<$BlogRSDURL$>

segunda-feira, setembro 29, 2003

Interrompendo o CICLO TOQUINHO para postar o texto para OS VIRAMUNDOS (www.osviramundos.hpg.ig.com.br). (Amanhã tem mais Toquinho!)

NUMA NOITE DE SÁBADO DE 2023 (ou: continuação de NUMA NOITE DE SÁBADO, do Sanderson – www.sandersoncs.blogspot.com)

José levantou-se e foi embora. Os demais, cansados, seguiram o seu exemplo. Os garçons limparam as mesas, varreram o chão e apagaram as luzes do bar. Fora firmado um acordo velado de que não haveria mais encontros aos sábados. Não haveria mais encontros.

Cada um desprendeu-se do elo que o unia ao grupo e os cinco seguiram cinco caminhos diferentes.

Mas pacto de amizade é eterno e, um dia, no futuro, seus caminhos convergirão a um mesmo ponto. Um ponto situado numa noite de sábado de 2023...

--~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-~-

José, em uma viagem de negócios àquela cidade de sua juventude, passou pelo bar em que costumava encontrar-se rotineiramente com os amigos.

O dia estava nublado, com nuvens como se guardassem lembranças e saudades. E José, nostálgico dos tempos antigos, resolveu marcar um reencontro com os amigos.

Os outros quatro permaceram na cidade por esses anos, embora, entre si, não mantivessem contato. José teve trabalho para localizá-los, mas, quando a intenção é nobre, as coisas conspiram à favor.

Foi-se marcado o encontro: sábado à noite.

José chegou primeiro e escolheu a mesa localizada no canto onde eles se sentavam.

Paulo e João chegaram juntos, com os rostos sérios.

Ana foi a seguinte. Parou um instante na entrada, tentando reconhecê-los, mas logo os avistou.

Finalmente apareceu Pedro e sentou-se à mesa com os outros.

Há vinte anos que eles não mais se reuniam. Há vinte anos que um não sabia do
outro. E tanto tempo sem se ver, eram normais uma reserva e um certo desconforto.

Começaram a conversar sobre o presente, mas entre uma rodada e outra de chope, o assunto ia recuando no tempo e as lembranças, aflorando. A conversa ficava mais solta, os cinco, mais à vontade e os sorrisos mais abertos e espontâneos. Os olhos lubrificavam-se daquele antigo brilho da juventude.

Os cinco voltavam a ser amigos e relembravam, animados, todos os assuntos rotineiros da época. Falavam tanto, conversavam tanto, que era como se tudo ao redor se cristalizasse e somente eles continuassem vivendo e revivendo cinco histórias e uma história de cinco vidas.

E, conversa alegre, conversa alta, nem perceberam a única música de fundo do bar: uma música brega, bem brega, mas que falava do efêmero e do eterno...

Comments:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter