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terça-feira, abril 20, 2010

CONTINUANDO...
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Mas a verdade é que cem anos se passaram sobre Wuthering Heights e esses cem anos não envelheceram o livro, antes o rejuvenesceram; ou, digo mal, não o rejuvenesceram: fixaram-no na sua eterna mocidade, vida perene de imortal que não conhece idade nem velhice. E não acontece com Wuthering Heights o que sucede com muita obra célebre: a desassociação do autor e do livro, perdendo-se muitas vezes até o nome do criador na grandeza da criação. Wuthering Heights é como o prolongamento da própria personalidade de Emily, a sua tradução ou transposição em termos artísticos. Tal como Cathy dizia que "era" Heathcliff, Emily "é" Wuthering Heights: os personagens, a casa, a charneca, o vento gelado. Não pelo que de autobiográfico haja no livro, pois creio que sempre se empresta uma importância desproporcional à parte tida como autobiográfica que há em toda obra de ficção. Não será o detalhe, digamos "histórico", que tem maior valor como depoimento e como documento: o que importa é a transubstanciação do autor na obra de arte, no tema, no cenário, na soma dos personagens. Que importância terá o fato de haver ou não Emily copiado na sua Nelly Dean a figura da ama Tabby? Ou, circunstância mais comentada ainda, o haver pintado, no fim de Hindley Earnshaw, o triste fim do seu próprio irmão Branwell, aquele Branwell perdido, desgraçado, "who slept by day and raved by night", na frase de um comentador das Brontë?

CONTINUA...
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