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sábado, novembro 19, 2005

UMA FRESTA NA AUSÊNCIA

Um dos grupos mais agradáveis com que já convivi até hoje era composto por 41 pessoas, com faixa etária que variava dos 16 aos 60 anos, e fizemos juntos uma viagem de 25 horas de ônibus. Dessas 41 pessoas, conhecia apenas 3, assim que as 38 restantes eram totalmente desconhecidas para mim.

Agora comecem a juntar os fatos: viagem de ônibus, 25 horas dentro dele, 41 pessoas desconhecidas, idades diferentes. Daria até para fazer um “reality show” com tanta possibilidade de intriga.

Mas logo na ida, essa hipótese se mostrou improvável devido ao primeiro incidente da viagem (ou à maneira como ele foi solucionado): uma senhora tinha esquecido a carteira de identidade e seu passaporte estava com validade vencida. Como precisávamos de um dos dois para passar pela aduana, ficamos quatro horas parados e chegamos ao nosso destino muito mais tarde do que o previsto.

E o que quero dizer com isso? Que se todos tivéssemos reclamado do descuido dela, teríamos tido toda a razão. Mas, por incrível que pareça, em vez de darmos vida a um murmurinho, metade do grupo se prontificou a ajudá-la e a outra metade encontrou maneiras de se distrair durante aquele tempo.

Pode ter sido a empolgação da viagem que nos fez tão tolerantes naquele momento, mas aquilo me marcou bastante, pois não se sentir abandonado, nem criticado por causa de um erro cometido e, mais ainda, se sentir ajudado quando poderiam alegar que somente ela – a pessoa culpada – deveria resolver tudo é um grande conforto, seja lá qual for a situação.

p.s. e concluindo: Só para informar, quando resolveram o problema, assim que a senhora entrou no ônibus, todos a aplaudiram e, a partir desse instante, as 41 pessoas começaram a se entrosar e ficaram bastante amigas durante toda a viagem. Depois, a dificuldade que surgiu foi a de agüentar a saudade que viria inevitavelmente. Culpa de todos.
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