<$BlogRSDURL$>

segunda-feira, julho 25, 2005

NIGHT SHYAMALAN

Não lembro se foi no ano passado ou retrasado que falei dos filmes de Night Shyamalan. Provavelmente no ano retrasado quando A VILA ainda era um projeto.

Pois bem, naquele post disse que adorava os filmes desse indiano. No post de hoje, digo que essa admiração não diminuiu. Mesmo quando me convencem a não ver os seus filmes no cinema, por serem “ruins” ou “não tão bons quanto o Sexto Sentido”, eu acabo dando uma chance a esse diretor, vou à locadora, pego o filme e fico contente por tê-lo assistido.

Aconteceu isso com SINAIS. Quando li no jornal que se tratava de Ets, desisti de ir ao cinema. Haja paciência para mais filmes de extraterrestres. No entanto, meses depois, não tendo nenhuma opção melhor de filme, peguei-o para assistir em casa. Resultado: gostei! O filme tem Ets, sim, e mal feitos, mas o principal do enredo é, como em filmes anteriores, a espiritualidade e todas as dúvidas que um ser humano possa ter em relação à fé, antes de se render a ela.

Quando A VILA estreou, várias pessoas me disseram que o filme era parado e sem graça. Mais uma vez, esperei pelo lançamento nas locadoras e, mais uma vez, gostei. Para quem não viu o filme, eis os elementos principais da história: uma vila, uma floresta ao redor, pessoas que nunca saíram da vila e um “monstro” ou “aquele que não pode ser mencionado” habitando a floresta. Ninguém da vila jamais viu esse monstro, mas a vida, ali dentro, é regida por esse medo-de-monstro. Para completar, há uma espécie de grupo dos sábios, que são os homens e mulheres mais velhos e, por isso, responsáveis por todas as decisões do lugar; há uma cega, um louco e um homem tímido, mas corajoso, que se apaixona pela cega. Em momentos de perigo – de perigo “no ar”, pois não se vê nada concreto -, quando cada um está tentando se salvar e a cega fica só, sem saber para onde ir, é esse homem quem a salva. Mas lá pela metade do filme, ele é ferido e ninguém tem o remédio que pode curá-lo.

É a partir desse momento que a “ordem perfeita” da vila - que já causava estranheza ao espectador - sente os respingos da vulnerabilidade. A mulher cega, que teme perder o seu amor, se oferece para atravessar a floresta em busca de remédio. Os “sábios” (as aspas indicam a desconfiança que o espectador passa a ter em relação à sabedoria deles) concordam em deixar a pessoa que não enxerga passar pela floresta que sempre os intimidou.

Não vou contar o desenrolar das cenas em respeito àqueles que ainda não assistiram a A VILA, mas algo mais preciso dizer.

Algumas pessoas viram no filme uma crítica política a governos atuais que ganham o voto do povo, prometendo combater os inimigos externos. A VILA é tão bom que possibilita essa conotação. Mas tem muito mais. A VILA mostra o perigo para um povo, ou mesmo para um indivíduo, de, por causa de um sofrimento no passado, se fechar em si com medo de um novo sofrimento. Mostra também o que acontece quando um grupo – que se auto-define sábio – se sente no direito de controlar as pessoas, a vila, o próprio tempo. A justificativa inicial – o medo de um novo sofrimento – parece compreensível, mas contrapor-se à espontaneidade do tempo e da vida traz, mais tarde, uma avalanche de pesares. E tem mais: quando algo ou alguém se isola dos males externos, o mal acaba surgindo de dentro.
.
No filme, depois que ocorre tudo o que dá margem a essas conclusões, tem-se o final um tanto cético: apesar de todas as advertências que a própria vila deu com os seus acontecimentos, os “sábios” tencionam seguir a regê-la como antes. Por outro lado, não sei se mais alguém que o assistiu sentiu isto: a mensagem maior é de ceticismo, mas há uma esperança gritando baixinho, quase afônica, vinda do casal: o homem corajoso e a mulher cega, que também é corajosa. No futuro, depois do THE END do filme, talvez sejam eles o que, sem querer, vão salvar a Vila. Foi por esperança no amor que a cega teve coragem de atravessar a floresta. Foi com essa coragem – que a esperança lhe deu – que ela, cega, enfrentou sozinha o “monstro”. Foi assim que ela chegou à cidade e voltou à vila com o remédio para curar o homem ferido. Ela, a única que poderia enxergar a verdade era cega. Mas acho que quem já atravessou a floresta uma vez e já enfrentou o monstro, assim que se reabilitar, ou reabilitar o que lhe é mais importante, estará imune às convenções de qualquer Vila.
**************************************************************
UM ADENDO DE ÚLTIMA HORA
Esses dias, estava procurando uma imagem de bruxa para colocar no meu MSN. Acabei encontrando a imagem de lua cheia (do post de sábado) num blog português, chamado ESTORIAS DE LUA.
.
Comecei a ler os posts e fiquei encantada com as tais "estorias de lua". Há contos muito gostosos ali. A minha única decepção foi ter descoberto que a bloguista não escrevia desde maio. Uma pena...Então deixei uma mensagem, perguntando se ela ainda voltaria a escrever e que eu estava torcendo para que sim.
.
Bom, hoje resolvi dar uma passadinha lá e, para minha grata surpresa, havia um post com promessa de retorno! Não sei se ela ficou comovida com um pedido d'além mar ou se foi pura coincidência. Mas o que interessa é que o ESTORIAS DE LUA é mais um blog dos bons que está voltando. Quem puder dar uma passadinha lá, acho que será bem vindo, ou melhor: bem ido! (A bloguista de lá ainda não sabe que estou fazendo essa propaganda.).
Comments:
Adoro todos os filmes dele, e neste em particular gosto qdo um dos anciãos-fundadores cai em si e diz que não adianta fugir do sofrimento, porque ele vai ao seu encontro. Schoppenhauer total.
 
Em que livro o Schoppenhauer fala sobre isso? Tenho uma certa resistência a esse filósofo. Li um livro dele e detestei tudo o que ele escreveu. (Aliás, amigAS, cuidado com esse cara! Não o levem muito a sério!). Mas reconheço que ele escreve de forma sedutora. (O que me faz, mais uma vez, advertir as amigAS: aproximem-se dele com cautela.)

Mas voltando ao Shyamalan, num próximo post vou falar de um outro filme dele que, infelizmente, foi pouquíssimo divulgado. Por causa disso, não encontro esse filme em nenhuma loja.
 

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter