Desanuviando

RELATO SUCINTO; GRANDE FOI A IMPRESSÃO CAUSADA PELA HISTÓRIA DO PESCADOR

Ele foi mais um pescador que voltou para contar história.
Tinha ido ao mar para se encontrar com a deusa Iemanjá.
Seus amigos o haviam prevenido: cuidado com o canto da sereia; essa semi-peixe é traiçoeira.
Mas não haviam alertado sobre a diferença entre o canto da sereia e o canto de Iemanjá.
Uma pena...em alto mar, ouviu uma voz de mulher, voz doce, acolhedora, hipnotizadora...Seria Iemanjá?
Mas no mar não há tempo para dúvidas. E quando ele se perguntou isso, tchum, já estava sendo levado para o abismo das águas.
E quanto mais era levado para baixo, mais estridente se tornava aquele canto e menos belo ficava o aspecto da sereia...

Mas, ó deusa dos mares e dos que têm boa fé, não abandonaste o pobre pescador, que, verão ou inverno, faz uma reverência a ti antes de entrar no mar.
Foste à sua procura, no mais fundo d’água, onde já não se vê o azul, mas onde o seu canto, somente o seu, continua suave.
Resolveste dar uma chance ao pobre que se deixara levar ingenuamente pela sereia maldita.
Trouxeste-o à terra firme e os demais pescadores o encontraram dormindo...

O coitado abriu os olhos e pôs-se a relatar seu causo, o mais impressionante de todos, e revelou o quanto é horrível a sereia.. Ninguém acreditou. Ninguém mais acredita em histórias de pescador...
Mas eis que uma onda, ouvindo a descrença, foi ao mar e buscou uma prova. Voltou à areia e entregou a verdade do relato:
Só quem se aproxima do abismo sabe como é a sereia...





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( A foto da "sereia" pertenceu ao colecionador P. T. Barnum (EUA) e passou para o acervo de Robert L. Ripley, criador dos desenhos e documentários Believe it, or not ("Acredite se quiser"). Pelo menos sete "sereias" do gênero, provenientes das Ilhas Fiji, estão em exposição somente nos EUA. Robert L. Ripley mostra a "sereia" que era uma das peças preferidas de sua imensa coleção de curiosidades e "esquisitices".)