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sexta-feira, abril 30, 2010

MEU DEUS, COMO ADMIRO ESTE INDIVÍDUO:
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Viktor Emil Frankl, nascido em Viena em 26 de março de 1905, foi grande nas três dimensões em que se pode medir um homem por outro homem: a inteligência, a coragem, o amor ao próximo. Mas foi maior ainda naquela dimensão que só Deus pode medir: na fidelidade ao sentido da existência, à missão do ser humano sobre a Terra.

Homem de ciência, neurologista e psiquiatra, não foi o estudo que lhe revelou esse sentido. Foi a temível experiência do campo de concentração. Milhões passaram por essa experiência, mas Frankl não emergiu dela carregado de rancor e amargura. Saiu do inferno de Theresienstadt levando consigo a mais bela mensagem de esperança que a ciência da alma deu aos homens deste século.

O que possibilitou esse milagre singular foi a confluência oportuna de uma decisão pessoal e dos fatos em torno. A decisão pessoal: Frankl entrou no campo firmemente determinado a conservar a integridade da sua alma, a não deixar que seu espírito fosse abatido pelos carrascos do seu corpo. Os fatos em torno: Frankl observou que, de todos os prisioneiros, os que melhor conservavam o autodomínio e a sanidade eram aqueles que tinham um forte senso de dever, de missão, de obrigação.
(...)
Qualquer que fosse a missão a ser cumprida, ela transfigurava a situação, infundindo um sentido ao nonsense do presente. Esse senso de dever era a manifestação concreta do amor - o amor pelo qual um homem se liberta da sua prisão externa e interna, indo em direção àquilo que o torna maior que ele mesmo.
(...)

Frankl tinha três razões para viver: sua fé, sua vocação e a esperança de reencontrar a esposa. Ali onde tantos perderam tudo, Frankl reconquistou não somente a vida, mas algo maior que a vida. Após a libertação, reencontrou também a esposa e a profissão, como diretor do Hospital Policlínico de Viena.


(A MENSAGEM DE VIKTOR FRANKL, por Olavo de Carvalho, aqui)
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segunda-feira, abril 26, 2010

OU SANTA OU LOUCA - MAIS PRA LOUCA MESMO!!!
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Hoje pensei na Clarice Lispector. Sabe aquelas epifanias que ela constrói de um simples episódio em que um pires cai no chão e se quebra? É como se tudo ao redor se congelasse para ela começar a devanear sobre os cacos da alma dela que precisam ser juntados e colados.
Estou mais ou menos assim. Não quebrei nenhum pires, mas, no momento em que entrei em casa, ouvi o barulho de vidro se quebrando em outro apartamento. Então pensei nos cacos que preciso juntar delicadamente neste dia para não me cortar. Mas já adianto que são cacos de hoje, e não de uma vida inteira: alguns fatos específicos que estavam me deixando ansiosa e que agora consigo vê-los com mais clareza: os vários artigos que preciso ler - e terminar - para a prova de amanhã; a agonia que sinto lendo O MORRO DOS VENTOS UIVANTES - que termino esta semana, e não vejo a hora de terminar o convívio com aquela gente ruim, arre!; e a lembrança da conversa com uma senhora que fala umas coisas tão errôneas, tão querendo acreditar que são boas quando não são, que me fazem pensar com os botões: ela acredita mesmo no que diz? Mas ela tenta (se) convencer, e eu discordo, digo que discordo, mas ela continua acreditando - ou fingindo acreditar; ou acreditando externamente, e não acreditando internamente, vai entender.
Então são esses os pequenos furacões que me visitaram hoje e fizeram um vidro quebrar só pra eu parar um pouco, olhar para eles, encará-los, respirar fundo e...vamos em frente!
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domingo, abril 25, 2010

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
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Essa semana que passsou, houve uma situação que me fez lembrar desta frase do livro O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO:
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"- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autêntico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado.!"
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Gosto dessa frase desde a primeira vez que a li, quando era adolescente. E de vez em quando volto a relembrá-la.
Essa semana voltei a pensar nela pq ouvi um cara discutir com outro sobre política. Um deles era contra o Lula e companhia; outro era a favor. Este último dizia que, com o Lula, as pessoas tiveram mais conforto. Foi aí que se acendeu uma luzinha dentro de mim e me fez lembrar dessa reflexão do livro do Aldous Huxley.
Sendo bem sincera, eu também quero conforto, mas não um conforto que me faça excluir os demais 'objetos' da frase do Huxley. Eu quero conforto e quero Deus, com sua proteção e sua luz; quero a poesia, para não ficar com olhos frios e burocráticos; quero o perigo, para me lembrar da minha fragilidade; quero a liberdade, a difícil liberdade que só se conquista quando se tem a alma bem amadurecida; quero a bondade, saindo de mim e vindo até mim, em todos os lugares onde me encontrar. E quero o pecado, para não me achar santa em demasia perante os demais.
Mas daí repenso: para querer tudo isso, não dá pra ter muito conforto, não no sentido de "alma acomodada". Como diz John O'Donohue: A alma gosta de risco; é somente pela porta do risco que o crescimento pode entrar.
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sexta-feira, abril 23, 2010

QUARTO POST DO DIA!
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A coisa está boa por aqui: blog fértil hoje. Deve ser a ação de São Jorge.
Mas o post de agora é para compartilhar a idéia que li no blog da Giorgia. Leia:

Oi, amigos.

O Hospital Mário Penna em Belo Horizonte que cuida de doentes de câncer, lançou um projeto sensacional que se chama "DOE PALAVRAS".

Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.

Você acessa o site http://www.doepalavras.com.br/ , escreve uma mensagem de otimismo, curta (como twitter) e sua mensagem aparece no telão para os pacientes que estão fazendo o tratamento.

Pessoal, é muito linda a reação de esperança dos pacientes.

Participem, não apenas hoje, mas, todos os dias, dêem um pouquinho das suas palavras e de seus pensamentos.

Ir. Raquel Cabral

Gostei muito dessa idéia. Uma vez vi na televisão a reportagem de um grupo de músicos que ia diariamente ao hospital cantar para os pacientes. Era a coisa mais linda: os músicos entravam, cantavam a música favorita do paciente, e o paciente ficava radiante. Era um banho de alegria diário. Lembro que lamentei não saber cantar, nem tocar instrumento, porque ver uma pessoa abatida sorrir e renovar suas esperanças é algo indescritível, que enche de alegria, tanto quem recebe quanto quem dá esse carinho.

Mas doar uma palavra amiga, isso eu posso. Aliás, se nós que não estamos doentes gostamos de receber uma palavra de carinho e de otimismo quando estamos abatidos, imaginem quem está enfrentando uma doença pesada, não é mesmo? Por isso, já coloquei esse site entre os meus favoritos, pra entrar nele todos os dias.

E esta foi a minha primeira mensagem:

"Não estamos sós. Quando o desamparo nos domina, está na hora de recorrer ao nosso anjo em busca de auxílio e coragem" (frase do iluminado John O'Donohue).

E por falar em John O'Donohue, essa pequena atitude de doar uma palavra de otimismo, me lembrou uma outra reflexão dele. Esta:

Podemos não ser capazes de fazer muito acerca dos grandes problemas do mundo, ou de modificar a situação em que nos achamos, mas se pudermos despertar a beleza e a luz eternas de nossa alma, levaremos luz aonde quer que formos. A dádiva da vida nos é concedida para nós mesmos e também para levarmos paz, coragem e compaixão aos outros.

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Observação: hoje, dia 23 de abril, dia de São Jorge, escrevi três posts. Leia de baixo para cima, nesta ordem:

Primeiro: Ê, SÃO JORGE;
segundo: COMO O BOM VINHO DESCOBRIU QUE SE BASTAVA A SI MESMO e
terceiro: UM ADENDO AO POST ANTERIOR

Bom fim de semana e, como disse, depois continuo com o texto da Raquel de Queiroz sobre o livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES.
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UM ADENDO AO POST ANTERIOR:
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Vejam como são as coisas e como, sem querer, passamos a falar ou a escrever como outra pessoa. Escrevi este trecho no post anterior: "E foi daí que o vinho descobriu que é feio, é sem graça, é chato, ingênuo e vaidoso ficar dizendo que é bom.", e isso me fez pensar com os botões: já ouvi alguém falar assim, com uma construção parecida...quem foi? Fique matutando e pronto!, lembrei: Paulo Mendes Campos, no texto PARA MARIA DA GRAÇA. Deve ter sido porque já li esse texto milhões de vezes. Para mim, e acho que para Maria da Graça também, é o texto que traz um novo fascínio ao maravilhoso livro ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS.
E já que a história de Lewis Carroll está na moda - até na moda dos desfiles de roupa! - , transcrevo o texto que Maria da Graça recebeu de seu pai quando completou 15 anos. Tenho certeza de que você, se ainda não leu ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, vai querer ler, independetemente se o filme de Tim Burton for bom ou não.
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PARA MARIA DA GRAÇA
(Paulo Mendes Campos)

Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou

este livro:
Alice no país das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende,
pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do
sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo,
pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da
realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta
que Alice faz à gatinha: “Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?”.
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou
pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás.
Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável.
Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados)
conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção
petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser
grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete
vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de
enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato,
experimenta o ponto de vista do rato.
Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu? “.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na
política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias,
tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! Mas quem ganhou?” É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhastes.
Disse o ratinho: “Minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de
vezes.
Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como
todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam
romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas
energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas,
ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mais devagar, muito devagar. Quero dizer seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que
tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte: É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para
humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa
média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas.
Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal
forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é
perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.
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COMO O BOM VINHO DECOBRIU QUE SE BASTAVA A SI MESMO (OU: MAIS UM POST ESTE DIA)
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O bom vinho, quer dizer, ele ainda não era tão bom assim, na verdade ele era só um novo vinho. Então, o novo vinho chegou já querendo contar pra todo mundo que era bom. Ficara alguns dias na uva, depois, alguns dias descansando, após ter sido pisoteado, e, não se agüentando mais, queria porque queria ser bebido, experimentado e reconhecido. Sabe criança ansiosa? Pois era o tal vinho. Quando chegou na despensa, todos aqueles vinhos velhos, cochilando como reis, viram o gurizinho chegar todo assanhado. Os velhos, Romanée-Conti, Biondi Santi, dentre outros da realeza, somente olharam de esgüelha, pensando com seus botões, ou melhor, com suas rolhas: esse aí ainda tem muito o que aprender...
Pois o novato queria puxar papo. E todo assunto que começava a discutir, ele dizia: "posso dizer que já sou muito bom nesse assunto", ou então: "eu sei que sou melhor que eles", ou ainda: "atingi um grau de sabor e de saber, que, de agora em diante, posso viver disso". As pessoas, ops, os vinhos ao redor nem discutiam mais, até porque, para mostrar que tinha razão em um debate, o vinho novo argumentava: "eu já sei tudo sobre isso, estudei profundamente o assunto, e já posso dizer que sou um profundo conhecedor". Os vinhos velhos se cansaram de conversar com o vinho novo, e se cansaram, também, de ouvir ele - porque as pessoas não botam fé em vinho que já vem falando o quanto é bom; ele até pode ser mesmo, mas perde toda a graça, e ninguém fica com vontade de descobrir se é bom de verdade. O vinho novo mal chegara e já perdera a graça; não deixava nenhum talento escondido, para que os outros descobrissem e se surpreendessem sozinhos.
Mas o vinho novo, assim como já acontecera uma vez com os vinhos velhos, teve que se deitar na despensa. E ouviu de seu dono: você vai ficar aí por 30 anos, sem nenhum pio. Daqui a 30 anos a gente volta a conversar.
E foi o que aconteceu: sem poder conversar, sem poder contar mais sobre os seus próprios talentos, sem poder argumentar, dizendo que já era bom naquele assunto, o vinho novo foi entrando para o ostracismo. Ninguém mais falava nele, ninguém nem sabia quem era ele. Teias de aranha foram se acomodando ao seu redor. E os anos se passaram...
Trinta anos depois, voltou o dono daquele vinho e o retirou da despensa. O vinho estava apático, meio desesperançoso. Não se animou muito. O dono dos vinhos viera acompanhado por um senhor: era um enólogo, que faria o grande teste:
Serviu-se, deu aquela mexidinha na taça, olhou o vinho, sentiu o aroma, colocou-o na boca e... divino! Divino este vinho! Como que eu nunca ouvi falar nele?
O vinho novo, que não era mais tão novo, ficara surpreso: como é que ele poderia ser bom se, durante trinta anos, ficara ali, escondido do mundo, sem provar pra ninguém que era bom?
Mas é que a surpresa de descobrir, sozinho, algo bom torna esse bom ainda melhor. E foi daí que o vinho descobriu que é feio, é sem graça, é chato, ingênuo e vaidoso ficar dizendo que é bom. Bom vai ficar se ficar em silêncio, "adormecido" aos olhos dos demais. Na hora certa, descobrirão seu valor, pois o bom vinho se basta a si mesmo. Não precisa de propaganda, muito menos propaganda de próprio punho sobre si mesmo. Foi o que o vinho novo descobriu, agora velho e bom vinho.
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Ê, SÃO JORGE! (Obs.: o texto da Raquel de Queiroz continua depois)
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Hoje é dia do Santo Guerreiro, meu compadre! E eu, particularmente, tenho grande simpatia por esse santo. Deve ser porque ele apareceu na minha vida em uma dessas avalanches de coincidências que te fazem pensar que não pode ter sido por acaso. Faz uns anos, uma senhora que eu não conhecia, outra patroa da minha faxineira, me mandou uma vela de São Jorge que trouxera do Rio. Ela era super devota do santo. Na mesma semana, minha avó me mandou pelo correio uma oração dele. E, ainda na mesmíssima semana, estava no ônibus, e um cara me deu um santinho de São Jorge. Ou seja, o Guerreiro estava em todos os lugares a que eu ia naqueles dias. Pronto! Foi o suficiente para entrar para a minha simpatia.
Tempo depois, ouvi aquela história fascinante, contada pelo querido Seu Antônio, do tio que andava com a oração de São Jorge no bolso da camisa e, graças a essa devoção, se livrara até de tiros dados por seus inimigos (ver post do dia 10 de dezembro de 2007).
Mas o que me deixa muito curiosa com relação ao São Jorge é: por que os macumbeiros também o veneram? Alguém tem uma explicação? Por que logo São Jorge, e não outro, como Santo Antônio ou São Francisco, que são tão ou mais populares que São Jorge?
Enquanto vocês pensam numa resposta, deixo a poderosa oração de São Jorge para iluminar o nosso dia:
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Oração a São Jorge
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por Nós.

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quarta-feira, abril 21, 2010

INTERROMPO A TRANSCRIÇÃO DO ESCRITO DA RAQUEL DE QUEIROZ
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para postar a letra de uma música que acabei de ouvir na rádio UDESC, daqui da Minha Aldeia.
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DOSTOIÉVSKI
artista: Wandi Doratiotto

Se Dostoiévski viveu lá na Sibéria

E não se congelou

Entre facínoras, dementes, assassinos

E gigolôs
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Se Dostoiévski vivendo na cadeia

A tudo observou

Recordações da Casa dos Mortos

Ele ali gerou
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Por que que eu, vivendo livre em Ipanema,

Nada produzi, xii

Será que o sol em demasia em minha testa

Foi queimando o meu QI, que é isso...
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É muito chato, gente

Me sinto um empecilho

Eu não plantei uma árvore

Não escrevi um livro, não tive um filho
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OUÇA AQUI:
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terça-feira, abril 20, 2010

CONTINUANDO...
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Mas a verdade é que cem anos se passaram sobre Wuthering Heights e esses cem anos não envelheceram o livro, antes o rejuvenesceram; ou, digo mal, não o rejuvenesceram: fixaram-no na sua eterna mocidade, vida perene de imortal que não conhece idade nem velhice. E não acontece com Wuthering Heights o que sucede com muita obra célebre: a desassociação do autor e do livro, perdendo-se muitas vezes até o nome do criador na grandeza da criação. Wuthering Heights é como o prolongamento da própria personalidade de Emily, a sua tradução ou transposição em termos artísticos. Tal como Cathy dizia que "era" Heathcliff, Emily "é" Wuthering Heights: os personagens, a casa, a charneca, o vento gelado. Não pelo que de autobiográfico haja no livro, pois creio que sempre se empresta uma importância desproporcional à parte tida como autobiográfica que há em toda obra de ficção. Não será o detalhe, digamos "histórico", que tem maior valor como depoimento e como documento: o que importa é a transubstanciação do autor na obra de arte, no tema, no cenário, na soma dos personagens. Que importância terá o fato de haver ou não Emily copiado na sua Nelly Dean a figura da ama Tabby? Ou, circunstância mais comentada ainda, o haver pintado, no fim de Hindley Earnshaw, o triste fim do seu próprio irmão Branwell, aquele Branwell perdido, desgraçado, "who slept by day and raved by night", na frase de um comentador das Brontë?

CONTINUA...
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sábado, abril 17, 2010

O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, por Raquel de Queiroz
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Estou fazendo isto no Chá com Jane Austen e farei aqui no Desanuviando também. Estou transcrevendo, aos poucos, o comentário que a Raquel de Queiroz fez sobre Emily Brontë e o livro que estamos lendo no grupo: O MORRO DOS...
A transcrição feita em "pedaços" tem duas razões de ser: primeiro, o tempo escasso da bloguista; segundo, o que é bom - e a escrita da Raquel de Queiroz é uma delícia - merece ser degustado aos poucos.
Então, leiam sem pressa os próximos posts, saboreando cada palavra e cada construção de frase usada pela nossa escritora.
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No mês de dezembro de 1947 vai se completar um século que foi publicada WUTHERING HEIGHTS (O Morro dos Ventos Uivantes) - talvez o maior livro de ficção escrito por mulher desde que no mundo se conhece a arte de escrever.
E o centenário do livro quase se pode celebrar simultaneamente com o centenário da morte da autora, pois Emily Jane Brontë morreu a 19 de dezembro de 1848, aos trinta anos e cinco meses de idade.
Cada pessoa tem os seus ídolos particulares e Emily Brontë há muito tempo que é o meu; por isso ser-me-á difícil, senão impossível, falar a respeito dela com regular clareza de julgamento: "je l'adore comme une brute" - tal como diziam o Eça referindo-se a Hugo, e Hugo referindo-se a Shakespeare. E nesse culto, nessa adoração, claro que se perde de todo o senso crítico. O que aos demais pode parecer falha, ou erro, ou excesso, anós nos parecem qualidade mal reconhecidas, sutilezas não apanhadas, virtudes compreendidas.
(...)
CONTINUA...
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sexta-feira, abril 16, 2010

DETESTO A CATHY
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Acho-a insuportável: insuportavelmente enjoada, insuportavelmente geniosa, insuportavelmente mimada, insuportavelmente ingrata, insuportavelmente perturbada. O tipo de personalidade que, se vejo na minha frente, me afasto.
Mas, voilà, há um louco que a ama: Heathcliff.
Se merecem. Ninguém mais os merecia. Coitados dos demais.
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Estou falando do livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Graças a Deus é um livro. Se um dia reconhecer uma Cathy na vida real, saio de perto.
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Isso me lembra uma conversa que tive, certa vez, com um senhor, amigo meu. Pessoas como a Cathy e o Heathcliff, no fundo, dão pena (*). Elas são doentes de espírito e pessoas com esse tipo de doença sofrem mais, pois ninguém se aproxima, ninguém quer se aproximar delas para ajudá-las. É o contrário de um cego, por exemplo, ou um paraplégico com dificuldade para atravessar a rua - sempre aparece alguém para ajudar.
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(*) Assim: dão pena, mas vão ler a "oração para não incomodar" antes de falar comigo!
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quinta-feira, abril 15, 2010

TÍTULO BASTANTE APROPRIADO
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Fui procurar uma oração que havia recebido por email. Descobri que o nome dessa oração é "Oração para não incomodar". Nome apropriado. E interessante: pois "não incomodar" é uma grande virtude.
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Senhor!

Concede-me, por misericórdia, o dom de contentar-me com o que tenho, a fim de fazer o melhor que posso.

Ensina-me a executar uma tarefa de cada vez no campo das minhas obrigações, para que eu não estrague o valor do tempo.

Livra-me da precipitação e da insegurança, de modo que não busque aflições desnecessárias ante o futuro, nem me entregue à inutilidade no presente.

Dá-me força de esperar com paciência a solução dos problemas que me digam respeito, sem tumultuar o caminho dos que me cercam.

Ajuda-me a praticar o esquecimento de mim mesmo, auxiliando-me a fazer pelo menos um benefício aos outros, cada dia, sem contar isso a ninguém.

Se este ou aquele companheiro me aborrece, induze-me a olvidar o que passou, sem dar conhecimento do assunto aos que me rodeiam.

Ensina-me a não condenar seja quem for e, quando algum apontamento injurioso ou alguma nota de crítica malévola vierem-me à cabeça, ampara-me a fim de que eu tenha recursos de dissipá-los em silêncio, no plano de meus esforços imanifestos.

Impele-me a calar toda queixa em torno das provas e empecilhos da vida, para que eu não perturbe os que me compartilham a estrada.

Auxilia-me a conservar boa aparência tanto quanto o espírito isento de culpa, a falar com voz calma, sustentar bons modos e perder o hábito de contradizer os outros sem necessidade.

E ajuda-me, Senhor, a viver na obediência aos meus deveres e compromissos, trabalhando e servindo, para não incomodar a ninguém.


domingo, abril 11, 2010

Coitado do Ovídio, tem um nome tão...
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Reconto o causo que me foi contado por um senhor:
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Tinha um homem chamado Ovídio, mas uma matuta que morava por perto só chamava ele de Ouvídio. Um dia ela falou:
- Coitado dele, tem nome de zureia (sic).
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quinta-feira, abril 08, 2010

PERDI UM ÔNIBUS HOJE
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porque parei para ouvir esta música até o fim. (*) Vou postá-la para trabalhar minha "lei da atração": mar, MEU MAR, MEU MAR, MEU MAR, cachorro manso, rede, PILEQUE DE ÁGUA DE COCO...(só tiro o "muitos filhos com ela" e o "da vida saber muito pouco")
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MEU MAR

(Erasmo Carlos)
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Lá, no lugar onde eu for morar
Vai ter que ser bem juntinho ao mar
Meu mar, meu mar, meu mar
Quero a amizade de um cachorro manso
Quero uma rede para o meu descanso
Quero um pileque de água de coco
E da vida saber muito pouco
Quero os olhos da minha janela
E ter muitos filhos com ela
Quero ver o mundo que se cria
Quero ver meu Deus voltar um dia
Então, eu vou ver o meu Deus voltar
Com a paz de um irmão
E um violão
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(*) Procurei-a no youtube e só tinha a versão cantada pelo Erasmo Carlos. A que ouvi era cantada por outro cantor, mas não a encontrei. É uma versão mais animada; gostei mais.
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quarta-feira, abril 07, 2010

FALANDO EM MÃES...
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Uma mãe me contou que, durante as férias do filho, teve um dia em que ela estava tão exausta que foi tirar um cochilo durante a tarde. Ela disse que é algo incomum, pois nunca sente sono de tarde. Mas nesse dia não teve como: o sono tomou conta dela.
Uma hora, seu filhinho, sentindo falta de sua atenção, cutucou-a e disse:
- Mãe...
E ela, sem conseguir abrir os olhos:
- Que foi?...
- Vem brincar, mãe - cutucou-a novamente.
Ao que a mãe sugeriu, ainda sem conseguir abrir os olhos:
- Vai tomar um picolé, meu filho.
E ele:
- Já tomei dois.
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AI, ESSE POSTO QUE NO LUGAR ERRADO...
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- Hoje li um trecho do Fulano (um renomado senhor do meio jurídico) em que ele usava "posto que" de forma errada.
- Pior que ele lê e escreve poesias.
- Então ele só deve ter lido Vinícius de Moraes.
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MALDADE...(rsrsrs)
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Uma conhecida, cuja sogra mora no Rio de Janeiro, me contou que ontem, com a chuva toda que deu naquela cidade, a sogra desapareceu.
Daí ela emendou:
- Mas você acha que ela foi dessa vez? Que nada. Enchente não pega sogra. Meia-noite a gente conseguiu falar com ela. Ela estava presa no trânsito.
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terça-feira, abril 06, 2010

COMO CONSEGUEM?
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Mãe entrando no ônibus com quatro crianças:
- Mateus, não corre dentro do ônibus!
- Silvia, senta aqui na frente.
- Marina, pára de pular!
E a quarta criança dormindo no colo dessa mãe.
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ÀS VEZES NÃO CONSEGUEM:
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Esses dias ouvi do meu apartamento, vindo de outro apartamento: algum bebê chorava. A mãe, pelo que entendi, tentara de tudo: leite, chupeta, fralda nova, e nada de a criaça parar com o choro. Uma hora a mãe desabafou:
- Ai, meu Deus, eu não sei o que você quer!
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segunda-feira, abril 05, 2010

PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE O MORRO DOS VENTOS UIVANTES
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Só tem gente maluca, de espírito ruim. Cruz credo!
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Tal reflexão pode ser atribuída a Cathy (personagem de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES): Fulana é ingrata. Acha que quando está na pior todos têm obrigação de ajudá-la. Mas é incapaz de agradecer ou de ajudar os outros quando estes precisam. Então, fazer o quê, né? Nem sempre dá pra encontrar Elizabeths, Annes ou Janes Eyres por aí. (post do dia 21 de março)
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Com os meus botões: saudades de Elizabeth e Anne, melhores e mais admiráveis personagens femininas de todos os tempos.
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Saudades, também, de Mr. Darcy e Cap. Wentworth, personagens masculinos mais "suspiráveis". ahhh...
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A propósito, para o Kiko: você ainda tem ciúmes, digo, desdenha o Mr. Darcy?
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Novamente com os botões: de uns tempos pra cá tenho compreendido ainda mais o Mr. Darcy.
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