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segunda-feira, dezembro 10, 2007

O HOMEM DA PAZ CELESTIAL, PARA MIM.
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O homem da paz celestial, para mim, é o eletricista que de vez em quando chamamos para vir aqui em casa. Ele é um senhor, tem sete filhos, alguns netos, mora em uma favela da Minha Aldeia e é a pessoa mais humilde que já conheci na vida. Quando estou ao lado dele, me sinto uma pessoa muito pequena. Não no sentido ruim, de me rebaixar, mas em um sentido mais sublime, de perceber o quanto ainda tenho que melhorar como pessoa. Quando ele passa pela nossa porta, é como se uma brisa suave, em dia de verão, soprasse por todos os cômodos da casa.
O nome dele é Antônio, e nós o chamamos de Seu Antônio. Quando está arrumando um chuveiro ou uma tomada, por exemplo, ele sempre exclama um "Ai, meu Sacramento!". E nós perguntamos: "o que houve, Seu Antônio?", e ele, com aquela calma que nos enleva, explica direitinho como que a fiação estava. Soube que outras pessoas para quem ele trabalha também o adoram.
Seu Antônio é honestíssimo (e, por isso, nunca vai lhe faltar serviço). Sempre cobra aquém do que imaginávamos, mas sempre damos além do que ele cobrou. Quando ele vem aqui, temos vontade de abraçá-lo. E deixamos de fazer o que estávamos fazendo só para ouvir as conversas dele e as sabedorias que, muitas vezes, ele nem imagina que está dizendo. Um dia desses, ele contou que, faz uns anos, foi parar no hospital e ouviu do médico que tinha um mês de vida. O motivo? Ele fumava dois maços de cigarro por dia e precisou se internar por complicações respiratórias. Seu Antônio, então, decidiu que não voltaria a fumar. Mas os meses seguintes foram uma batalha. Ele passava o dia mascando chiclete para tapear o vício. Um dia, chegou à conclusão: adesivos, chiclete e outras coisas não vão resolver o problema. O segredo está na cabeça. “Eu sei que tenho esse problema e agora preciso ter vontade. É a cabeça e a vontade juntas que vão me ajudar a tirar esse vício”. Seu Antônio nunca leu um livro de filosofia, mas o que ele disse é muito filosófico: inteligência e vontade. E ele, que já não fuma há anos, provou que o ser humano depende, tanto da inteligência, quanto da vontade.
Esse querido eletricista, também, sempre tem histórias para contar. Histórias de quando era criança, quando foi criado pelos avós, já que seus pais faleceram quando era pequeno. Ele disse que adorava deitar no colo da avó e ouvir as histórias dela (e quando ele falou isso, se emocionou - e eu me emocionei junto). Contou de como um parente perdera um terrenão por causa de uma aposta de jogo, e também de um tio de uma cidade bem do interior, que muitos queriam matar porque vivia devendo na praça, mas que se safava no momento de levar um tiro. O tio atribuía essa sorte a uma poderosa oração de São Jorge que levava no bolso da camiseta. No momento em que o sujeito ia matá-lo, o tio do Seu Antônio colocava a mão no bolso e começava a rezar. Então, a arma travava e o tiro saía pela culatra (às vezes, literalmente). Seu Antônio falou que o sonho dele era encontrar essa oração, mas ela desapareceu quando o tio morreu. (Um parêntesis: perguntei se ele lembrava como era a tal oração. Ele respondeu que mais ou menos, mas que se a visse, lembraria. Então, resolvi procurá-la no Google e, com a ajuda da memória dele, encontramos! Imprimi algumas cópias, para o Seu Antônio e sua família, e ele, alegre como criança, as guardou na carteira. São Google...) Seu Antônio disse que também sonha em sair da favela e ir morar em um lugar mais decente. Ele joga na loto, na mega e em outros. Mas acrescentou: “só jogo quando sobra dinheiro em casa; não posso tirar da comida da família para jogar. Já tive exemplo de um tio que perdeu dinheiro jogando”.
Bom, mas já me alongo no texto. É que pessoas como o Seu Antônio me fazem compreender por que o Cary Grant aconselharia sua filha: “Dê graças a Deus pelo rosto das pessoas boas e pelo doce amor que há por trás dos seus olhos..." (*). É porque é bom estar ao lado de uma pessoa boa. Pessoas boas são sábias e sempre têm algo a nos ensinar. E porque, como sinto, a casa fica meio que celestial. O tempo pára, as preocupações desaparecem, uma calma paira sobre nós, quando o Seu Antônio entra.
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(*) ver post do dia 23 de março de 2006.
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A poderosa oração que salvava o tio do Seu Antônio é esta:
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Oração a São Jorge
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por Nós.

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