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sábado, março 25, 2006

NO PONTO DE ÔNIBUS
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Hoje, enquanto esperava o ônibus, uma senhora que apareceu no ponto me chamou a atenção. Meu primeiro pensamento foi que ela era muito bonita. Depois a olhei melhor e vi que não era tão bonita assim, quer dizer, não como essas “senhoras bonitas” que se vêem por aí. Ela devia ter mais de 65 anos, usava roupas bastante simples, chapeuzinho de palha, não estava com nenhuma maquiagem (nem mesmo um batom), tinha os cabelos curtos e embranquecidos e o rosto cheio de rugas. O corpo era atlético para a sua idade, mas não um atlético de quem se exercita para o ter assim; era um “naturalmente atlético”, de quem tem que usar o corpo para trabalhar, ou em serviços domésticos, ou em serviços do campo. Ela me sorriu quando chegou, dizendo “bom dia”, e não reparei se os dentes eram bonitos, mas o sorriso também me pareceu bonito.
Dizem que é no olhar que está o segredo das pessoas, e, realmente, ela tinha um olhar vivo, confiante (desses que não têm medo de olhar nos olhos dos outros), mas um confiante sereno e alegre ao mesmo tempo. Só que não eram apenas os olhos que a revelavam. Nela, era todo o conjunto. Ela dava a impressão de ser uma pessoa apaixonada – por um homem, pelos filhos, pelos netos, pela vida, não sei... Talvez fosse por tudo isso, pois, em seguida, chegou o marido dela, o que já nos daria a certeza de uma das paixões. Ele era um senhor também simples, só que mais gordo e menos ágil que ela. Os dois se sentaram no banco e, embora não parecessem dois jovens namorados (por não ficarem de braços dados e beijinhos o tempo todo), volta e meia eles se tocavam, contavam as manchas das mãos (!), se brincavam com os pés... Depois, como o ônibus tardava, eles se levantaram e ficaram ao lado de uma árvore. Ele apoiou o peso do corpo num tronco; ela deixou na grama as sacolas que carregava, envolveu um tronco maior com os dois braços, levantou os pés e ficou pendurada por muitos segundos, parecendo a pessoa mais feliz do mundo por conseguir fazer aquilo. Quando o ônibus finalmente chegou, os dois entraram e não passaram a roleta (o que comprova que eles tinham mais de 65 anos). O marido ia se sentar em uma cadeira, mas ela deu-lhe um tapinha, chamando-o para sentar em outra, na que ela havia escolhido. Ela sorriu por ter feito isso e ele também sorriu. Então, eu passei pela roleta e não os vi mais.
Só esse episódio descrito, sem conclusões, vale o post de hoje.
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SERVIÇO DE GRANDE UTILIDADE PÚBLICA
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Amigos, semana que vem haverá uma peça teatral do WALCYR CARRASCO aqui, na nossa Aldeia!!
Atenciosamente!
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