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terça-feira, abril 28, 2009

DIA DA SOGRA
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Duas coisas tenho a contar sobre este dia:
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1) No Direito de Família, vimos que uma vez sogra, sempre sogra. Você pode se separar do seu marido ou da sua esposa, mas os sogros terão sempre essa condição de sogros. Então, alerta para quem quer ter mais de um cônjuge: você carregará várias sogras e vários sogros nas costas...pelo resto da vida...
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2) Um advogado (muito peça rara, por sinal), em um escritório de atendimento ao público, recebeu uma mulher que queria processar a sogra. Alegou que a sogra vivia xingando ela. O advogado ponderou: Minha filha, se eu fosse entrar com uma ação cada vez que a minha sogra me xinga, o judiciário parava por minha causa. A mulher acabou desistindo da ação.
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E só mais uma coisa que me passou pela cabeça: como será que Mr. Darcy conseguiu conviver com a sogra? Adoraria que Jane Austen tivesse escrito sobre isso. A Raquel acha que a distância de Pemberley foi o segredo.
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domingo, abril 26, 2009

NICHOLAS WINTON
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Eu tenho um quase-hobby. Digo "quase" porque falta pouco para ele virar hobby: que é recortar do jornal notícias interessantes, que mostram atitudes altruístas de pessoas anônimas, solidariedade de cães, bandidos de meia-chinela que levam vassourada quando tentam assaltar uma dona-de-casa, bombeiros recebendo um abraço de gratidão da pessoa salva. Ou seja, esses pequenos acontecimentos de desconhecidos que nos fazem esquecer um pouco da roubalheira dos políticos, da criminalidade das cidades, dos acidentes das estradas brasileiras. Um dia ainda começo o meu hobby. Seria interessante...
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E acho que uma história que não poderia faltar na minha pasta, se a tivesse lido no jornal, seria a deste senhor Nicholas Winton. É emocionante! Recebi-a por email e me fez pensar no Viktor Frankl assistindo a pessoas saindo de suas condições medíocres como seres humanos e elevando-se à condição de santos e heróis. Essas pessoas não queriam aparecer, não queriam ganhar nenhum prêmio por seus atos de bravura. Apenas fizeram o que era certo, o que tinha que ser feito. E com isso levaram o Bem a pessoas que, de outra maneira, teriam sido despojadas até mesmo da vida.
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Vejam o vídeo e comecem bem a semana!
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quinta-feira, abril 23, 2009

QUEM FOI QUE DISSE?
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Quem foi que disse uma frase que é mais ou menos assim: Quem troca a liberdade pela segurança, fica sem as duas ?
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Não sei se a frase é exatamente com essas palavras, mas o sentido era isso. E não sei se é do Thomas Jefferson ou do Benjamin Franklin (achava que era do primeiro, mas vi no Google uma citação parecida atribuída ao segundo). Enfim, seja qual for a frase correta e seja qual for o autor, tenho pensado muito nisso nos últimos tempos. Mas não com relação a emprego, pois até considero que segurança no trabalho nos dá muitas liberdades, se soubermos usar o nosso tempo (e não perder tempo com novelas, obviamente). Penso nessa frase como essencial para alguém em processo de amadurecimento mesmo, de crescimento na vida.
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O Google acaba de me dizer que é do Thomas Jefferson. Aqui:
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Uma sociedade que troca um pouco de liberdade por um pouco de ordem acabará por perder ambas, e não merece qualquer delas. Thomas Jefferson (1743-1826), carta a James Madison
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quarta-feira, abril 22, 2009

BONEQUINHO DE PÉ
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Estava para comentar brevemente sobre alguns filmes excelentes a que assisti nos últimos tempos.
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O primeiro é o francês CONVERSAS COM O MEU JARDINEIRO, com o talentoso Daniel Auteuil.
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Ele é ótimo por vários motivos. Para começar, o título diz "conversas com o meu jarneiro", pois o enredo é isto mesmo: conversas com o jardineiro. Só isso. O filme inteiro. E poderia ser enfadonho por causa disso, mas não é nem um pouco. As conversas nos cativam logo na primeira cena do filme, em que o pintor e o seu jardineiro relembram um episódio da infância - ambos tinham estudado na mesma sala. Cativados por essa primeira cena, já nos acomodamos no sofá e acompanhamos a história com a maior tranqüilidade e satisfação do mundo. Para completar, ficamos deleitados com a sabedoria do jardineiro e com a gratidão do pintor pelo amigo que cuida do seu jardim.
Uma coisa me fez pensar: tem sido raro encontrar pessoas em atividades "menores" com tanta sabedoria. Talvez fruto de muita televisão - que extingue qualquer sabedoria que ainda possa existir em um pobre infeliz. Às vezes encontro uma ou outra faxineira por aí, um ou outro cobrador de ônibus que nos empresta uma "reflexão do dia", mas não é o comum. Uma pena... Pois CONVERSAS COM O MEU JARDINEIRO me fez pensar em como seria bom se houvesse mais pessoas como o jardineiro do filme. Não foi de se estranhar que o personagem do Daniel Auteuil, o pintor, tenha ficado tão grato ao jardineiro. Precisamos de pessoas simples a nos dizer verdades simples.
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O segundo filme é FUGA DE COLDITZ.
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Na verdade já o vi há uns três anos, mas acabei não comentando no Desanuviando. Peguei esse filme na locadora imaginando que seria uma coisa e acabou sendo outra. Explico melhor: tinha ido à locadora com o meu irmão caçula para pegar alguma aventura. Era o nosso espírito do dia. Quando vimos a capa do dvd desse filme, pensamos que seria um ótimo filme de aventura. Levamos para casa e...surpresa! Ele é, sim, uma aventura, mas só até a metade do filme. A partir daí, ele vai se tornando um drama super pesado. Até alguns personagens que eram bonzinhos e engraçados vão se transformando e adquirindo personalidades cruéis. Um horror! Ficamos decepcionados, pois o nosso espírito estava para aventura. E eu não sei dizer se foi o diretor que se perdeu no meio da história, se da metade pro final outra pessoa dirigiu o filme...sinceramente, não encontro explicação.
Mas quis comentar esse filme por dois motivos: primeiro para alertá-los quanto ao estado de espírito. Se vocês, como o meu irmão e eu, estiverem com o espírito aventureiro, cuidado! Ou preparem-se para um drama. Segundo porque o filme tem uma grande "sacada" - já na parte do drama: é que na prisão Colditz, há um prisioneiro que ajuda os outros prisioneiros a fugirem, mas ele nunca foge. As pessoas não entendem por que ele ajuda os outros, mas ele mesmo não se ajuda. E então descobrimos: ele ganha drogas dos carcereiros, é um viciado. Antes de preso ao cárcere, ele está preso ao vício; e deste, ele não consegue - nem tem mais vontade de - se libertar de jeito nenhum. Nem preciso dizer que ele é um dos personagens que revelam, depois da primeira metade do filme, ter uma personalidade não confiável.
Ah! E quem trabalha neste filme é o Damian Lewis. Mas aviso: preparem-se para ver um personagem bem diferente do Cap. Winters!
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E o terceiro é VIRTUDE FÁCIL, filme inglês com ótimos atores, enredo bem escrito e aquele bom e velho humor...
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Só vou dizer uma coisa: ele é catártico. Não, tá bom: vou falar mais porque não me agüento. É catártico porque vemos a situação humilhante por que fazem a protagonista passar, que nos imaginamos no lugar dela e ficamos torcendo para que ela dê a volta por cima. Mas conto melhor: o filme tem uma americana que vai conhecer a família inglesa do marido. Há frieza no clima (do tempo mesmo), na recepção, nos comentários. Mas a americana tem uma segurança e uma presença de espírito admiráveis. No final a gente vibra com a saída de cabeça erguida da estrangeira, com a "verdade" que os outros não querem ouvir (de que aquela família só se manteve unida por manipulação) e com o conselho que ela dá às cunhadas recalcadas-maldosas: fujam, vão ver o mundo com os próprios olhos. E isso é muito sábio, pois para algumas pessoas basta verem um pouco do mundo ao redor que já melhoram.
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terça-feira, abril 21, 2009

AH, NOEL, MAS QUEM FALA NÃO TEM RAZÃO...
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Falam de mim
(Noel Rosa, Éden Silva e Aníbal Silva)
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Falam de mim
Mas eu não ligo
Todo mundo sabe
Que eu sempre fui amigo
Um rapaz como eu
Não merece essa ingratidão
Falam de mim
Mas quem fala não tem razão
Por ciúmes ou por despeito
Falam de mim
Não está direito
Procederem assim
Meu coração
Não merece essa ingratidão
Falam de mim
Mas quem fala não tem razão
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(Noel Rosa)
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O SOFRIMENTO QUE DIGNIFICA
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Admiro muito, mas muito mesmo, pessoas que passaram por algum sofrimento e transcenderam com isso. (As que não transcenderam, por outro lado, costumam ser, de um ou outro modo, tão danosas...)
É por isso que uma das personalidades dos nossos tempos que mais admiro é VIKTOR FRANKL. Já comentei algo sobre ele por aqui e, faz um tempo, li um ótimo artigo a seu respeito. Mais abaixo deixo o link para vocês o lerem e captarem um pouco mais essa questão de sofrer e transcender - o texto, aliás, usa esta palavra mesmo: transcender. Antes, porém, coloco o vídeo de uma música a que já fiz referência aqui no blog. É um vídeo tirado do filme sueco A VIDA NO PARAÍSO e mostra uma moça, que até então tinha uma vida bem humilhante, no momento em que está transcendendo. É belíssimo (visto no contexto do filme, então, nem se fale). Como conheci uma pessoa que teve os mesmos sofrimentos da personagem do filme, mas que ainda não transcendeu, desejo, de coração, que essa pessoa o faça, que o consiga, pois nunca é tarde para tomar as rédeas da própria vida, da própria razão.
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TRANSCENDER, pelo Aurélio:
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transcender[Do lat. transcendere.] Verbo transitivo direto. 1.Ser superior a; exceder: Sua inteligência transcende o padrão normal. 2.Passar além de; ultrapassar: “Já temos visto que o Estado, criatura espiritual, opõe-se à ordem natural e a transcende.” (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, p. 142.) 3.Elevar-se acima de: “A ‘nostalgia dos anjos’ não é manifesta em A Cidade do Sul [de Alphonsus de Guimaraens Filho], mas, sem embargo, este livro já mistura ao lirismo individualista elementos que o transcendem.” (Carlos Drummond de Andrade, Passeios na Ilha, p. 213.) Verbo transitivo indireto. 4.Ser superior aos outros ou a outra coisa; exceder, avantajar-se: Sua inteligência transcende a todos os seus méritos. 5.Distinguir-se, evidenciar-se: Aquele homem transcende em numerosos talentos. 6.Passar além; ultrapassar: “Quase tudo transcende à nossa compreensão, mas nada transcende à nossa vaidade.” (Matias Aires, Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, p. 46); “Essa humanização só é conseguida em poemas que transcendam das limitações do fenômeno amoroso” (Melo Nóbrega, O Soneto de Arvers, p. 94)
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E o texto sobre Viktor Frankl de que falei, você pode ler aqui.
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quarta-feira, abril 15, 2009

JANE AUSTEN PARA MULHERES
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No grupo CHÁ COM JANE AUSTEN, estamos no quarto livro da digníssima, e cheguei a uma conclusão: Jane Austen é a melhor conselheira que uma mulher pode ter. Bendita a hora em que resolvi ler sua obra completa!
E por que digo isso? Porque tudo o que preciso saber como mulher, todas as pessoas com quem vou me relacionar no cotidiano, todas as atitudes que se deve ou não ter em tais e quais situações, tudo isso já está em sua obra, ali, prontinho para nos ensinar.
Como mulher, pelo exemplo de suas heroínas (algumas melhores que outras), tenho a orientação de como agir. Elas (lembrem-se: são as heroínas; não seriam chamadas assim se não fossem cheias de qualidade) estão sempre se trabalhando, crescendo, amadurecendo. São elas, também, que estão aprendendo a conhecer melhor os outros, não se deixando levar pelas aparências. Por isso as heroínas da Jane Austen são tão admiradas.
E pelo exemplo das não-heroínas, tenho o mau exemplo, o que não fazer e como não ser, por exemplo: não ser maledicente, não se intrometer na vida dos outros, não bajular pessoas por interesse, não fazer intrigas, não querer controlar os outros, não se casar sem amor, não ser sem-caráter etc, etc...
O interessante é que, por uma coincidência (na verdade, é mais porque Jane Austen me abriu os olhos), todos os personagens de seus livros estão ao meu redor. Disso eu já desconfiva e dizia que a diferença é que, naquela época, as pessoas eram Mister Fulano, Mister Beltrano e ninguém falava palavrão. Hoje, reconheço todas as personalidades descritas, só que muito mais escrachadas - sem aquela compostura inglesa, aquela pompa, aquele linguajar educado. Mas um outro fator que salta aos olhos, e que também já serve de conselho da digníssima para a gente, é que heroínas - e heróis - são poucas. Repare bem. A maioria são os tipos "caricatos". E se na Inglaterra de Jane Austen já era assim, como não seria no Brasil de Lula?
Por isso disse que Jane Austen é para mulherzinha. É para ajudar as mulheres. É para mostrar qual a melhor atitude a tomar quando enfrentamos figuras difíceis, dúbias, interesseiras. Qual o melhor caminho a seguir quando nós, frágeis mulheres, não sabemos como prosseguir. Como ser uma heroína em nossas vidas, e não mais uma mulher, mediana, sem voz própria.
Se eu tiver filhas, todas vão começar a ler Jane Austen já na adolescência - para irem se preparando para a vida. Direi: aqui vocês vão encontrar todas as pessoas que passarão por suas vidas. Mirem-se nas heroínas e serão mulheres dignas. (Talvez elas me achem um tanto exagerada, mas quando ficarem mais velhas, vão entender e farão o mesmo com suas filhas).
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E se os homens quiserem ler Jane Austen? Não há problema: eles vão aprender sobre o nosso universo. Terão um pouco mais clara a resposta para a pergunta: do que as mulheres gostam? Mas reforço: os conselhos ali implícitos são todos para nós.
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Tudo isso ficou mais claro para mim - que Jane Austen é preferencialmente para as mulheres - quando li Razão e Sensibilidade. Eu tinha feito um teste virtual para saber com qual das heroínas me parecia: deu Elinor Dashwood. Fiquei um pouco decepcionada, pois queria ser a Elizabeth Bennet - a maioria quer! Pois acontece que, na medida em que ia lendo o livro (Razão e ...), tudo o que acontecia no livro, e especialmente com Elinor, está, de alguma forma, acontencendo comigo. Mudando um ou outro grau de relacionamento com alguns personagens. Mas todas as pessoas descritas ali estão ao meu redor, atualmente, convivendo comigo. Fiquei impressionadíssima. E cada pergunta que me fazia, logo vinha a Elinor - e eventualmente Marianne - e me dava a resposta. Praticamente um oráculo. Um i-ching inglês!
Mas o melhor de tudo é que Jane Austen, não só te mostra a sua vida, como dá bons conselhos! Nos conselhos dela, você pode confiar!
Por isso, amiga leitora, desligue a televisão, esqueça a novela...vai ler Jane Austen!
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(Foto retirada da internet, mas eis o que ela quer mostrar: as meninas, na pré-adolescência, estão começando a ler Jane Austen. Reparem como estão concentradas e não conseguem largar o livro! O menino, que está de costas, está lendo Joseph Conrad. Quando ele ficar mais velho e começar a se interessar (com interesses varonis mesmo, que fique bem claro) pelo misterioso - ou complicado! - universo feminino, ele vai "roubar" os livros das irmãs e vai ler Emma, Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito...)
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terça-feira, abril 14, 2009

PARA AS LULUZINHAS:
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A Raquel, depois de ter lido o post A LIÇÃO DE ANNE, e visto que sou fã de BAND OF BROTHERS, me perguntou o que eu achava do Damian Lewis (foto abaixo) para representar Mr. Knightley. Eu acho fantástico! Não tinha pensado nisso antes, mas agora que ela falou, realmente...! Ele é digno de representar um herói da Jane Austen, sim. Seu porte - acentuado por seu personagem no seriado da HBO - transmite todas as virtudes que um herói janeaustiano possui. O que as demais leitoras pensam a respeito?
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E isto, que contei para a Raquel, no site dela, é algo que só se conta passado um bom tempo...(para vocês terem uma idéia do que é BAND OF BROTHERS!)
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eu a-do-ro Band of Brothers. Teve um final de semana que eu o passei todo assistindo a série completa. E tinha uma prova na segunda-feira. Pra vc ter uma idéia, em uma das questões, não sabia a resposta, então resolvi ser “sincera” com o professor e escrevi que não sabia a resposta pq tinha passado o final de semana vendo Band of Brothers,mas daí contei o resumo do série etc. Resultado: a questão valia 2 pontos, e eu ganhei 1,25!!! Não muito justo, sei, mas prova que Band of Brothers é valiosíssimo!
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P.s.: crianças, não façam isso!
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MAIS JANE AUSTEN
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Não me canso de dizer que Jane Austen é fantástica. Cada capítulo, de qualquer livro seu, comprova isso. Mas começo a mudar de idéia quanto a uma coisa: sempre fiz questão de defender que Jane Austen não é literatura de mulherzinha. Agora penso que é, sim. No próximo post conto o porquê.
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domingo, abril 12, 2009

A LIÇÃO DE ANNE...(*)
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Hoje ouvi um velho fazer a seguinte afirmação: homem que não bebe cachaça não é homem. Pois imediatamente meus botões deram um pulo e perguntaram (só para mim): e o Capitão Winters?
Para quem não sabe, Capitão Winters foi o comandante da Easy Company, retratada no (magistral) seriado da HBO: BAND OF BROTHERS. Esse comandante é exemplar: em liderança, em disciplina, em sensatez, em valores, em exemplo. E ele não colocava uma gota de álcool na boca! Se ele não fosse assim e não tivesse todas as qualdiades que tinha, nem fosse, como se diz por aí, "caxias", duvido que a Easy Company tivesse sobrevivido à primeira batalha. Pois quando olho para o Capitão Winters, sinceramente... não vejo nenhum cachaceiro que chegue aos seus pés.
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(*) Jane Austen é tão fantástica que colocou aquelas palavras (ver post do dia 08 de abril de 2008 ) na boca de Anne, em PERSUASÃO. É aquilo: você vive em um único grupo e não consegue nem imaginar que há grupos diferentes do seu. Saindo um pouquinho, verá que temas que lhe pareciam de suma importância, não despertam a mínima atenção em outros grupos.
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Você "sai do grupo" não apenas fisicamente, se locomovendo de um lugar para outro. Você também pode sair de um grupo e ir para outro, mudando "os ares", ou seja, lendo livros. Chesterton é um exemplo disso: nunca saiu de sua cidadezinha, mas está longe de ser "pequeno" - e, no caso dele, em todos os sentidos.
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Capitão Winters, além de todas as qualidades, existiu mesmo! Não é personagem de seriado, não. Veja aqui.
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sexta-feira, abril 10, 2009

A TAL LUZ...
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Há uma luz por que sempre busco. Uma vez a encontrei em sua plenitude (*). Descrevi-a no post do dia 14 de dezembro de 2007. É uma luz que, quando aparece, aparece mais para o fim da tarde. E deixa as árvores incrivelmente verdes, as bougainvilles incrivelmente roxas, o céu incrivelmente azul... com o tom amarelado ao redor de tudo isso. É uma luz que bate já meio inclinada e nos convida a sair de casa para contemplar. É uma luz que faz silêncio. E nós fazemos silêncio ou, no máximo, sussurramos, para não desrespeitar tamanho espetáculo. É uma luz que combina com brisa suave. Temperatura: nem frio, nem quente; fresco...
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Deve ser por isso que gosto tanto do filme UM BOM ANO. É uma comediazinha romântica leve, sem muita pretensão. Mas captou tão bem a tal luz. Quem viu o filme deve ter notado. Vejo aquele filme e fico morrendo de saudades dessa luz. Me pergunto se nos vinhedos da Provença (que o filme retrata) essa luz é constante. Será?
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(*) pois, às vezes, vejo apenas nuances dessa luz.
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p.s.: no post de 14 de dezembro de 2007, me referi à tal luz como "redentora". Não foi exagero. Ela é mesmo redentora. Quem a vê nunca mais é o mesmo...
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(Ah! Minha casa dos sonhos também tem essa luz inclinada de fim de tarde. E a luz entra por entre as cortinas e toca na mesa onde comemos bolo de laranja com café no final da tarde.)
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quinta-feira, abril 09, 2009

UM ADENDO AO POST DE ONTEM:
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A pequenez a que me refiro não é o fato de aquelas crianças não perceberem que em alguns anos meia com sandália seria moda. (Até porque acho que essa combinação exige cautela!). A pequenez a que me refiro é a de ficarem debochando da menina. Isso é que é pequeno. E muitos dos que debochavam, provavelmente só o faziam porque estavam naquele grupo. Se mudassem para outro, seriam diferentes, pois, como no caso de Anne, de Persuasão, veriam que, em outro grupo, assuntos como meia com sandália não eram interesse de ninguém - nem pra elogiar, nem pra criticar.
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E FELIZ PÁSCOA A TODOS!
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Ouvi esta música em um pps e adorei. Fui buscar no youtube. É do filme O Carteiro e o Poeta. Coloco duas versões. Aproveitem!
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quarta-feira, abril 08, 2009

SÓ MUDAR O ÂNGULO UM POUQUINHO...
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Estava olhando uns folhetos de moda (*), e vi que as modelos usavam meia-calça escura com sandália de verão. Isso me fez lembrar de quando eu tinha 6 anos e ia para a escola de ônibus escolar. Como eu era da faixa etária dos pequenos, me sentava na frente para ser cuidada por uma moça. Os um pouco mais velhos que eu se sentavam no fundo e não eram tão supervisionados assim. Lembro também que havia uma garota não muito bem aceita por esses mais velhos, e ela, ainda por cima, usava sandálias com meia! Disse "ainda por cima" porque lembro que isso era motivo de riso entre os mais velhos. Essa garota várias vezes foi se sentar na frente conosco (os menores) porque não agüentava a gozação, coitada.
Pois vejam: passou-se o tempo e agora a moda quer nos mostrar que é bonito usar meia com sandália. Me pergunto se os que riam daquela garota hoje se preocupam com a moda e usam o que os fez debochar dela.
É que certas coisas (certas pequenezes) que metemos em nossas cabeças é porque não tentamos olhar por um outro ângulo. Muitas vezes, basta mudarem os tempos, que enxergamos de outra maneira. Ou basta mudarem o grupo da pessoa. Jane Austen que o diga! Vejam em Persuasão, no capítulo 6:
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Anne não precisava dessa visita a Uppercross para saber que a mudança de um grupo de pessoas para outro, embora a uma distância de apenas cinco quilômetros, inclui muitas vezes uma mudança total nas conversas, opiniões e idéias. Ela nunca estivera lá hospedada sem que isso lhe viesse à mente, nem sem desejar que outros Elliot tivessem a mesma oportunidade de ver como eram ali desconhecidos e irrelevantes os assuntos que no Solar de Kellynch eram considerados de tão grande interesse; no entanto, com toda esta experiência, ela achava que lhe era necessário aprender mais outra lição sobre a arte de conhecer a nossa própria insignificância fora do nosso círculo (...)
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Quando vejo alguém surpreso com alguma afirmação feita (***), alguma afirmação que, para outros, é a mais corrente possível, provavelmente esse alguém não teve a chance de conhecer outros grupos. Ou outros tempos.
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(*) já de inverno, socorro! Estão a me lembrar (**) que a próxima estação é ele - o frio - vindo...
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(**) "estão a me lembrar"...só para ficar ainda mais diferente da reforma gramatical. Sinceramente, tenho até vontade de escrever como os meus avós escreviam, só de pirraça com essa reforma: êle foi sòzinho.
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(***) uma tia minha contou que na escola onde está dando aula, certas crianças ficaram muito surpresas quando minha tia começou a cobrar delas palavras como: por favor, obrigado, licença. É que algumas crianças tinham mais familiaridade (****) com expressões do tipo: deixa de putaria (sic).
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(****) e a expressão "ter mais familiaridade" é perfeita: já mostra de onde vêm certas idéias e comportamentos.
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terça-feira, abril 07, 2009

AGORA OS CIENTISTAS ESTÃO DIZENDO
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É aquele negócio: há pessoas que não precisam ser cientistas para já ficarem com um pé atrás com certas afirmações. Mas vá lá...há os sãotomés da vida que precisam verificar na prática; então teimam e vão em frente com algum experimento, só para crer... E acabam vendo o que aquelas pessoas já sabiam só de intuição, boa-fé, sensatez etc. Não digo que esses cientistas não sejam importantes. É bom que eles existam - para abrirem os olhos dos outros sãotomés, os que não forem cientistas, que também teimam em enxergar a verdade.
O único que se espera é que, com o resultado do experimento, eles vejam e enxerguem o que será revelado. (Porque alguns vêem, e continuam a não enxergar... Esses são os da pior categoria.).
Mas chego aonde queria. Ontem a professora de Direito de Família nos disse para ter muita cautela com possíveis casos envolvendo "herança genética". (Para vocês terem uma idéia, há empresas norte-americanas que, além do Curriculum Vitae, estão pedindo o mapa genético do candidato. Pessoas deixam de conseguir emprego porque o tal mapa genético revela que elas poderão desenvolver uma doença no futuro. Que fatídico isso, né? Não sei o que é mais supersticioso: pedir o mapa genético ou o mapa astral do candidato. Sinceramente...). E ela contou que viu em um programa uma pesquisa feita por cientistas, envolvendo gêmeos univitelinos. Como se sabe, gêmeos univitelinos são geneticamente idênticos. Então, o que a pesquisa deduzia, se um irmão vier a desenvolver esquizofrenia, o outro também virá; se um tiver câncer, o outro também terá, e assim por diante.
Mas, para a surpresa dos tais cientistas, eles viram que muitos irmãos apresentavam determinada doença, enquanto os outros, geneticamente idênticos, continuavam sãos. Daí eles concluíram (eles precisaram desse experimento para concluir o que muitos já intuíam. Mas não estou querendo criticar, como dizia uma professora) que a tão badalada genética (*), sozinha, não é determinante na vida de uma pessoa. Há diversos outros fatores que determinam se a pessoa desenvolverá uma doença ou não. (Que novidade...) Há o ambiente, a alimentação, o tipo de vida que a pessoa leva, o emocional...e há, também, o que poucos revelam: os mistérios da vida. Podemos não os desvendar, mas não os podemos ignorar.
Para esses cientistas, e para muitos sãotomés da vida, acho que faltou eles ouvirem um dos maiores conselhos que alguém já deu para a humanidade. Me refiro a um conselho do Rilke, e, apesar de já o ter copiado aqui uma ou duas vezes, vou transcrever mais uma vez. Dessa vez anotem, colem no espelho e leiam todos os dias em voz alta:
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Trata de não excluir nada, nem mesmo os mistérios da vida.
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(*) Quem, há um bom tempo, tem o pé atrás com essa onda de querer transformar a genética em deusa é o Kiko. Ah! E os meus botões também. Meus botões não gostam de nada que seja muito alarmista.
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domingo, abril 05, 2009

ESTE É NOVO PARA MIM (*)
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(São Francisco de Paula - comemoração: 02 de abril)
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Se há um tipo de biografia que gosto de ler é biografia de santo. É fascinante tudo o que envolve os santos: suas vidas, suas conversões - quando houve -, suas devoções, seus devotos, seus milagres, a maneira como eles aparecem em nossas vidas e a maneira como eles levaram suas vidas - nos fazendo reparar em como estamos levando as nossas...
Um santo de que não sabia nada a respeito era São Francisco de Paula. No google brasileiro, há pouca informação a seu respeito. Em compensação, se buscamos na Itália, há milhares de sites em sua homenagem.
Para quem tiver afinidade com a língua italiana, e também gostar de histórias de santos, visite o site oficial desse humilde mas poderoso (**) San Francesco di Paola. Aqui.
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(*) Aqui no Desanuviando, continuo só "ouvindo" os outros.
(**) E por que não mais um santo a recorrer? Afinal, los que no creen en santos no pueden curarse con milagros de santos. (Alejo Carpentier). Aliás, los que no creen no pueden curarse.
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p.s.: A Bahia é que não perdeu tempo: ficou Bahia de TODOS OS SANTOS. Sabe como é, proteção nunca é de mais. (E eles levaram isso tão a sério que ainda quiseram todos os orixás. Acabou dando aquela mistura que nós conhecemos, aquele carnaval todo, mas virou a terra da alegria, como dizem.)
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quinta-feira, abril 02, 2009

LEONID AFREMOV
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Recebi um pps com pinturas desse artista. Gostei bastante. Ele deixa os dias de chuva muito charmosos. Enquanto não volto (*), fiquem com esta imagem.
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(Leonid Afremov. Para ver mais pinturas dele, entre aqui).
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(*) Sabe o que é? Estou falando pra dentro, e não pra fora. E, além disso, há tanto o que ouvir nesses tempos. Como esse quadro, por exemplo. Ou como os livros da Jane Austen. E não me perguntem quanto tempo isso vai durar. Nisso de falar pra dentro, fui falar comigo quando era criança. Interpretem como quiserem. Mas o que aconteceu mesmo foi: saí de mim, aliás, meu espírito saiu de mim - ele que está em contato com o Eterno -, foi ao que chamamos de "passado", - que para ele, o espírito, não tem diferença -, me encontrou pequena, dormindo angelicalmente, e me fez um carinho. Era eu, mas era como se fossem duas "eus". Eu adulta, fazendo carinho na eu criança. Rapaz, sabe o que aconteceu? A eu criança acordou e agora está toda serelepe. E quer que eu dê ouvidos a tudo o que ela fala. E o resultado disso é interessante: me despertou o meu lado criança ao mesmo tempo em que me despertou o meu lado materno - ora, eu adulta cuidando da eu criança; e eu criança divertindo e enchendo de ternura a eu adulta.
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Ah! Despertar a criança interior! Então é assim.
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E para completar, o mês de abril é tão fofinho (*). Está a me lembrar o tempo todo sobre a tal criança.
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(*) essa só a minha família vai entender, pardon.
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E só para compartilhar o que eu criança andou fazendo (Porque eu adulta não faria uma coisa dessas):
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Estava no supermercado, na fila do caixa, quando ouvi uma senhora conversando com outra. A que conversava se lamentava sobre mil coisas. Estava um papo arrastado, já quase me envolvendo nas lamúrias (já quase me fazendo subir pelas paredes, isso sim), quando ela finalizou:
- Daí decidi que não me lamento mais.
Não sei o que me deu, que fui falar com os meus botões, mas acabei falando em voz alta:
- Mas se lamentando.
A mulher se virou e olhou pra mim assustada. E eu gelei! Imagina: me intrometi na conversa alheia, falei o que não devia e certamente vou ouvir o que não quero - e com razão! Onde estava com a cabeça para falar isso? (E onde estava a minha discrição? Tenho os botões justamente para não ter que expor todo pensamento que passa pela minha cabeça.)
Já estava me preparando para ouvir um sermão de uma estranha, mas então a surpresa:
Ela deu um sorriso humilde e falou:
- Eu prometo! Não vou mais me lamentar.
E eu sorri amarelo...mas aliviada!
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