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sexta-feira, julho 15, 2005

CRIANÇAS E CHANTAGEM

Hoje de manhã, na fila do caixa do supermercado, uma senhora dava bronca no filho por ele estar lhe fazendo uma chantagem: disse que só iria almoçar se a mãe lhe comprasse balas. A mãe, com aquela autoridade que lhe é incumbida no dia do parto - pelo menos à maioria -, disse que ele ia almoçar porque TINHA que almoçar e ponto final.

Assim que saí do supermercado, fui para casa e dei uma olhada no jornal. Pra não variar, mensalão em várias páginas. Havia uma foto do Marcos Valério e a notícia de que ele está “disposto a contar tudo o que sabe em troca de um acordo para redução de sua pena”. Influenciada pelo episódio do supermercado, disse para os meus botões que chantagem é coisa de criança. Mas logo após a notícia, vinha esta informação: (que a decisão do empresário) é “procedimento previsto na lei para os réus confessos que colaboram com a Justiça”.
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Engraçado, nem se o garotinho soubesse dessa lei, ele teria o direito de não almoçar. Mães estão acima das leis.

P.S.: Ah! E o final da história: a mãe não comprou as balas e o garoto foi emburrado atrás dela. E ao que tudo indicou, iria almoçar.
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VELHOS E AMOR

Quarta-feira, peguei ônibus com uma amiga. Só a encontro em momentos corridos: ela vindo do trabalho, eu indo para a faculdade; eu entrando no ônibus, ela saindo – ou vice-versa. Dessa vez tivemos a sorte de estarmos voltando para casa no mesmo horário e, pela primeira vez, tivemos tempo de conversar com calma. Colocamos tanta novidade em dia, que fiquei sabendo até do causo da avó dela. Antes de prosseguir, um parêntesis: hoje, caminhando com a minha mãe, ela reparou que todas as pessoas que passaram pela gente contavam algo que Fulano disse. Ou é muita fofoca por aí ou são causos realmente dignos de serem compartilhados como o que vou contar agora. Pois a minha amiga falou até sobre a sua avó. A pobre da vozinha dela,de 80 e poucos anos, está internada num lar para idosos, pois é viúva, está com mal de Alzheimer, diabetes e início de surdez. O estado clínico é triste, mas a minha amiga contou que, há duas semanas, a avó começou a se mostrar mais disposta e dizer que estava namorando um senhor do asilo. A família, quando ia visitá-la, não encontrava o tal senhor, e quando perguntavam para a avó qual era o nome dele, ela, que não se lembra dos nomes, dizia que não importava o nome, que, para ela, ele era “o meu amor”, “o amor da minha vida”. Outro parêntesis: há uma outra senhora nesse asilo que recita poemas de cor. Quando a avó da minha amiga disse aquilo sobre o nome, essa outra senhora recitou aqueles versos de Shakespeare, em Romeu e Julieta, que falam da rosa e do cheiro, que mesmo sem o nome, a rosa continua com o cheiro, etc, etc.Voltando. Minha amiga e a família, obviamente, começaram a desconfiar e a achar que isso era coisa da velhice. Então, semana passada, eles a convidaram para almoçar na casa deles e que...era para levar o namorado.
Para a surpresa de todos, a avó foi acompanhada pelo “novo” namorado: um senhor de 90 anos, um pouco mais lúcido que ela, mas também cheio de problemas.
Minha amiga disse que os dois ficaram abraçados o almoço inteiro. E numa hora em que perguntaram para a avó se a comida ainda estava QUENTE, ela respondeu, fazendo carinho no velho:
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-Sim, eu estou muito CONTENTE. Estou apaixonada por este broto!
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(Só para enriquecer de detalhes, quando a minha amiga terminou de contar isso, outras pessoas do ônibus também riram.)
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Comments:
Engraçado, nós dois escrevemos sobre velhinhos e amor...
 
Nossa, Luis, é mesmo! Não tinha percebido. E li o seu post depois. Engraçado mesmo. Acho que os velhinhos do Brasil estão querendo dar o seu recado!
 

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