<$BlogRSDURL$>

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Contou-me Maria Onírica:

“Adormeci ansiando por respostas. Entrei numa casa escura, com luzes abafadas, cheiro de mofo com incenso. Em um dos quartos havia fios com conchas, suspensos na entrada e, de dentro, saía uma fumaça azul-acinzentada. Senti-me atraída por esse aposento e caminhei lentamente em sua direção. Passei pela cortina de conchas e não prossegui diante da visão deste homem:


(The Surrealist, Victor Brauner)


Ele abaixou as cartas que tinha na mão, olhou confiantemente nos meus olhos e disse:

-Entra, eu sou o Mestre do Tarot e sei para quê viestes. Procuras respostas.

Nossa!, pensei comigo, como ele adivinhou? E sentei-me em um banco acolchoado, sem encosto.

O Mestre do Tarot mexeu algumas cartas e, num silêncio sinistro, estendeu-as sobre a mesa. Vi cartas com flores, com cães, com rainhas, taças, sangue, moedas. Ele explicou-me cada uma e fiquei impressionada com seus significados.

Depois da leitura das cartas reservadas, pelo Destino, para mim, levantei-me e, segurando suas mãos frias, disse-lhe:

-Não sei como te agradecer!

E o Mestre do Tarot, sem perder a serenidade, replicou-me:

-São R$ 50,00.

-O quê?! Tá maluco? Nem sonhando eu pago R$50,00 por uma consulta dessas.

E ele, sem alterar as expressões faciais – queria ter a calma dele! – falou-me:

-Sem dinheiro, sem consulta. Ao acordares, esquecerás de tudo que te falei.

Acordei e me lembrei do Mestre do Tarot, mas, de fato, não me lembrei de nenhum conselho, de nenhuma profecia...”


E é por isso que Maria Onírica continua ansiando por respostas.
Comments:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter