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segunda-feira, fevereiro 16, 2004

UMA VEZ, conversando com uma amiga sobre o problema de "descontar no mais fraco", percebi que estava matando muitas baratas. Sim, no sentido literal mesmo! Mas não simplesmente matando-as: matando com gosto! E tinha a impressão de que elas apareciam no meu caminho justo naqueles dias mais difíceis; naqueles em que eu chegava tarde em casa, cansada e um tanto aborrecida por alguns incidentes corriqueiros. E era só matar algumas baratas que pronto!: relaxava! Isso só mudou quando deixei minha casa limpa! (brincadeira! Só queria ver a reação de alguns! Minha casa é limpinha! As baratas surgiam de um ralo que já foi fechado.); mas voltando: isso - o matar as baratas, para ser mais clara - só mudou quando li A METAMORFOSE e passei a ter pena dos insetos. Bem, ainda acho as baratas nojentas e ainda mato aquelas que aparecem no meu caminho! Mas passei a levar em consideração toda a agonia pela qual elas passam... (Nossa, nossa, que devaneio! Esqueçam esse monólogo sobre "dó de baratas"! Quando penso em ter pena delas, lembro que elas serão as únicas sobreviventes de uma guerra nuclear! Ah! E também é melhor descontar frustrações corriqueiras em baratas que em pessoas...)

MAS FALANDO EM METAMORFOSE...

Hoje encontrei o Viramundinho deitado na calçada, com o mesmo aspecto daquele outro dia. Acho que ele está na "fase Gregor Samsa", a fase em que se está como o pobre personagem de A METAMORFOSE. Todo mundo já deve ter passado por um período desses ou ter tido um "dia daqueles", em que se sente um inseto gigante, um incompreendido pela sociedade, óh...adolescentes têm muito isso, mas de vez em quando esse sentimento de inseto-abjeto acomete até mesmo adultos. Desde que a pessoa não se deixe transformar em inseto de verdade, é compreensível. Mas é sempre bom tentar, nesses casos, reverter a “metamorfose” ou, se virou inseto de vez, pode fazer o que Gregor Samsa não fez: bater as asas e sair pela janela, ao invés de ficar agonizando no quarto. As pessoas se assustarão com um inseto gigante voando, mas muitos pensarão ter visto um disco-voador, o que é ótimo: você se manda para Marte e talvez “se encontre”, encontrando outros iguais a você!!

Tsc, tsc. Mas desculpem a prolixidade! Voltemos ao nosso vira-lata! O Viramundinho continuava caído, “entregado” ao tédio. Só que eu estava preparada ao subir a ladeira: carregava, na bolsa, o exemplar de uma revista de turismos para convidá-lo para uma viagem. Primeiro perguntei com palavras:

- Viramundinho, você gostaria de fazer uma viagem?

Ele não respondeu, nem ao menos se mexeu.

Resolvi pegar a revista e, por meio de sinais, abri-a em uma página qualquer e aproximei-a de seus olhos. Como por mágica, ele se atiçou, mexeu o rabinho e latiu alegremente! Então pedi que fosse se preparando para a viagem que, logo, logo, iria buscá-lo.

E continuei a minha subida contente e satisfeita comigo por ter ajudado o Viramundinho, mas intrigada – esse cachorro sempre me intriga! -: o que será que o deixou tão agitado? Olhei com calma a revista e nenhuma outra reportagem me pareceu ter sido mais responsável por essa mudança de estado que uma, cujo anúncio era:

“SOMBRA E ÁGUA FRESCA, COMIDA FARTA E FESTA – O PARAÍSO QUE VOCÊ BUSCAVA”

Pensei com os meus botões: nada como o vislumbre do ócio para animar o espírito...

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(Nesta semana contarei como estão os preparativos para a viagem!)
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