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sexta-feira, outubro 21, 2005

PARA O JORNALZINHO
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Não vou dizer que os filmes argentinos são melhores que os brasileiros porque vi poucos filmes desse outro país, mas os únicos que vi são excelentes.
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Final de semana passada assisti ao LUNA DE AVELLANEDA, do mesmo diretor de O FILHO DA NOIVA.
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A história é mais ou menos esta: há um clube chamado LUNA DE AVELLANEDA que, como outros clubes de Buenos Aires, foi fundado por imigrantes e teve o seu auge nas décadas de 40 e 50, quando promoveu grandes bailes e era o maior – e o melhor - lazer de todos. O comecinho do filme mostra justamente esses “tempos dourados”. Aliás, só esse começo já valeria por um grande “curta metragem”, pois é bastante singelo e engraçado, lembrando alguns filmes de Fellini. O diretor disse que pesquisou bastante para saber como eram os bailes de clubes da época, mas também recorreu às recordações de antigos sócios e freqüentadores.
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Depois disso, a maior parte do filme, vemos o tal clube como está hoje (e como está a maioria dos clubes de hoje): com poucos sócios, endividado e já sem o brilho de outrora.
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Daí temos os personagens da história – os poucos sócios -, também endividados e sem brilho em suas vidas, tentando salvar o Luna de Avellaneda.
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Todos eles são extremamente humanos, cheios de imperfeições: há um alcoólatra, uma professora de dança solteira, um homem com problemas conjugais, uma divorciada, com filho e em fase vulnerável (todos, de certo modo, estão vulneráveis), uma criança de renda baixíssima que ama as aulas de dança, um espanhol (que foi um dos fundadores do clube). E para completar: nenhum deles tem qualquer tipo de prestígio - social, econômico, profissional - atrás do qual poderia esconder seus problemas. Ou seja, não lhes resta mais nada a não ser resolvê-los.
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Como em O FILHO DA NOIVA, há uma deliciosa combinação de drama com humor. Quando assisti ao O FILHO..., no cinema, um rapaz bem gordo estava ao meu lado e ele chorava e gargalhava ao mesmo tempo, o que deixou o filme ainda mais comovente e mais engraçado. Ao ver o LUNA DE AVELLANEDA, me lembrei desse rapaz e pensei que, com essa história, ele também teria rido e chorado.
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No final do filme, há uma espécie de assembléia com os sócios do clube e um debate entre um sócio vitalício e um advogado que sugere a venda do LUNA para, no local, instalarem uma “casa de jogos de azar” com a promessa de 200 postos de trabalho. É a dúvida entre a realidade pragmática (a oportunidade de dinheiro e de emprego) e o sonho de se recuperar um lugar onde as pessoas se sentiam integradas e eram felizes.
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O resultado da discussão, deixo no suspense para quem quiser ver o LUNA DE AVELLANEDA. Mas dou uma pista: a primeira cena do filme (uma brincadeira típica de gincanas e quermesses) revela o que acontecerá.
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Como disse, ainda vi poucos filmes argentinos e não posso dizer se todo o cinema deles é bom, mas esse LUNA DE AVELLANEDA entrou para a minha lista de favoritos, pois é um dos melhores que já vi até hoje.
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