e jovem.

Ingredientes:
 1 coco verde com água

Modo de preparo:
Retire a polpa e a água do coco. Coloque a polpa no liquidificador e vá juntando a água aos poucos até obter uma consistência cremosa. Passe uma camada bem espessa desse creme no rosto limpo e deixe por 30 minutos. Retire a máscara com a água de coco restante.

(Consultoria: Dra Fabíola Lucca Perfeito, médica da Clínica Stöckli, de São Paulo, e diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Estética)

terça-feira, agosto 26, 2003

OBSERVANDO DISTRAIDAMENTE:

Hoje passei pelo cadáver de um vira-lata - não era o Viramundinho! - de barriga para cima e os olhos vermelhos.
Será que ele morreu olhando para Marte?

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Fui desviar de uma poça de água e quase pisei num passarinho - tão distraído quanto eu. A sorte é que um amigo dele voou na minha frente e me fez olhar o pobre no chão. (Ui, foi por pouco!)

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Um mendigo catando lixo, com o seu cachorro pulguento, e cantando:
"Deixa a vida me levar, vida leva eu...
Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu"



segunda-feira, agosto 25, 2003

Texto da semana para OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br)

RECEITA HOMEOPÁTICA

Rubem Braga, Raquel de Queiroz, Artur da Távola e muitos outros escritores já escreveram conselhos para pessoas com o coração partido.

No momento, lembro-me da crônica de Rubem Braga, RECEITA PARA MAL DE AMOR, escrito a uma amiga, enferma desse mal.

Pois é também a uma amiga, com esse mesmo mal, que me dirijo. Antes, porém, peço não encarar este texto como um conselho. Estou numa idade em que (ainda) é mais sensato receber do que dar conselhos. Portanto, encare-o como uma bem intencionada tentativa de ajuda.

Acredito que a melhor solução para você seja a Homeopatia. Sim, isso mesmo! Estive folheando um livro homeopático e encontrei a cura para cada um de seus sintomas desse mal de amor.

Por exemplo, você me disse ter, a princípio, sentido indignação e desespero ao ver seu amor esvair-se. Pois, já na Idade Média, os árabes usavam “Aurum metallicum”. Agora, resignando-se a aceitar a separação, é preciso eliminar o remorso. Para isso, o melhor é o “Cyclam”.

Para a sua melancolia muito chorosa, o “Pulsatilla 5a.”; para a melancolia devida a pesar profundo, o “Ignatia 5a.”; e, felizmente, você não pensou em suicídio, pois receitaria o “Aurum 5a.”.

Por causa do seu choro constante, sua face está pálida e seus olhos, com olheiras. O remédio: “Staphisagria”. E para o desânimo que ninguém é capaz de tirar, o “Natrum muriaticum” seria indicado.

Viu, amiga, a Homeopatia pode curar os seus males.

No entanto, como a conheço bem, já a ouço dizer que não irá tomar nenhum remédio: irá restabelecer-se sozinha, com a força que sempre a acompanha.

Atitude muito louvável!

Então, nesse caso, repetirei as palavras de Rubem Braga: “nada adianta coisa alguma, a não ser o tempo”. Por isso, é necessário ter paciência e persistência, pois a cura, amiga, vem em doses homeopáticas.

sexta-feira, agosto 22, 2003

SAUDADES 2

O post de hoje propõe um desafio: vcs devem escolher quem definiu melhor a SAUDADE.

Os concorrentes são:

De um lado, temos Tomás de Aquino, que a descreveu quando ainda não existia a palavra "saudade", somente o sentimento.
Do outro lado, há a definição (seria uma precisão matemática?) feita, em versos, pelo poeta João do Rio e que foi publicada num livro de Malba Tahan.

Então, leiam com atenção! Aí vão:

"A dor é por si contrária ao prazer, mas pode acontecer que um efeito colateral ('per accidens') da dor seja deleitável, como quando produz a recordação daquilo (pessoa, terra etc) que se ama e faz perceber o amor daquilo por cuja ausência nos doemos. E assim, sendo o amor algo deleitável, a dor e tudo quanto provém desse amor também o serão."
(TOMÁS DE AQUINO)


"A saudade é calculada
por algarismo também:
distância multiplicada
pelo fator querer bem!"
(João do Rio)

Difícil escolha, hein?! Mas não deixem de votar! Podem dar sua opinião no Forum d'OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br) ou mandar por email para: rebecamiscow@hotmail.com

Em breve vocês saberão qual a definição mais votada!

(Ainda bem que eu sou neutra nessa votação!)

quinta-feira, agosto 21, 2003

EXTERMINADOR DO FUTURO, no palco virtual, com microfone, para leitores do DESANUVIANDO e do VIRAMUNDOS:
- SHE WILL BE BACK...

REBECA, saindo das cortinas virtuais e, timidamente, reaparecendo no palco:
- I AM BACK!

Após alguns probleminhas com o computador, volto, porém, um tanto indignada. Explico: há poucos dias, a carinhosa mãe de uma amiga fez um doce de cupuaçu tão gostoso que acho lamentável a patenteação dessa fruta. Desculpem, amigos leitores, pelo desabafo, mas catarse também desanuvia.

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Para Luis Antônio Miscow (www.indagacoes.blogspot.com):

Já que a Rosélia não te disse qual é o remédio para quem trabalha, darei uma sugestão:

Para aqueles dias, como você disse, intransponíveis, uma boa é colocar, como despertador, aquela música I WILL SURVIVE. Costuma dar certo! (Alguns até começam a pegar gosto pela coisa e variam o repertório; conheço alguém que acorda com a música-tema do filme ROCKY.)

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Continuo sem entrar no VIRAMUNDOS. Esse problema está acontecendo comigo e com uma amiga. Já mandei um email para o IG, mas ainda não obtive resposta...

terça-feira, agosto 12, 2003

SAUDADES 1

"Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue." (Adriana Falcão)


Um dos filhos estava morando longe. Quando, nas férias, visitou os pais e o irmão, a mãe disse:
- Meu filho, você nos mata de saudades!
E ele argumentou:
- É?! Pois veja a minha situação: aqui são três com saudades de um. Eu sou um com saudades de três.

segunda-feira, agosto 11, 2003

("Petit")Texto da semana para OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br)

O FIM

Aquele foi o beijo fúnebre, o do rompimento. O último beijo em que uma alma tenta desesperadamente agarrar a outra alma. Tenta, num esforço em vão, trazer a reciprocidade de antes, a antiga harmonia das duas bocas.
Inútil: almas são livres, unem-se por vontade própria, jamais por imposição alheia.
E se uma alma já está longe, a outra nada mais beija, senão lábios frios e cadavéricos – indícios de um amor que virou pó.


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[ Domingo, 10 de agosto de 2003 ]

O PAPO DE HOJE

"Existe muito mais nele do que vocês podem imaginar, e muito mais do que ele mesmo possa ter idéia"
(O HOBBIT)

Acabo de ler o blog do Luís Antonio (www.indagacoes.blogspot.com) e interessante, pois, hoje, entre família e amigos, justamente comentávamos sobre os corredores do atletismo. Para eles são os louros. Ou, mais especificamente, para aqueles que vieram lááááá de algum interior, corriam para chegar ao trabalho e, depois, para voltar para a casinha; corriam descalço, sob um sol de rachar; não tinham comida balanceada por nenhum nutricionista, não tinham clube ou academia para treinar, nem fisioterapeuta...

E, vencendo, continuam humildes, mas, coisa nobre, orgulhosos por representarem o paí­s. Sim, são verdadeiros heróis!

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Mas falando de alguém que teve todo o preparo atlético necessário (treinador, fisioterapeuta, nutricionista etc), a vitória do Fininho - não tão fininho como antes; ele está com a perna mais musculosa. (Sim, eu reparei; inevitável, me desculpem!) - foi empolgante. Aquela bola caiu mesmo dentro? Bem, não importa mais, afinal, o Rí­os ainda terá outros jogos pela frente...

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Só com os meus botões: teria medo de entrar numa piscina durante um jogo de pólo-aquático, seja masculino... ou feminino!

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UM PEDIDO DE AJUDA!!

Não estou conseguindo entrar no site OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br) de jeito nenhum. Ao digitar o endereço, aparece a página do IG. Alguém sabe como resolver?
(Ah! E não adianta responder no FORUM do Viramundos! Pode mandar para o meu email: rebecamiscow@hotmail.com)

sexta-feira, agosto 08, 2003

(Uma pequena mas justa homenagem à bebida, que, felizmente, nos foi deixada pelos deuses. O que fizemos para merecer tamanha regalia?)

(Post sem nenhuma pretensão. Somente brincar com as sensações.)

USANDO A IMAGINAÇÃO (Tente imaginar mesmo!):

Você está no Nordeste, acaba de sair de uma praia azul-esverdeada, bem quentinha, e o sol está esquentando a pele. Então vai caminhando sob esse sol até uma sombra, debaixo das palmeiras, acomoda-se em uma cadeira de praia e bebe umas tantas águas de coco. Enquanto toma esse elixir da vida (quem me conhece sabe qual a minha relação com essa bebida), sente, no corpo, uma terna brisa do mar...Hum...!!

Que vontade. né?! Desculpa se vocês também ficaram com água (de coco) na boca.

(Haverá mais homenagens à ÁGUA DE COCO no "desanuviando". Aguardem.)







quarta-feira, agosto 06, 2003

O livro que se escolhe para ler pode revelar o estado de espírito do leitor.

Por exemplo: estou num marasmo só. Estava na dúvida entre escolher O HOBBIT ou MACUNAÍMA.
Obviamente, optei pelo... O HOBBIT!!

Isso porque o cérebro não precisa acompanhar o ritmo do corpo. Enquanto fico deitada na cama, sem mexer nenhum músculo, minha mente acompanha o BILBO BOLSEIRO em suas aventuras.

E quando vejo que o BILBO está passando frio, fome e desconforto, sinto-me até um pouco sarcástica, pois acabo de comer uma sopa quentinha e estou confortavelmente acomodada entre travesseiro e almofadas! - mas ainda assim o estou acompanhando, é impressionante!

BILBO, é a velha relação leitor-personagem: alguém precisa estar em boas condições para dar vida ao outro!

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O que o BILBO BOLSEIRO diz logo no começo do livro:

"...eu não gosto de aventuras. São desagradáveis e desconfortáveis! Fazem com que você se atrase para o jantar!"

Se você não quer participar de uma aventura, nunca, mas nunca mesmo, diga essas palavras. Para o Destino, que adora "pregar peças" nas pessoas, é como se se dissesse tudo ao contrário: "eu gosto de aventuras. São agradáveis etc" . Ou, às vezes, ele - o DESTINO - até ouve corretamente, mas, só para o indivíduo deixar de ser preguiçoso, terá uma aventura pelo caminho.

terça-feira, agosto 05, 2003

RESISTINDO ÀS MUDANÇAS

Não gostei do novo Nescafé.

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("Mãozinha", feliz aniversário!)

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Quem ainda não leu o final do meu conto, abaixe a barra de rolagem - acho que é esse o nome! - e leia o post de ontem. Antes havia um final; agora há outro que, segundo um "crítico", está melhor que o anterior...(chegamos à conclusão de que o antigo estava um pouco clicherizado.)

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Que mais?, que mais?.... Boa noite e bons sonhos! (Segue um poeminha que o nosso amigo Magno, do VIRAMUNDOS, transcreveu no Forum:)

"LA VIE EST BRÈVE:
UN PEU D'ESPOIR,
UN PEU DE RÊVE,
ET PUIS: BONSOIR"

segunda-feira, agosto 04, 2003

Texto da semana para OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br)

(Continuação. Último capítulo!)

CAPÍTULO 4

Era hora da sesta, pois, lugares como o interior mineiro, distantes do progresso sufocante das grandes cidades, ainda se permitem esse salutar descanso.

Horácio acabara de almoçar e, como sempre o fazia, depois de comer, permanecia no seu atelier, lendo um livro.

Neste dia, lia Hamlet, mais particularmente o episódio em que o protagonista conversa com o fantasma do pai e pronuncia a Horácio – xará do nosso personagem! - :”Há mais coisa no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia.”

Mas lembremos que, em direção ao atelier, vinha um vendedor ambulante...um vendedor de espelhos! E isso é motivo de apreensão, pois, vejam o “flash-back”: (vidente falando para a família de Horácio)

“- Escutem o que digo – sussurrou friamente a vidente – Afastem-no de todo espelho. Quanto mais opacos forem os objetos desta casa, mais anos viverá o seu filho.”

E desde então, Horácio jamais se vira num espelho...


- Boa tarde – disse o vendedor -, gostaria de dar uma olhada nos meus objetos?

- Pois não, o que o senhor tem aí?

- Espelhos com molduras de primeira. Temos molduras finas, grossas, douradas, de madeira, de azulejo, de cerâmica...

Ainda impressionado com as palavras de Hamlet, Horácio não prestou atenção na palavra “espelhos” e, por educação, pediu para ver os tais objetos.

O vendedor, colocando a mão numa sacola escura de lona, tateou alguns espelhos até encontrar o maior de todos.

Nosso personagem ainda se abaixou para juntar um pedaço de moldura que caíra da bolsa de lona, mas, ao se levantar e olhar para o espelho – e ver a sua imagem - , um vento forte passou pela cidade, brincando, qual moleque, com portas e janelas até chegar ao atelier.

Uma janela que se mantivera fechada, não resistiu à força do vento e, abrindo-se com tal força, acertou a cabeça do vendedor. Ele desfaleceu, deixando cair o espelho, que se espatifou.

Horácio abaixou-se para socorrer aquele homem, mas se viu detido pelos pedaços do espelho. Em cada estilhaço havia uma parte do seu rosto, curiosamente, de forma desordenada. Esquecendo o vendedor por alguns instantes, começou a juntar os fragmentos. Embora nunca tenha visto sua imagem, tinha uma leve noção de como era um rosto humano, pelos mosaicos que havia feito. Só que, como vocês devem lembrar, ele, nos seus trabalhos, não representava somente a face; cada detalhe, cada ruga ou expressão revelava um pouco da alma do modelo. Portanto, Horácio foi “montando” o seu rosto com cuidado artístico. Passou algumas horas, pacientemente, formando a sua imagem. Como um meticuloso artista de mosaico, sabia da cautela necessária para suas obras; o resultado poderia não ser uma obra-prima, mas teria que ser bem feito.

Ao terminar de juntar os estilhaços de vidro e formar a sua imagem, Horácio olhou ao redor e não mais viu o vendedor de espelhos.

O rapaz, então, deixou o espelho ao lado das demais obras e foi caminhando em direção à sua casa. Havia um vento suave na cidade, ao som da Ave-Maria das 6 horas da tarde. E a rotina aparentemente normal: homens trabalhando, mulheres rezando, crianças brincando....mas cada indivíduo tinha sua imagem fragmentada, como se fosse um mosaico ambulante; como se cada pedaço do seu rosto tivesse sido colocado, um ao lado do outro. Enquanto no atelier de Horácio, as cerâmicas adquiriram uma textura epidérmica, com tal vivacidade que pareciam conter as almas dos moradores daquela cidade do interior mineiro.

domingo, agosto 03, 2003

A DISTANTE ITÁLIA...

Estou tentada a desabafar sobre política, mas, em consideração aos meus leitores e mantendo-me fiel à proposta do DESANUVIANDO, não o farei.

Transcreverei, no entanto, algumas observações feitas pelo inglês Tim Parks sobre a Itália (do livro que me foi emprestado por uma querida amiga: MEUS VIZINHOS ITALIANOS):

“Mas o italiano sabe que nada se pode fazer ou será feito no país e que, se for feito, certamente não será logo.”

“Claro, todo país está desiludido com os seus políticos. Todos estão meio cientes de que um político nunca pode representar as pessoas que votaram nele, pelo simples motivo de que se concorrem a uma eleição são fundamentalmente diferentes da massa de pessoas que não concorre. E, se não são diferentes quando decidirem concorrer, sem dúvida serão quando estiverem eleitos.”

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("MELHOR AMIGA", feliz aniversário!!!)

"Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito; mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito; mas não há os que não deixam nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente que duas almas não se encontram ao acaso." (Antoine De Saint-Exupery)

sábado, agosto 02, 2003

Hoje, um pouco da singela curitibana HELENA KOLODY:


O TESOURO DAS HORAS

A cada novo dia,
a vida me oferece
o tesouro das horas
inteiramente minhas.

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