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quarta-feira, abril 08, 2009

SÓ MUDAR O ÂNGULO UM POUQUINHO...
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Estava olhando uns folhetos de moda (*), e vi que as modelos usavam meia-calça escura com sandália de verão. Isso me fez lembrar de quando eu tinha 6 anos e ia para a escola de ônibus escolar. Como eu era da faixa etária dos pequenos, me sentava na frente para ser cuidada por uma moça. Os um pouco mais velhos que eu se sentavam no fundo e não eram tão supervisionados assim. Lembro também que havia uma garota não muito bem aceita por esses mais velhos, e ela, ainda por cima, usava sandálias com meia! Disse "ainda por cima" porque lembro que isso era motivo de riso entre os mais velhos. Essa garota várias vezes foi se sentar na frente conosco (os menores) porque não agüentava a gozação, coitada.
Pois vejam: passou-se o tempo e agora a moda quer nos mostrar que é bonito usar meia com sandália. Me pergunto se os que riam daquela garota hoje se preocupam com a moda e usam o que os fez debochar dela.
É que certas coisas (certas pequenezes) que metemos em nossas cabeças é porque não tentamos olhar por um outro ângulo. Muitas vezes, basta mudarem os tempos, que enxergamos de outra maneira. Ou basta mudarem o grupo da pessoa. Jane Austen que o diga! Vejam em Persuasão, no capítulo 6:
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Anne não precisava dessa visita a Uppercross para saber que a mudança de um grupo de pessoas para outro, embora a uma distância de apenas cinco quilômetros, inclui muitas vezes uma mudança total nas conversas, opiniões e idéias. Ela nunca estivera lá hospedada sem que isso lhe viesse à mente, nem sem desejar que outros Elliot tivessem a mesma oportunidade de ver como eram ali desconhecidos e irrelevantes os assuntos que no Solar de Kellynch eram considerados de tão grande interesse; no entanto, com toda esta experiência, ela achava que lhe era necessário aprender mais outra lição sobre a arte de conhecer a nossa própria insignificância fora do nosso círculo (...)
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Quando vejo alguém surpreso com alguma afirmação feita (***), alguma afirmação que, para outros, é a mais corrente possível, provavelmente esse alguém não teve a chance de conhecer outros grupos. Ou outros tempos.
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(*) já de inverno, socorro! Estão a me lembrar (**) que a próxima estação é ele - o frio - vindo...
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(**) "estão a me lembrar"...só para ficar ainda mais diferente da reforma gramatical. Sinceramente, tenho até vontade de escrever como os meus avós escreviam, só de pirraça com essa reforma: êle foi sòzinho.
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(***) uma tia minha contou que na escola onde está dando aula, certas crianças ficaram muito surpresas quando minha tia começou a cobrar delas palavras como: por favor, obrigado, licença. É que algumas crianças tinham mais familiaridade (****) com expressões do tipo: deixa de putaria (sic).
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(****) e a expressão "ter mais familiaridade" é perfeita: já mostra de onde vêm certas idéias e comportamentos.
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