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quarta-feira, novembro 05, 2003

ONDE PARAMOS?

Ia falar algo da Clarice Lispector, mas esqueci o que era ( tinha a ver com o livro PARA NÃO ESQUECER). Quando lembrar, escrevo.

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RACHEL DE QUEIROZ

Final de semana passada, mexendo numas estantes, deixei cair duas vezes o livro O QUINZE. Na primeira vez, juntei-o automaticamente. Na segunda, já impaciente pela teimosia dele, coloquei-o na última estante, a mais alta, onde não poderia encostar nele e, portanto, derrubá-lo outra vez.

Ontem, depois de saber da notícia da escritora, peguei o livro e coloquei-o na minha cabeceira.

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(Perry, será que você vai encontrar a Rachel?)

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COM OS MEUS BOTÕES...

Sinceramente, não entendo como alguém debocha de quem acha um livro “lindo”, “maravilhoso”. O estranho seria alguém terminar um livro...Não, reformulando. Melhor argumentar com um exemplo: O estranho seria alguém terminar um livro, como, por exemplo, NOITES BRANCAS, de Dostoievski, e dizer: “o livro é bom porque – sempre há um “porque” para esses locutores – , de acordo com as teorias literárias, inova com o conceito de blá-blá-blá”. É como você receber um abraço e tentar explicar ou analisar o porquê desse gesto, como se deu isso, quais as razões implícitas e as ideologias por trás...Ou então, estar com alguém e tentar explicar as reações químicas – não escondo minha antipatia pela química...- que ocorrem quando se está apaixonado(a), o que se passa com os hormônios etc, ao invés de simplesmente amar... Ou seja, voltando ao exemplo, é como deixar a querida Nastenka e o pobre sonhador “de escanteio”, tornando-os meros figurantes para essas análises. Quando, na verdade, a primeira intenção de leitura deveria ser a de se entregar ao livro, de tentar vivenciar o mesmo que os personagens, sentir o que eles sentem, chorar com eles e se alegrar também. Abandoná-los só porque o sono não te deixa mais estar com eles, mas acordar ansioso(a) por suas presenças (Quanto às outras análises, elas estarão sendo feitas no subconsciente). E assim, depois de ler NOITES BRANCAS – para usar o exemplo com que comecei – é bom ficar um tempo estático, sem fazer nada, apenas sentir o coração – pois ele mexe com o coração; os danados dos Nastenka e amigo mexem com a gente – leve. Então, quando passado esse estado de “nirvana”, aí sim você começa a relembrar como eram as estruturas, quais as teorias implícitas etc. Pois no primeiro momento, ressalto, um bom livro será maravilhoso pelo simples fato de ser um bom livro. Pelo simples fato de nos deixar mais alegres por estarmos lendo um bom livro.

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(Vejam o “rodeio” que fiz para dizer que NOITES BRANCAS é lindo!)

(A propósito, muito obrigada à minha nova - mas já querida - amiga Eva pelo livro!)


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“(...) Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.”

(Clarice Lispector, in PARA NÃO ESQUECER)
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