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quinta-feira, outubro 14, 2004

EIS QUE...

Eis que hoje, ao entrar no meu correio eletrônico, encontro um email de um matemático enfurecido porque, em junho de 2003 - minha nossa, como o tempo passa...-, eu disse que o Viramundinho (aquele vira-lata) e a cadela de raça jamais se encontrariam, pois moravam em ruas paraleas, e, segundo ele, quem sabe de matemática sabe que as retas paralelas se encontrarão no infinito.
(Respiro fundo antes de prosseguir, mantendo a fleuma).
O que fazer com um email desses? O que responder a uma pessoa dessas?
Caro, antes de mais nada, obrigada por ter lido o meu blog. Aliás, obrigada por ter lido todo o blog, desde o começo, e ter feito comentários, e ter reparado que os textos mudam a medida que nós crescemos e vamos mudando também, e obrigada por prometer que vai sempre comentar o que eu escrevo. Você bem observou que os posts refletem um pouco da gente. Mas lembre-se: um pouco, pois com o tempo a gente vê que qualquer análise que se faça de uma pessoa, é apenas a análise de uma "faceta" (se é que posso usar essa palavra) e não a sua total complexidade. Mas o fato de eu ter escrito que o Viramundinho e a cadela jamais se encontrariam, bem mostra que eu não dei a mínima para a questão da matemática. Não digo isso com rancor; me desculpe se o não dei a mínima transmite essa impressão. Mas deixe essa regra teórica um pouco de lado e pense comigo... se o Vira passasse todo o tempo de sua vida naquela rua e a cadela, todo o tempo de sua vida naquela outra rua, você acha que eles se encontrariam? O Vira até poderia ouvir o latido da cadela, mas se ele não fosse lá, não a veria e, portanto, não a conheceria. E repare bem no que escrevi: "o tempo de sua vida". Por acaso o tempo de vida deles alcança o ponto no infinito? O tempo de vida deles é curto e termina bem antes, enquanto a estrada até o infinito é longa e continua, mesmo depois da morte dos dois (tendo o "ponto" infinito seu lugar láaaa longe, tão longe que se você olhar pela janela e olhar para o mais longe que puder, é possível que ainda não enxergue o infinito - que coisa, não?). Bom, mas agora, se me permite a divagação - ou prosseguir com a que já iniciei -, acabo de me lembrar de um livro da Marina Colassanti, chamado LONGE COMO O MEU QUERER. Falando bem subjetivamente e usando um termo igualmente subjetivo - querer -, talvez o "querer" consiga alcançar o infinito e, então, retiraria tudo o que escrevi até aqui. Mas me diz uma coisa: você quereria ir até o infinito? E responde com toda a sinceridade: você acha que os cachorros teriam o seu querer tão longe? Porque o Viramundinho foi até a outra rua? Porque, isso eu te respondo: ele jamais pensou em enviar o seu querer para tão longe. Ele pensou que o seu querer estaria mais próximo e para mais próximo - para a rua paralela - ele foi. Ali ele encontrou o seu querer e ali ele ficou.
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(Até que o seu querer foi embora e ele ficou triste, mas isso já é uma outra história...)
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