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terça-feira, novembro 13, 2007

O ESPÍRITO DAS LÍNGUAS - I
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Uma adolescente alemã que veio estudar aqui para aprender português disse que a matéria da escola mais difícil para ela é Literatura. Imagino que seja mesmo. Não bastasse ela ter que aprender a língua corretinha, de acordo com as normas, ainda tem que aprender as lacunas, as fraudes, as malandragens da língua. É que o espírito da língua é solto, vagabundo, aventureiro. Não há quem possa prendê-lo e ordenar: Fica quietinho aí. De vez em quando até aparece alguém - que não entende nada do espírito das línguas - e diz: acabem com os gerúndios, acabem com os acentos e joguem essa língua na cela. A língua vai, obediente, mas o espírito da língua, gaiato que só, dá susto na gente - bem como rima e desrima quando quer. Assim que o guarda entra na cela, só encontra a carcaça. O espírito, zombeteiro e leve como uma poesia, foge atravessando as paredes. Ele gosta é de sol no rosto, vento nas árvores, uma boa conversa de bar ou de padaria e da criança perguntando pra mãe: Por que o marido da formiga não se chama formigo?
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