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sábado, setembro 06, 2003

Passada a cena que lhes relatei, aparece o protagonista, o jovem Neal Oliver, indeciso sobre a vida, principalmente no que diz respeito à profissão a escolher: seguir a carreira de advogado, como o pai, ou se arriscar como pintor, seu grande sonho. (Já adianto que o filme não tem a ver com o Billy Eliot e o esforço de um artista para se afirmar com seu talento. VIAGEM SEM DESTINO mostra as inusitadas respostas que Neal Oliver encontra durante uma viagem pela misteriosa INTERSTATE 60.

Para não estragar as surpresas de VIAGEM SEM DESTINO, contarei só mais uma parte: a em que Neal Oliver dá carona a uma mãe desesperada em busca do filho – provavelmente foragido numa cidade em que há “rave” e uma droga sintética legalizada, chamada “euforia” (tsc, tsc).

Ambos entram na “rave” – festa em que “euforia” é distribuída - e encontram o garoto. Como todos na festa, o rapaz também está em êxtase (!), sentindo-se a pessoa mais “feliz” do mundo. Por isso, recusa-se a voltar para casa.

A mãe, desolada, e Neal vão para a delegacia e o policial explica, cinicamente, qual é o esquema da cidade: os jovens que passam a usar a droga ficam a noite inteira nas “raves”. Para obter mais “euforia” – a própria cidade encarrega-se de fornecê-la - , eles precisam trabalhar. Então, completamente dopados (ou domesticados, o que seja), os usuários da “euforia”, com coleiras, durante o dia, varrem as ruas da cidade, limpam os banheiros públicos etc. (E se desobedecem alguma ordem ou se se comportam mal, ficam presos no zoológico.)

Apesar de um pouco teatral, é uma cena boa. E não preciso dizer o que falam certos emails, após uma fábula ou narração: “A vida é assim. Quantas vezes nós blá-blá-blá...”. Já está óbvio.

Mas comentei essa parte do filme, pois me lembrei do livro ADMIRÁVEL MUNDO NOVO e é ele o assunto de amanhã.

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MAIS ESTRADA DA VIDA

Já recebi um email (um dos meus favoritos que circulam por aí) que é mais ou menos assim:

Um rapaz estava dirigindo por uma estrada e poderia dar carona para apenas UMA pessoa.

Ele então passa:
por uma pessoa acidentada, precisando de atendimento;
pela mulher dos seus sonhos;
e por um médico que lhe havia salvado a vida no passado.

Se fosse com você, o que faria? Para que única pessoa daria carona?

Veja qual foi a solução do rapaz:

Ele deu o carro para o médico e o informou sobre o acidentado na estrada.
E ficou a pé...com a mulher da sua vida!

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OK, OK, me empolguei! Lembrei-me de mais uma história com "estrada da vida".

Esta é de um tesouro: o livro MINHA VIDA QUERIDA, de MALBA TAHAN, me presenteado por uma pessoa muito especial.

Chama-se O PASTORZINHO ADORMECIDO e conta a lenda de um pastorzinho que, “vencido pela fadiga (...) deitou-se à sombra de uma grande árvore, à margem da estrada, e dormiu placidamente”.

Para resumir, e sem aquela encantadora (ai, hoje estou muito “adjetivadora”) escrita do Malba Tahan, passaram, por esse pastorzinho:
um rei que, ao vê-lo, pensa em adotá-lo para que seu reino e sua riqueza tenham um herdeiro. Mas, vendo-o tão sereno, o Rei se promete voltar mais tarde. Porém, vai e nunca mais volta;
em seguida, uma formosa princesa que o vê e o elege como seu esposo. Mas o pastorzinho dormia tão tranqüilo que ela teve pena de acordá-lo. Então, assim como o rei, se promete voltar mais tarde, porém, vai e nunca mais volta;
“continua, ainda, o pastor a dormir sob a árvore, quando cruzou a estrada um dos bandidos mais perigosos da região”. Ao deparar-se com o pastorzinho, decide matá-lo. No entanto, ao vê-lo adormecido, desiste da idéia e se promete voltar depois para matá-lo quando estiver acordado e consciente da dor que o punhal lhe causará. E, como o rei e a princesa, vai e nunca mais volta.

O final da história é terminado assim:

“Meus amigos, reparai bem...

Quantas vezes, em meio do turbilhão de vossa existência, não ficastes, como o pastorzinho da lenda, adormecidos à margem da grande estrada da Vida? E de vós também se aproximaram, em certos momentos, sem que pudésseis perceber, a Fortuna, o Amor e a Morte...”


(Ops!, e esse final lembra alguns finais de emails, não é mesmo?!)
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