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sábado, fevereiro 28, 2004

VIAGENS, LUGARES, IDEAIS, IMAGINÁRIOS

Tinha compartilhado com vocês, leitores do Desanuviando, uma intenção de viagem, na qual acompanharia o Viramundinho – sim, o viajante principal é o Vira; eu serei apenas acompanhante! Pois bem, ela ainda está de pé, mas como não me decidi pelo local, não ousei arrumar as bagagens – e afinal de contas, ainda que seja possível, é difícil se trasladar sem saber para onde ir.

É verdade que há a possibilidade de irmos para aquele lugar anunciado na revista de turismo, mas, vocês sabem, pontos turísticos são caros e os tais pacotes de agências nos tolhem a liberdade de conhecer os locais sem compromissos de horário.

Por esses motivos, a viagem está adiada e eu continuo me informando sobre lugares ideais, como os que estão descritos num livro de que fui informada: DICIONÁRIO DE LUGARES IMAGINÁRIOS. Ainda não tive acesso a ele, mas ouvi falar de duas viagens interessantes: uma, para a TERRA TEMPERAMENTAL, onde o clima é imprevisível, pois muda conforme o estado de espírito dos habitantes; outra, para a ILHOTA DA FELICIDADE – e quem é que não quer ir para lá? – em que o único porém é um caminho de obstáculos que se deve superar (mas deve valer a pena!).

Se tiverem mais sugestões, aceito!

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Acabo de ler no jornal o anúncio de um livro, chamado A ARTE DE VIAJAR. Deve ser interessante, mesmo levando em conta que uma viagem é sempre pessoal e a impressão que um teve geralmente é diferente da de outro.

Mas o que me chamou a atenção mesmo foi uma revelação do autor desse livro, Alain de Botton, sobre quartos de hotel:

“quartos de hotel podem ser lugares muito inspiradores para fazer reflexões. Deitado na cama, o quarto quieto, com raras interrupções do elevador fazendo sua digestão nas vísceras do hotel, podemos pôr fim a conflitos nossos, sobrevoar faixas grandiosas e ignoradas de nossa experiência. (...)”.

Reparem bem no que ele disse: “deitado na cama”. Talvez o segredo para toda essa reflexão seja esse detalhe - estar deitado na cama. Penso isso porque há pouco tempo li um conto, cujo título era...DEITADO NA CAMA. E o li por três motivos – nossa, é impressão minha ou estou explicando tudo hoje? -: 1o.) era um dos contos mais curtos de um livro-coletânea de contos; 2o.) eu estava justamente deitada na cama, buscando algo para ler antes de dormir, e 3o.) é do Chesterton, escritor a que alguns amigos bloguistas se referem. Para resumir, o texto praticamente mudou a minha vida. Mudou minha forma de encarar esse hábito, já tão arraigado em mim, mas que muitas vezes me deixava com sentimento de culpa. Sempre gostei da P.H. (Posição Horizontal) e o texto é basicamente uma exaltação a essa posição – e um respaldo para aqueles que também gostam de ficar deitados na cama. Vejam o que o Chesterton diz:

“(...) estou seguro de que foi alguém na minha posição quem teve a inspiração original de cobrir os tetos de palácios e catedrais com uma profusão de anjos caídos e deuses vitoriosos. Tenho certeza de que foi graças ao antigo e honrado hábito de ficar deitado na cama que Michelangelo imaginou como o teto da Capela Sistina poderia se transformar numa incrível imitação do drama divino que só no alto pode ser encenado.

O tom que se usa hoje em dia em relação ao hábito de ficar na cama é insalubre e hipócrita. Entre todos os traços da modernidade com a marca da decadência não existe nenhum tão ameaçador e perigoso quanto a exaltação do mesquinho e secundário em detrimento do importante e primordial, dos trágicos e eternos princípios da moral humana (...). Ao invés de ser visto como devia ser, como questão de preferência ou conveniência pessoal, levantar-se cedo é considerado por todos como essencial a um caráter moral. É, no fundo, o resultado da popular visão pragmática das coisas, mas na verdade não há nada que se possa dizer objetivamente nem a favor de levantar cedo nem contra o oposto disso. (...)”.


E para finalizar, cuidado com isto, ou melhor, leia isto, mas, já vou avisando, você pode não querer mais sair da P.H.:

“A palavra de cautela é esta: se você ficar na cama até tarde, faça isso sem nenhuma justificativa. Não estou falando, é claro, para os enfermos. Mas se um homem saudável resolve ficar deitado, deve fazê-lo sem nenhuma desculpa; assim e só assim ele se levantará saudável. (...)”.


quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Contou-me Maria Onírica:

“Adormeci ansiando por respostas. Entrei numa casa escura, com luzes abafadas, cheiro de mofo com incenso. Em um dos quartos havia fios com conchas, suspensos na entrada e, de dentro, saía uma fumaça azul-acinzentada. Senti-me atraída por esse aposento e caminhei lentamente em sua direção. Passei pela cortina de conchas e não prossegui diante da visão deste homem:


(The Surrealist, Victor Brauner)


Ele abaixou as cartas que tinha na mão, olhou confiantemente nos meus olhos e disse:

-Entra, eu sou o Mestre do Tarot e sei para quê viestes. Procuras respostas.

Nossa!, pensei comigo, como ele adivinhou? E sentei-me em um banco acolchoado, sem encosto.

O Mestre do Tarot mexeu algumas cartas e, num silêncio sinistro, estendeu-as sobre a mesa. Vi cartas com flores, com cães, com rainhas, taças, sangue, moedas. Ele explicou-me cada uma e fiquei impressionada com seus significados.

Depois da leitura das cartas reservadas, pelo Destino, para mim, levantei-me e, segurando suas mãos frias, disse-lhe:

-Não sei como te agradecer!

E o Mestre do Tarot, sem perder a serenidade, replicou-me:

-São R$ 50,00.

-O quê?! Tá maluco? Nem sonhando eu pago R$50,00 por uma consulta dessas.

E ele, sem alterar as expressões faciais – queria ter a calma dele! – falou-me:

-Sem dinheiro, sem consulta. Ao acordares, esquecerás de tudo que te falei.

Acordei e me lembrei do Mestre do Tarot, mas, de fato, não me lembrei de nenhum conselho, de nenhuma profecia...”


E é por isso que Maria Onírica continua ansiando por respostas.

sábado, fevereiro 21, 2004

Como a viagem foi adiada para depois do Carnaval, falarei de outras coisas...

BANCO

Nunca pensei que um banco - me refiro ao que tem dinheiro - pudesse ser um lugar agradável para descansar. Há um próximo à minha casa, por onde gosto de passar e entrar. No começo só entrava quando tinha que resolver algum probleminha, mas me sentia tão bem em ficar ali dentro, esperando ser atendida, que agora entro para descansar. Talvez sejam esses dias de calor que tenham me feito gostar de bancos, pois dentro deles sempre há ar-condicionado e cadeiras confortáveis. Mas creio que não sejam esses os únicos motivos. Há alguma explicação para esse raro prazer, que estou tentando encontrar.

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TINHA QUE SER BAHIANO

Para quem tem mania de "politicamente correto", aviso que não tenho nada contra baiano; pelo contrário: quem acompanha o Desanuviando sabe que eu considero o estilo deles uma filosofia de vida ("devagar e quase parando sempre"!). O que acontece é que, nesse mundo veloz, nem sempre o povo de lá consegue acompanhar o ritmo das coisas - o que não é necessariamente errado ou ruim.

Bom, o que venho contar me foi contado por um amigo, amigo de um baiano (ih, virou mentira! Não, não, é verdade!! Acreditem!). Esse baiano está estudando numa escola com regime interno e puxado. Lá cobra-se exercícios físicos em demasia, disciplina em demasia e sempre há horários a serem cumpridos. Pois bem, segundo o meu amigo, esse baiano era sempre o último a chegar aos compromissos exigidos pela escola e estava sempre perdido, sempre desorientado, sem saber qual a última ordem. Um dia, após uma semana de atividades intensas nessa escola, o baiano virou-se para o seu instrutor e vociferou (com a voz lenta, mas com o espírito esquentado): "Pra mim chega!", e levantou-se e foi para o seu quarto.

Como ninguém esperava uma reação dessas vinda dele chamaram os psicológos da escola que constataram que o aluno estava sofrendo de um mal inexistente na Bahia: estresse! (E talvez ele tenha sido o primeiro baiano da família a ter isso.).

Esse episódio ocorreu na semana passada. Ontem, como todos os alunos, o baiano também foi dispensado da escola devido ao feriado. Ele está indo para sua casa, na velha BAHIA DE TODOS OS SANTOS, mas, ao contrário dos demais, terá uma dispensa maior - por recomendação médica!


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UM BOM FERIADO PARA TODOS!

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

POST CURTO DEVIDO AOS PREPARATIVOS DA VIAGEM, QUE TOMAM TEMPO...

O que levaremos, Viramundinho e eu, na viagem: basicamente, água de coco em cantil, barrinhas de cereal e alguma ração - para o cachorro, né?!. Estou mais preocupada com o alimento que outra coisa, pois não quero carregar peso!

Ainda estamos por definir a data da viagem. Ouvi na rádio que está vindo uma fente fria para este carnaval, então, é melhor deixar para depois do feriado - até porque haverá menos turistas no nosso caminho.

Hoje darei uma chegadinha ao centro da cidade para ver se encontro mais alguma coisa útil à viagem.

Depois nos falamos!

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

UMA VEZ, conversando com uma amiga sobre o problema de "descontar no mais fraco", percebi que estava matando muitas baratas. Sim, no sentido literal mesmo! Mas não simplesmente matando-as: matando com gosto! E tinha a impressão de que elas apareciam no meu caminho justo naqueles dias mais difíceis; naqueles em que eu chegava tarde em casa, cansada e um tanto aborrecida por alguns incidentes corriqueiros. E era só matar algumas baratas que pronto!: relaxava! Isso só mudou quando deixei minha casa limpa! (brincadeira! Só queria ver a reação de alguns! Minha casa é limpinha! As baratas surgiam de um ralo que já foi fechado.); mas voltando: isso - o matar as baratas, para ser mais clara - só mudou quando li A METAMORFOSE e passei a ter pena dos insetos. Bem, ainda acho as baratas nojentas e ainda mato aquelas que aparecem no meu caminho! Mas passei a levar em consideração toda a agonia pela qual elas passam... (Nossa, nossa, que devaneio! Esqueçam esse monólogo sobre "dó de baratas"! Quando penso em ter pena delas, lembro que elas serão as únicas sobreviventes de uma guerra nuclear! Ah! E também é melhor descontar frustrações corriqueiras em baratas que em pessoas...)

MAS FALANDO EM METAMORFOSE...

Hoje encontrei o Viramundinho deitado na calçada, com o mesmo aspecto daquele outro dia. Acho que ele está na "fase Gregor Samsa", a fase em que se está como o pobre personagem de A METAMORFOSE. Todo mundo já deve ter passado por um período desses ou ter tido um "dia daqueles", em que se sente um inseto gigante, um incompreendido pela sociedade, óh...adolescentes têm muito isso, mas de vez em quando esse sentimento de inseto-abjeto acomete até mesmo adultos. Desde que a pessoa não se deixe transformar em inseto de verdade, é compreensível. Mas é sempre bom tentar, nesses casos, reverter a “metamorfose” ou, se virou inseto de vez, pode fazer o que Gregor Samsa não fez: bater as asas e sair pela janela, ao invés de ficar agonizando no quarto. As pessoas se assustarão com um inseto gigante voando, mas muitos pensarão ter visto um disco-voador, o que é ótimo: você se manda para Marte e talvez “se encontre”, encontrando outros iguais a você!!

Tsc, tsc. Mas desculpem a prolixidade! Voltemos ao nosso vira-lata! O Viramundinho continuava caído, “entregado” ao tédio. Só que eu estava preparada ao subir a ladeira: carregava, na bolsa, o exemplar de uma revista de turismos para convidá-lo para uma viagem. Primeiro perguntei com palavras:

- Viramundinho, você gostaria de fazer uma viagem?

Ele não respondeu, nem ao menos se mexeu.

Resolvi pegar a revista e, por meio de sinais, abri-a em uma página qualquer e aproximei-a de seus olhos. Como por mágica, ele se atiçou, mexeu o rabinho e latiu alegremente! Então pedi que fosse se preparando para a viagem que, logo, logo, iria buscá-lo.

E continuei a minha subida contente e satisfeita comigo por ter ajudado o Viramundinho, mas intrigada – esse cachorro sempre me intriga! -: o que será que o deixou tão agitado? Olhei com calma a revista e nenhuma outra reportagem me pareceu ter sido mais responsável por essa mudança de estado que uma, cujo anúncio era:

“SOMBRA E ÁGUA FRESCA, COMIDA FARTA E FESTA – O PARAÍSO QUE VOCÊ BUSCAVA”

Pensei com os meus botões: nada como o vislumbre do ócio para animar o espírito...

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(Nesta semana contarei como estão os preparativos para a viagem!)

domingo, fevereiro 15, 2004

ACABO DE chegar de uma pequena viagem. Ainda me sinto "quadrada" pelas doze horas de ônibus, mas viajei sob a chuva e depois sob as estrelas (e the sigh of stars makes me dream, como disse Van Gogh); dormi desconfortável, mas tive as paisagens como consolo. Revi dois GRANDES amigos, conheci uma livraria fascinante (com preços não tão fascinantes assim!) e comi o sorvete mais gostoso da minha vida! Também ouvi um sotaque diferente do que estou acostumada a ouvir. É bom viajar!

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Já reparei que muitas pessoas que querem "se encontrar" resolvem viajar. Viajar no sentido literal mesmo: arrumar a mala, comprar passagens e se mandar. Mas também vamos descobrindo que o "se achar" depende de uma viagem interna, esta no sentido metafórico. Uma "viagem" que não depende de nenhuma linha de transportes, mas de alguns momentos de silêncio...
No entanto, concordo que, de alguma forma, sempre voltamos diferentes de uma viagem - e aqui voltando ao sentido literal. E notamos melhor quando, antes de embarcar, estamos dispostos a mudar, a ver mudanças.

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Subindo pela ladeira de sempre - eu também desço por essa ladeira, mas como descer é rápido, não me atenho às imagens do caminho -, para "desenferrujar" da viagem, procurei pelo Viramundinho, mas não o vi. Então passei pela casa de sua namoradinha e a casa estava fechada, aparentando estar vazia.

Vocês também devem estar deduzindo o mesmo que eu: há coração partido na história...

Estou pensando em propor uma viagem ao Viramundinho; isso poderá deixá-lo melhor. Talvez vá com ele.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Estarei uns dias fora, mas deixo um poema da Marineide Miranda, de quem lhes havia falado.

Um poético final de semana para todos!


POESIA EM NUVENS

(Marineide Miranda)

Nas nuvens observo imagens lindas...
Desde criança sinto uma imensa vontade de tocá-las...
Das imagens cada olhar faz sua imagem
Cada um imagina uma paisagem, um sonho, uma miragem
Contemplando o espetáculo céu de cá da terra...
Secretamente teço sentimentos, sonhos, ilusões e muitas vidas,
São vidas impalpáveis? Talvez sim, talvez não...
São movimentos pensamentos migratórios
Que podem acontecer ou não!!!
Pensamentos de amores esperanças...
De solidão... Dores e lembranças...
Pensamentos dançantes... Que desnudam a alma,
Pensamentos cortantes que não sangram... Mas acalmam
Olhos postos, olhos vivos, alma pensante, pulsante, viva!
O céu tem cor, as nuvens também... Elas sofrem mutações...
A nossa alma? Também!
E os desenhos lá em cima tomam outras formas...
Como nós, a vida, os sentimentos... Tudo enfim
Embriagada de sonhos e de nuvens...
Hoje eu as toco... Caminho sobre elas...
Acredito em tudo que posso... E até no que parece não...
No amor, no sorriso, no sonho, na ilusão vivemos...
Sentimentos inominados nos impulsionam entre o sim e o não.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

SABE a história daquele cara que comprou um sapato novo e, por ser novo, não quer usá-lo? Afinal, o sapato está tão bonito, tão limpinho... Pois estou assim em relação ao blog. Como um amigo disse, estou "lambendo a cria" e, por isso, não quero escrever nada nele.

Mas será por enquanto. É só essa fase de encantamento inicial. Depois verei que preciso dele para seguir meus passos, afinal, o Desanuviando já faz parte da minha caminhada.

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Bom, para não deixar minha passagem pelo Desanuviando totalmente em branco, convido vocês a visitarem o inspirado site de poesias: www.lunaeamigos.com.br, onde minha amiga Marineide (que sempre deixa minha caixa de emails mais poética!!) escreve.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

SIM, AMIGO, VOCÊ ESTÁ NO Desanuviando!! Um Desanuviando mudado (para quem vem falando em mudanças desde o começo do ano...). E o motivo? Com um banner bonito como o que a Sue fez, o blog não poderia continuar com aquelas cores antigas. O banner "revolucionou" o Desanuviando!

E como isso só foi possível com a (longa) ajuda especial de uma ASA DE BORBOLETA (www.asadeborboleta.blogspot.com) e de um MERCADOR DE SEDA (www.votta.blogspot.com), aqui vai um buquê de flores para os dois, como forma de minha gratidão! Um grande abraço para vocês!




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(Cheguei a me perguntar se valeu a pena passar algumas horas no computador, "retocando" o blog. Mas vocês já sabem a resposta: "Tudo vale apena...")

domingo, fevereiro 08, 2004

OUTRA NOVIDADE!

O Desanuviando ganhou um lindo presente, carinhosamente regalado pela Sue Medeiros, do Asa de Borboleta (www.asadeborboleta.blogspot.com). Essa amiga gostou tanto do quadro do Daniel Garber, que fez este banner:



(Logo, logo ele estará "colado" na parte superior do blog.)

(Sue, mais uma vez, muito obrigada! Achei-o encantador!!)

sábado, fevereiro 07, 2004

NADA DE MAIS E UM REENCONTRO...(Post um tanto melancólico)

Hoje subi pela ladeira de sempre. Estava sozinha e, na rua, nada mais do que poucas árvores se contorcendo para o vento sul passar... Interessante esse vento sul: dizem que ele é sinal de mudança climática e, realmente, a temperatura ficou mais amena e o céu está com nuvens. Mas ele também silva outras mudanças. E hoje subi pela ladeira de sempre, com as mesmas casas intimistas, as poucas árvores que parecem não crescer, e, no entanto, estava tão diferente...Havia uma certa melancolia no ar (ou seria o meu coração?). Só sei que, por umas frações de segundo, fiquei contente quando, passando por uma esquina, encontrei um velho conhecido, meu e de vocês: o Viramundinho. Mas logo que o reparei bem, sua aparência apertou o meu coração. O pobre estava deitado na calçada, a cabeça praticamente pendurada no pescoço, encostada na rua de paralelepípedo. Não gosto de me aproximar de vira-latas, que costumam ser sujos, mas vendo-o daquele jeito nem pensei duas vezes e me aproximei para afagá-lo. Em vão: ou ele não se lembra de mim ou está muito mal, pois, mesmo passando a mão em sua cabeça, o Viramundinho não se moveu, não piscou os olhos; continuou com a vista pousada em um lugar distante...
Então não insisti. Voltei para o meu caminho e continuei a subir a ladeira, como se numa romaria, empurrada pelo vento sul...

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(Para quem não conhece o Viramundinho, ler posts dos dias: 13, 16, 19, 25 e 30 de junho de 2003 e 25 de julho do mesmo ano.)

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

DIVAGAÇÃO

Duas irmãs estavam sentadas no jardim conversando. Enquanto uma escutava, a outra desabafava:

- Estou indecisa quanto ao meu futuro e não sei que passos dar. Meus pés doem e preciso me equilibrar para andar nessa vida...

Neste instante, a ouvinte pegou o pé da outra, olhou para a sola e disse:

- Cale a boca! É só uma farpa que entrou fundo no seu pé!

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UM FILME

BEM ME QUER, MAL ME QUER ( A LA FOLIE, PAS DU TOUT)

Esse filme francês confirma o que se tem observado: filmes franceses estão ficando bons, perdendo aquele "ar cinza" (cenário escuro, artistas com cara de intelectual inconformado etc) e se tornando extremamente agradáveis. Vide Asterix et Obelix, Amélie Poulain, Le Placar... O "Bem me quer, mal me quer" tem colorido bonito, trilha sonora simpática e um roteiro surpreendente. Não falarei do que se trata, pois é assim que gostaria de o ter visto. Caí na besteira de ler uma crítica no jornal - ah, essas críticas... - e o infeliz do jornalista estragou com a surpresa do filme.

Só adianto isto: há uma surpresa no filme!

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UMA MÚSICA

Rod Stewart foi um dos poucos que não cantou SMILE chorando.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

O PROBLEMA DE OBSERVAR, de dentro do ônibus, episódios que se passam fora dele é que, na verdade, quem passa (*) é o próprio ônibus e, então, não vemos a cena completa - e, com nossa mania de querer explicar tudo, chegamos a conclusões que podem não corresponder com a realidade. Não sei se fui clara, mas o que quero dizer é que, de vez em quando, me questiono se o que vi, de passagem, é o que pensei ter visto...Ficou mais confuso? Bem, o que quero, na verdade, é contar uma cena que "presenciei", ainda em 2003, e me fez tirar uma conclusão que, justamente por não poder confirmá-la, não a deixarei tão explícita neste post; somente a insinuarei...

O ônibus havia parado no sinal. Nesse instante, olhei pela janela e vi, na calçada, um homem de roupas simples beijar o chão e, ajoelhado, levantar os braços para o céu. (O que, vocês hão de convir, é uma cena inusitada.) Então o ônibus prosseguiu e eu só consegui pensar no que havia em frente à calçada desse homem, do outro lado da rua: o presídio da minha cidade.

(*) Isso lembra aquela sbedoria: "NA VIDA TUDO É PASSAGEIRO, MENOS O COBRADOR E O MOTORISTA".

terça-feira, fevereiro 03, 2004

ABUSANDO DAS IMAGENS

Hoje recebi de um pessoa muito querida este cartão virtual (do site www.belaspalavras.com.br):



Gostei muito da imagem e dos dizeres do Bertolt Brecht.

Em relação à garota lendo, não sabia que era do Daniel Garber; aliás, nem sabia quem era esse pintor e, infelizmente, não há muitas informações sobre ele na internet. Soube apenas que ele é americano, filho de menonitas, viveu de 1880 a 1958 e foi um professor muito querido e respeitado na Pennsylvania Academy. No entanto, descobri outros quadros dele, tão delicados quanto esse, no site: www.artcyclopedia.com

Ali vi estes dois (duas versões da jovem leitora: uma, a que recebi no cartão; outra, que mais parece um esboço):



(ORCHARD WINDOW)



(GARDEN WINDOW)


(O post de hoje vai dedicado às LEITORAS do Desanuviando!)

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