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segunda-feira, agosto 31, 2009

COMENTÁRIO FINAL - A ABADIA DE NORTHANGER
(pro grupo Chá com Jane Austen)
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Tinha comentado, no meu blog, alguma coisa sobre a A ABADIA. Em julho, ainda, quando terminei de ler o romance. Acho que não tenho muito mais coisa pra acrescentar. De todos os livros, foi o que comecei detestando. Era tão sem graça, tão fútil; os personagens tão sem sal. Dava vontade de abandonar este livro e pegar outro. Mas fui insistindo. Os irmãos Thorpe me irritaram muito. Até mandei um email-desabafo pro grupo. Ô, pessoas mais chatas, mais desprezíveis!!! Mas acho que só quando desabafei é que comecei a me interessar mais pelo livro. Fiquei curiosa pra saber o que ia acontecer com eles e com os outros personagens. Fui entrando na história e me deixando envolver. Pronto! Reencontrei o talento da Jane Austen! Até nesse romance de "história medíocre". Suas observações, suas ironias, são o que há de melhor neste livro. Inclusive anotei alguns trechos, que transcrevo mais abaixo. Nesse ponto, o livro me lembrou EMMA, que não tem uma personagem e uma história excepcionais, mas tem uma escrita primorosa. E é o valor estetético, nesses livros (EMMA e A ABADIA DE NORTHANGER), que mais cativam. (Sem contar na maneira inteligente com que a Jane "brinca", na ABADIA, com os romances góticos. E como ela "conversa" com o leitor, para apresentar a protagonista e fazer alguma reflexão. Sensacional!).
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Quanto à Catherine Morland, ela está longe de ser uma Elizabeth ou uma Elinor, mas não desgostei dela. Achei-a muito ingênua, mas sua pouca idade pode justificar isso.
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Henry Tilney tb não tem nada dos homens anteriores. Nada que nos faça suspirar, melhor dito. Mas dentro da história, acho que ele é o melhorzinho.
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Abaixo, alguns trechos que achei interessante:
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"A senhora Allen era da numerosa classe das mulheres cujo trato não pode provocar senão uma emoção: a surpresa de existirem homens capazes de amá-las bastante para as desposar."
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"A senhora Allen sentia-se agora itneiramente satisfeita por estar em Bath. Ela encontrara relações e, por felicidade, na família de uma antiga amiga querida entre todas; e, por cúmulo da sorte, essa amiga estava longe de apresentar-se tão bem vestida como ela."
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"(...) pois só um homem pode saber quanto um homem é indiferente aos encantos de um vestido novo Seria mortificar muitas e muitas damas ensinar-lhes - mas elas o entenderiam? - como o coração de um homem é pouco sensível ao que haverá de custoso ou de novo em seus objetos de uso, como é cego à tessitura de um tecido esse coração, e como é incapaz de optar, com conhecimento de causa, entre uma certa qualidade de musselina, a cambraia de linho, o nanzuque e o organdi, mesmo bordado? Uma mulher é elegante para sua única satisfação. Nenhum homem a admirará mais por isso, nenhuma mulher gostará mais dela por isso. Mas nenhuma dessas graves reflexões perturbava Catherine. "
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(O Post a que me refiro:)
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Quarta-feira, Julho 29, 2009
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DIGNÍSSIMA, SEMPRE.
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Acabei de ler, há poucos minutos, o livro A ABADIA DE NORTHANGER, da digníssima Jane Austen, e guardo o meu comentário final, aquele mais geral, para 31 de agosto, como está combinado no grupo CHÁ COM JANE AUSTEN. Mas não posso deixar de adiantar algumas admirações. Comecei detestando esse livro, que só retratava mediocridade: a heroína ingênua que só pensa na roupa que vai usar no baile seguinte e no rapaz que ela achou interessante, e sua amiga, que é falsa, vazia, extremamente ordinária e me dava nos nervos. Mas Jane Austen escreve tudo isso tão bem, de forma tão elegante...E foi assim o livro todo. Do começo ao fim. Então, novamente, me rendi à digníssima: ela mostra como é possível transfigurar até a situação mais medíocre. No caso dela, ela o faz com o seu talento: a escrita. E isso me deu consolo: pois apesar de toda aquela vidinha vazia (nesse romance, nem a heroína tem qualidades como as grandes Elizabeth e Elinor), eu consegui permanecer naquele lugar, com aquelas pessoas.
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Conclusão dos botões: precisamos de pessoas que usem seus talentos para transfigurar realidades inóspitas.
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Como disse, esse comentário foi curto. O comentário maior, aquele final, fica para agosto. É que não queria deixar essas primeiras impressões se perderem.
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A outra metade do texto de Lêdo Ivo vem no próximo post! Sem falta!
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quinta-feira, agosto 20, 2009

SÃO TEMPOS DIFÍCEIS PARA OS SONHADORES.
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Acho engraçada essa constatação feita pela vendedora da loja pornô no filme O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN.
Lembrei essa frase por causa de um episódio. Certa vez, Kiko e eu conversávamos sobre como seria abrir uma livraria. O meu sonho era abrir uma livraria no estilo daquela da Meg Ryan, no filme MENSAGEM PARA VOCÊ. Uma livraria pequena e simpática, onde as pessoas entram, perdem a noção do tempo, lêem os livros, encontram vendedores inteligentes, que leram as obras etc etc. Mas não preciso dizer que fim levou a Shop Around the Corner. Quem viu o filme sabe.
Uma outra livraria que eu achava encantadora (um pouco apertada, talvez, mas sempre com livros raros e de boa qualidade) era a do shoppinzinho perto da faculdade. O vendedor dessa livraria estava sempre calmo, ouvindo música erudita. A gente procurava um livro, ele procurava pra gente e ainda dava ótimas dicas de livros no mesmo estilo. Era gostoso ir lá.
Pois a última vez em que fui ao tal shopping, Kiko e eu vimos o que aconteceu com essa livraria: em seu lugar, abriram uma Sex Shop!
Adeus, livraria...
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Devo dizer que são tempos difíceis também para a bloguista que vos escreve. A labuta tem me impedido de vir aqui com a freqüência que gostaria. Mas não hei de desanimar, nem apelar para temas de "sex shop".
Aos sonhadores, como eu, peço a compreensão e a esperança de continuarem vindo aqui em busca de um post.
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segunda-feira, agosto 17, 2009

MAIGRET É SENSACIONAL!
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Não tive tempo de escrever antes, pois, como diz uma amiga "quando acaba a pachorra, é hora da labuta". Mas não deixaria de registrar isto: MAIGRET É SENSACIONAL.
Virei fã dele. Aliás, dele e da Sra. Maigret.
E alguém pode me perguntar: "mais do que do Poirot?"
Não sei dizer. Poirot povoou os meus 13 e 14 anos. Maigret, só li agora, mais de dez anos depois de ter lido o protagonista da Agatha Christie. Tanto um quanto o outro me despertaram aquele prazer de ler: não querer mais largar o livro, almejar chegar logo ao fim pra descobrir tudo, me imaginar a detetive.
Maigret tem um diferencial, que é sua esposa. Ela é uma figura simpática. É dona de casa; vez ou outra, faz comentários a respeito do caso investigado por seu marido, e ainda tem discrição e uma perspicácia de notar o que seu marido está pensando. Maigret, se fosse solitário como Poirot, talvez não fosse tão bom, pois algumas das melhores cenas de MAIGRET SE DIVERTE tem a Sra. Maigret.
Outra coisa que eu adorei no livro: em determinada parte, Maigret começa a fazer reflexões sobre o psicológico dos personagens. Isso me lembrou de uma coluna da revista de domingo do jornal O GLOBO, escrita pelo psicanalista Alberto Goldin. Eu gosto do modo como ele escreve: um leitor envia uma carta, contando seus problemas, suas dúvidas (sempre a ver com relacionamentos), e o psicanalista vai destrinçando a carta, qual detetive, interpretando as palavras do remetente, mostrando o que uma frase quer dizer, o que que a pessoa não está conseguindo enxergar ou onde ela está se auto-enganando. É interessante. E assim como esse psicanalista tem um pouco de detetive da personalidade humana, achei que o inspetor Maigret tem um pouco de psicanalista, pois é capaz de fazer ótimas análises sobre os envolvidos no crime.
Não vejo a hora de pegar outros livros do Maigret!
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Maigret é tão bom, e tão vivo, que a gente até esquece que é só um personagem. E até esquece, de vez em quando, que seu autor é Georges Simenon.
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Uma colega morou na França no semestre passado. Ficou em casa de família. Disse que a filha do casal era fã de Maigret e também adorava o seriado que fizeram na televisão.
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Se tivesse que passar outras férias em Choveville, como as passei em 96 e 97, levaria na mala: um guarda-chuva, algumas poucas roupas e muitos livros do Maigret. E não ficaria entediada!
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quarta-feira, agosto 12, 2009

ESTOU DE VOLTA
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E, de volta, duas sensíveis e contemplativas escritoras falam por mim:
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O que me permite dizer sou daqui, pertenço a este lugar, faço parte desta gente é um profundo senso de identificação, emoção que se constrói na aldeia. Pode ser uma casa, uma rua, uma cidade, um caquizeiro ou o peito da pessoa amada; aldeia é qualquer lugar para onde se queira voltar porque é, em essência, o lugar da saudade. É tudo aquilo que me inspira amorosidade e onde, envolvida pela emoção de pertencimento, eu sei quem sou. (NORMA BRUNO, em A Minha Aldeia)
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Quanto mais o lugar penetra em você, mais sua identidade fica entrelaçada com ele. Nunca fortuita, a escolha do lugar é a escolha de algo que a pessoa deseja ansiosamente. (Frances Mayes, em SOB O SOL DA TOSCANA)
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NA VOLTA,
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vim lendo MAIGRET SE DIVERTE. Estou a-do-ran-do! É diferente do Hercules Poirot. Poirot tem um ar mais aristocrático; Maigret tem um ar mais classe média ("gente como a gente"). Maigret tem uma esposa que faz comida, dá seus palpites sobre um caso ou uma pessoa e ainda olha discretamente pro marido e percebe que há algo de diferente nele, mas não fala. Deixa o marido pensar que ela não sabe que ele está pensando no crime, enquanto deveria estar pensando nas férias. A história prende a gente; a escrita é ótima.
Quando o avião estava descendo, tive que despertar e fazer um rápido reconhecimento do lugar onde estava: Minha Aldeia. Pois viajei longe, lá por Paris, caminhando com Maigret e esposa por certos boulevards.
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RECONHECIMENTO
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Tive que fazer um reconhecimento, também, hoje, quando acordei. Acho que fiquei tanto tempo fora que, quando abri os olhos e olhei pro meu armário, pensei "onde estou?". Então, em frações de segundos, a memória foi voltando e reconheci o meu quarto.
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Algum leitor mais atento deve ter notado que meu lindo banner do Desanuviando sumiu. Pois é. Ele estava em uma antiga conta do photobucket, e essa conta, agora, estará desativada por 90 dias. Vou ver o que posso fazer.
O problema é que eles simplesmente a desativam, sem me perguntar, antes, se eu quero que a desativem...
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segunda-feira, agosto 10, 2009

RESOLUÇÃO PARA O SEGUNDO SEMESTRE:
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Nestes dias em que fiquei longe do mar, pensei nas minhas antigas sendas de amor ao mar. Gosto tanto delas, mas há um ano não as faço. Metade desse um ano por motivo; a outra metade, não. Decidi, então, retomá-las. (*)
Devo estar sentindo a sensação que certas pessoas talentosas sentem quando resolvem retomar seus talentos. Uma pessoa que há anos não toca piano e algo dentro dela a faz procurar esse antigo prazer. Ou um pintor que volta a sentir sua mão esquentar. É uma sensação de estar resgatando uma parte essencial dentro de si. Uma parte que não pode adormecer; uma parte que, estando desperta, o renova a cada instante e, não é exagero, o faz sentir-se vivo. Eu não tenho dom para música, nem para pintura. Mas para contemplar as sendas de amor ao mar, tenho! E a sensação de estar em uma senda de amor ao amor me pediu, estes dias, para que eu não a deixe adormecer em minha vida.
Não vou. Todos os caminhos me levam para o mar. E, como já disse em um post de 2007, todas as sendas da minha alma desembocam no meu mar extasiantemente lhano.
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(*) hum... a memória não me deixa mentir: pra ser sincera, neste um ano, fiz duas sendas de amor ao mar. Mas foram pouquíssimas, já que eu costumava fazer uma por mês....
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domingo, agosto 09, 2009

ME DIVERTINDO NESSAS FÉRIAS PROLONGADAS.
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Vou dar esta dica pro Maigret se distrair. Aqui onde estou, no prédio vizinho tem um papagaio que assovia o dia inteiro. Ontem de tarde, resolvi conversar com ele e assoviei também. O diálogo foi mais ou menos assim:
Papagaio: fiiiiiii (imagine que esta é a onomatopéia do assovio)
Eu: fiiiiiiiii
Papagaio: fiiiiiiii
Eu, respondendo: fiiiiiiiii
Fiquei assim por uns segundos e, em seguida, uma voz de criança entrou na conversa:
Criança: hiiiiiiiii (ela não assoviou; só fez "hiiiiiii" mesmo)
Então ficamos os três assim:
Papagaio: fiiiiiii
Eu: fiiiiiiii
Criança: hiiiiiiii
Papagaio...
Eu...
Criança...
Daí parei e me dei conta: gente, o que que eu tô fazendo?
Então voltei pro meu livrinho e recomecei a ouvir Maigret, contando sobre suas férias por recomendação médica (que, adianto, ele começou a burlar...)
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sábado, agosto 08, 2009

ME DIVERTINDO COM MAIGRET:
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(...)
Era preciso se habituar àquele ritmo de vida, porque parecia estranho não ser pressionado pela necessidade, não precisar contar as horas, os minutos.
Ele não se aborrecia. Para dizer a verdade, sentia só uma certa vergonha de não fazer nada.
(...)
(MAIGRET SE DIVERTE, de Georges Simenon)
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FILME: HOW ABOUT YOU
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Photobucket
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Este filme é inglês, mas com o título em português, DE BEM COM A VIDA, parece algum filminho norte-americano bobo, para adolescentes. Por isso foi bom, na segunda vez em que tive esse DVD em mãos, ler o que dizia atrás. Ainda tinha um texto um tanto forçado, com expressões do tipo "velhinhos mais barra pesada da região". Mas se você também foge de filminhos colegiais em que o maior problema é ser um "loser" ou um "winner", ignore a capa, o título em português e a descrição do filme. HOW ABOUT YOU é um filme singelo e engraçado ao mesmo tempo. Tem interpretações maravilhosas (elenco: Hayley Atwell, Vanessa Redgrave, Imelda Staunton, Brenda Fricker, Joss Ackland, Paschal Friel.). E aqui meus botões comentam: a naturalidade dos atores ingleses é admirável: no geral, eles têm rugas, gorduras, mas compensam em talento (o inverso do que acontece com outros atores). O cenário do filme é belíssimo! A fotografia do filme transmite muita paz.
E os personagens são pessoas comuns. Pessoas que têm seus problemas, suas mágoas, porém, graças a uma nova circunstância, vêem que é possível ceder espaço a um pouco de alegria em suas vidas. Mas tudo isso, devo dizer, de forma serena, com cada personagem mudando aos pouquinhos, e de forma convincente, como só bons atores são capazes de mostrar.
O que me tocou muito é o que costuma me tocar em certas pessoas que vejo por aí: em um primeiro instante, parecem pessoas horríveis, que nos fazem querer distância delas, mas, em um momento qualquer, inexplicável na lógica ou na razão, é como se uma fenda se abrisse em suas almas e nós conseguíssemos vislumbrar uma luz escondida, alguma esperança adormecida. E então, em milésimos de segundo, temos uma ligeira (bem ligeira, bem pequena) noção de uma complexidade que não éramos capazes de imaginar (*).
Meu bonequinho do cinema está sentado, sereno e bastante satisfeito por ter visto um filme assim.
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p.s.: o bonequinho só não ficou de pé por um motivo: No filme, aparece, de forma "bonitinha", o consumo de uma droga. Não compromete o filme, e no contexto você até releva. Mas como as drogas não têm nada de bonito ou alegre, então... E já reparei que filme inglês, de uns tempos pra cá, tem adorado incluir uma maconha, um haxixe ou algum outro alucinógeno nas histórias. Deve ser porque eles sempre foram associados a um espírito certinho, então essa foi a forma de transgredir. Não sei se é essa a explicação; é um chute meu. Vou ver se um dia compreendo o porquê disso.
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(*) Reconheço: em algumas pessoas nunca vemos essa fenda. São umas cabras da peste, que pelamordeDeus!
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sexta-feira, agosto 07, 2009

LONGE DO MAR II
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Já acabei com dois potes de creme (aqui é muito seco), uma piscina de água de coco e quatro livros (*). Agora estou com o inspetor Maigret. É o primeiro que leio de Simenon, embora não seja o primeiro da série. O que estou lendo é MAIGRET SE DIVERTE.
Comecei ontem e, pelo começo, me identifiquei com o inspetor. É que eu tive que prolongar minhas férias; e ele foi forçado a tirar férias. Então ele fica na janela, olhando o que acontece na rua, nas horas em que ele estaria no trabalho. Imagino que as crianças que ainda não voltaram às aulas por causa da gripe suína estejam assim como ele e eu. (Ou não: talvez as crianças estejam fazendo algo mais divertido, como a minha priminha temporana que, agora, todo dia me manda emails.)
Fiquem com as distrações de Maigret:
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Estar à janela, em plena metade da manhã, observando distraidamente o vai-e-vem da rua, seguindo com os olhos os caminhões que entravam e saíam do armazém em frente, dava-lhe uma sensação que o transportava para alguns dias da sua infância, quando sua mãe ainda vivia e ele não ia à escola, por causa de uma gripe ou porque não havia aula. A sensação, de certa forma, de descobrir "o que acontecia quando ele não estava lá.
(...)
Desta vez, não estava doente. Não tinha o que fazer. Podia usar seu tempo como bem entendesse. Aprendia o ritmo dos dias de sua mulher, por onde ela começava seu trabalho, quando ia da cozinha ao quarto e como encadeava seus gestos.
(...)
Ele voltava a prestar atenção, como uma criança, a certos jogos de luz, à progressão, na calçada, da linha de sombra e sol, à deformação dos objetos no ar trêmulo de uma manhã de calor.
(...)
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(*) mais que isso, só passando férias em Choveville, digo, Joinville.
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DETETIVES
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Só conheço Sherlock Holmes e Hercules Poirot. Este último sempre foi o meu favorito. Ele tem uma finesse na maneira de investigar os crimes que sempre admirei. Vamos ver como é este Maigret...
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AH, TAMBÉM TEM A VELHINHA...
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Agatha Christie também criou a Miss Marple. Mas, embora eu a ache uma vovozinha fofa, não gosto muito dela como detetive. Sabe por quê? É que aparecia o crime, ela entrava em cena, desaparecia e voltava com o crime todo solucionado. Não tinha graça!
Como disse, ela é fofa, toma chazinho, mas se é pra descobrir as coisas dessa maneira, é melhor ela se declarar uma vidente, ora!
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quinta-feira, agosto 06, 2009

O PRÊMIO É PRA QUEM LÊ (E PRA QUEM NÃO VÊ NOVELA)
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Um país tem esperança (deve ter!) quando pessoas simples (de profissão simples, que não exige faculdade, ou então donas de casa) lêem em vez de ver "novela das oito".
Na Minha Aldeia, em um dos ônibus que costumo pegar, o cobrador está sempre lendo. E não são quaisquer livrinhos, não! Já o vi lendo clássicos! Um dia o vi sem livro e perguntei se ele o tinha esquecido. O cobrador respondeu: saí com pressa e acabei esquecendo o livro em casa. Estou agoniado! Detalhe: ele lê quase que um livro por semana!
Hoje, ouvi uma manicure falar com português impecável. Disse, por exemplo: aquele é um lugar com o qual não simpatizo. "Com o qual"! Parabéns! E ela ainda falou que durante um tempo só usou determinado esmalte porque uma atriz de novela o estava usando. Mas ela se justificou (sem eu ter feito nenhum comentário ou cara feia diante da palavra "novela"): eu nem vejo novela, mas como as pessoas pedem o esmalte, fico sabendo dessas coisas.
Mas houve um episódio que há tempos queria contar. E já vou adiantando que vou rasgar elogios à minha avó, mas não é porque ela é minha avó, não... Se fosse com outra senhora, estaria orgulhosa do mesmo jeito.
O episódio é este: minha avó foi ao teatro com as amigas dela. (Essas amigas costumam alugar uma van e ir a teatros. Mais seguro, dizem, e mais cômodo, já que moram no Rio de Janeiro). Na peça (que agora eu não lembro o nome...), no finalzinho, a atriz disse que quem adivinhasse o autor do poema que ela ia declamar, ganharia uma bolsa de um estilista famoso (agora também não vou lembrar o nome do artista. Acho que tenho a memória muito seletiva).
O poema era este:
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POEMA DE FINADOS
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Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.
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Na hora, minha avó falou baixinho pra uma amiga: Ah! É Manuel Bandeira. Mas ninguém ouviu, e a platéia começou a dar seus palpites: Carlos Drummond. Murilo Mendes. Cecília Meireles. E a cada "chute", a atriz negava. Não. Não. Não. A amiga da minha avó disse pra ela falar mais alto, e minha avó falou. A atriz confirmou: é do Manuel Bandeira! E fez a minha avó subir ao palco. Ali em cima, de frente para a platéia, a atriz perguntou (vixi, também não lembro o nome da atriz...) à minha avó em que que ela era formada, se ela tinha feito alguma faculdade, ao que a minha avó respondeu:
- Não, eu só terminei o colégio porque me casei cedo. Eu sou apenas dona-de-casa, mãe e vó.
- E como você sabia que era do Manuel Bandeira?, perguntou a atriz.
- Ele é o meu poeta favorito. E gosto muito deste poema, declarou minha "abuelita".
Parece que a atriz ainda perguntou pra minha avó se ela sabia mais algum poema do Bandeira e minha avó recitou um que também sabia de cor. A platéia a aplaudiu e ela ganhou a bolsa (*). Na saída, pessoas que estavam no teatro parabenizaram a minha avó. Ela ficou contente com o presente. E eu, bom... eu fiquei orgulhosíssima! Uma avó, mãe e "simples" dona-de-casa" sabia mais que a sociedade cult da cidade! Meus irmãos comentaram: Capaz de ela nem saber o poeta se tivesse feito faculdade. Pois é....
Esses exemplos mostram como deve ser a leitura: algo extremamente natural. Livro é pra ser lido em ônibus, em casa, na cozinha, no sofá, na cama, de dia, de tarde, de noite. Pelo prazer da companhia do livro, pelo prazer de ler. Quem lê só pra dizer que é culto nunca vai saber quem é o autor do poema. Quem deixa de ler livro pra ver novela, muito menos. E ainda vai deixar de ganhar o prêmio.
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(*) Minha avó disse que quando passava pela loja desse artista, sempre "namorava" as bolsas dele. Mas são tão caras...
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terça-feira, agosto 04, 2009

ME MATEI DE RIR COM TRÊS COISAS HOJE:
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Aliás, nos matamos de rir, minha mãe e eu. Passamos o dia juntas, conversando, contando causos, sem pretensões, sem preocupações. Momentos bons estes. E as coisas que mais nos fizeram rir foram:
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1a. coisa: Minha mãe contou o seguinte episódio: Viu uma senhora passar perto de uns medigos. Um deles estava urinando, então o outro lhe deu uma bronca: Olha a madame aí; não mija na frente dela. Ao que o "mijão" respondeu: Mijo, sim; cago, sim. Ela também mija; ela também caga.
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2a. coisa: Minha mãe estava com uma revista de moda espanhola. Começou a rir sozinha. Me pediu para ler uma determinada parte. Era um comentário feito por um diseñador de Nova Iorque. Quando li, me matei de rir. E ficamos, nós duas, rindo, sem conseguir falar nada. Qual o comentário? Este: Helado casero de menta y chocolate. Con menta de mi propio jardín. Me hace gritar de placer. (Tentamos imaginar esse grito.)
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3a. coisa: Esta, um amigo me pediu pra ouvir um áudio. É do programa True Outspeak, do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho. Não vou postar aqui, mas deixo a dica e a chance de vocês também se matarem de rir. Entre aqui, baixe o áudio do dia 03 de agosto e ouça a partir do tempo 31:00. Seus comentários me fizeram gargalhar, gargalhar minha mãe, meu pai, meus irmãos, meu namorado. E fora que (os comentários) ainda contêm a lucidez de um verdadeiro filósofo.
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domingo, agosto 02, 2009

LONGE DO MAR (*),
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compreendi bem o que Mersault (**) desejou enquanto estava na prisão:
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No início da minha detenção, no entanto, o mais difícil é que tinha pensamentos de homem livre. Por exemplo, desejo de estar numa praia e de descer para o mar. Imaginando o barulho das primeiras ondas sob as solas dos pés, a entrada do corpo na água e a libertação que encontrava nisso: sentia, de repente, até que ponto as paredes da prisão me cerceavam.
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(*) da Minha Aldeia e do pescador de siri.
(**) O ESTRANGEIRO, de Albert Camus.
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sábado, agosto 01, 2009

DIFICULDADES
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As dificuldades da vida começam cedo e, ao contrário do que dizem por aí, não são exclusividade do campo econômico-social. Quer um exemplo?
Pai e mãe médicos tiveram bebê em uma clínica particular. A bebê, tadinha, pegou pneumonia e acabou sendo levada à UTI.
No mesmo dia, deu no jornal: empregada doméstica, grávida, voltava para casa quando entrou em trabalho de parto. Ajudada por transeuntes, teve o bebê na rua mesmo. Acabou chegando a ambulância, mas não havia preocupação: mãe e filho estavam bem e já receberiam alta.
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E FALANDO EM SOCIAL...
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Só na capital do Brasil você encontra um lugar chamado "Centro de Atenção às Vulnerabilidades Sociais".
Fico imaginando como será o trabalho deles. Será que alguém fica com um binóculo observando se aparece alguma vulnerabilidade?
Vai ver, quando aparece uma, disparam um alarme, e todos, rapidamente, se aprontam para exterminar a tal vulnerabilidade, como bombeiros indo apagar o fogo.
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MAS APESAR DAS VULNERABILIDADES,
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a água está pra Cielo.
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