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segunda-feira, junho 09, 2003
Texto da semana para OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br)
O ESPANHOL ENFERMO
Esta história me foi contada pela minha avó que, por sua vez, a ouviu de seus avós, nascidos em Florianópolis – cidade que, como todos sabem, está cheia de magia.
Contam que certa vez um sevilhano, alegando à família que viria ao Brasil em busca de trabalho, veio sozinho para a Ilha de Santa Catarina. Lá chegando, apaixonou-se por uma moça simples da terra, esquecendo-se, em pouco tempo, da família que deixara na Espanha..
A pobre moça, coitada, ingênua e iludida com aquele sotaque castelhano e com os repetidos “te quiero”, descobriu-se grávida em dois meses. O espanhol, “por supuesto”, chocou-se com a notícia, desapareceu para a moça e voltou à Sevilha, alegando à família que o Brasil não tinha nada: não havia trabalho, não havia gente decente, não havia civilização.
Mas, enquanto o ventre da mocinha crescia, uma rara doença se desenvolvia no espanhol. Ele começou a perder peso, os cabelos escasseavam, seus olhos mudavam de cor num espantoso ciclo lunar e, quando dormia, sua boca espumava. Chegaram a desconfiar de raiva, mas o diagnóstico dessa doença não coincidia com o quadro clínico do paciente. Era, sem dúvida, uma enfermidade raríssima naquela região e em toda Europa. Foi então que começaram a acusar as terras da ilha: “Só pode ter se contaminado lá”, diziam.
Passaram-se dezesseis meses e, quando o espanhol já estava tão magro quanto lua minguante e sua família perdia qualquer esperança, apareceu uma benzedeira afirmando ser capaz de curar a misteriosa doença. Como todos os remédios haviam sido tomados e todas as expectativas de cura haviam falhado, um esforço a mais não faria diferença, mas também não custava tentar.
A tal benzedeira era uma velhinha de cabelos brancos e secos, rosto queimado pelo sol e mãos enrugadas. Ela foi levada até ao quarto do doente e, vendo-o desfalecido na cama, solicitou a todos que se retirassem.
De fora do cômodo, ninguém ouviu nada. Depois de um par de horas, a velhinha saiu do quarto e disse que ele estava curado, mas precisaria de um longo repouso, pois estava muito debilitado.
A família correu para abraçá-lo e se surpreendeu ao vê-lo com o seu antigo peso corporal, seus cabelos de volta e o seu rosto corado outra vez. No entanto, ele não falava nada; estava boquiaberto, sem pronunciar nenhuma palavra, e seus olhos, embora imóveis, não paravam de lacrimejar.
Saindo daquela casa espanhola, a benzedeira sacudiu a poeira dos pés, ajeitou os cabelos em um coque perfeito e caminhou pela calçada até um bar distante e escuro. Ali, encontrou-se com sua filha e seu netinho e os três, discretamente, subiram em uma vassoura e voaram de volta à Ilha de Santa Catarina.
O ESPANHOL ENFERMO
Esta história me foi contada pela minha avó que, por sua vez, a ouviu de seus avós, nascidos em Florianópolis – cidade que, como todos sabem, está cheia de magia.
Contam que certa vez um sevilhano, alegando à família que viria ao Brasil em busca de trabalho, veio sozinho para a Ilha de Santa Catarina. Lá chegando, apaixonou-se por uma moça simples da terra, esquecendo-se, em pouco tempo, da família que deixara na Espanha..
A pobre moça, coitada, ingênua e iludida com aquele sotaque castelhano e com os repetidos “te quiero”, descobriu-se grávida em dois meses. O espanhol, “por supuesto”, chocou-se com a notícia, desapareceu para a moça e voltou à Sevilha, alegando à família que o Brasil não tinha nada: não havia trabalho, não havia gente decente, não havia civilização.
Mas, enquanto o ventre da mocinha crescia, uma rara doença se desenvolvia no espanhol. Ele começou a perder peso, os cabelos escasseavam, seus olhos mudavam de cor num espantoso ciclo lunar e, quando dormia, sua boca espumava. Chegaram a desconfiar de raiva, mas o diagnóstico dessa doença não coincidia com o quadro clínico do paciente. Era, sem dúvida, uma enfermidade raríssima naquela região e em toda Europa. Foi então que começaram a acusar as terras da ilha: “Só pode ter se contaminado lá”, diziam.
Passaram-se dezesseis meses e, quando o espanhol já estava tão magro quanto lua minguante e sua família perdia qualquer esperança, apareceu uma benzedeira afirmando ser capaz de curar a misteriosa doença. Como todos os remédios haviam sido tomados e todas as expectativas de cura haviam falhado, um esforço a mais não faria diferença, mas também não custava tentar.
A tal benzedeira era uma velhinha de cabelos brancos e secos, rosto queimado pelo sol e mãos enrugadas. Ela foi levada até ao quarto do doente e, vendo-o desfalecido na cama, solicitou a todos que se retirassem.
De fora do cômodo, ninguém ouviu nada. Depois de um par de horas, a velhinha saiu do quarto e disse que ele estava curado, mas precisaria de um longo repouso, pois estava muito debilitado.
A família correu para abraçá-lo e se surpreendeu ao vê-lo com o seu antigo peso corporal, seus cabelos de volta e o seu rosto corado outra vez. No entanto, ele não falava nada; estava boquiaberto, sem pronunciar nenhuma palavra, e seus olhos, embora imóveis, não paravam de lacrimejar.
Saindo daquela casa espanhola, a benzedeira sacudiu a poeira dos pés, ajeitou os cabelos em um coque perfeito e caminhou pela calçada até um bar distante e escuro. Ali, encontrou-se com sua filha e seu netinho e os três, discretamente, subiram em uma vassoura e voaram de volta à Ilha de Santa Catarina.
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