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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

HÁ CASOS QUE DEVERIAM SER ENTREGUES A HERCULE POIROT!
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Finalmente venho falar sobre Hercule Poirot.
Primeiro, de todos os detetives que conheço, ele é o meu favorito.
Segundo, ele já foi minha melhor companhia em duas férias (*).
Terceiro, quem não leu nada da Agatha Christie, está perdendo um dos maiores prazeres da vida.
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(*) Passar férias em Joinville é estar na contra-mão da história (com todo o respeito, mãe, vó e todos os barriga-verdes que conheço e prezo!). A cidade fica deserta e todos os seus conhecidos viajaram para alguma cidade de praia. Mas se você está lá, acompanhada por Hercule Poirot, tudo está salvo. Foi assim em julho de 97 e janeiro de 98. Metade dos crimes da Aghata Christie, Poirot e eu desvendamos em julho; a outra metade, em janeiro. Em janeiro, então, tinha tudo para serem as férias mais chochas da minha vida, mas a rotina de piscina-almoço-soneca-lanche-e-Poirot, todo dia, os trinta dias, acabou tendo um sabor especial - e isso, só quem já descobriu o mundo da Aghata Christie sabe o porquê.
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MAS POR QUE SENTI SAUDADES DO POIROT AGORA?
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Não passei férias em Joinville, nem minhas férias foram chochas. Mas dois crimes que ficaram sem solução, e que permanecem até hoje cheios de mistério, me fizeram sentir a falta do digno Hercule Poirot.
O primeiro crime foi a morte do ator do Super-Homem, George Reeves, do seriado em preto-e-branco, em 1959. Não é da minha época, mas os mais velhos deviam assistir. Parece que o seriado fez sucesso quando foi exibido, especialmente entre as crianças. A história do ator que interpretou o super-herói está no excelente filme HOLLYWOODLAND - BASTIDORES DA FAMA. HOLLYWOODLAND mostra como as escolhas que George Reeves foi fazendo na vida o levaram ao fim trágico (**) que teve. Reeves foi morto com um tiro na cabeça, mas tudo ficou tão mal explicado, e as investigações tiveram um ponto final tão rápido, que a dúvida pairou no ar: será que o ator George Reeves foi assassinado? A investigação, não muito convincente, concluiu que ele se suicidou. Motivos até poderiam justificar isso: Reeves andava bebendo muito, tomava calmantes, estava meio decadente, infeliz no trabalho, no amor... Mas ter sido assassinado também seria bastante plausível. Suspeitos não faltariam: a ex-namorada (e esposa de Eddie Manix, executivo da MGM), o próprio Manix (na verdade, alguém a seu mando) e a noiva, por quem Reeves já não sentia mais nada. O mistério permaneceu e ninguém fez questão de "desenterrar o morto". O filme HOLLYWOODLAND é muito bom, mas também não fez um trabalho de detetive. Apenas apresentou as mesmas interrogações da época. Eis um ótimo caso para Hercule Poirot.
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O outro crime ocorreu em Brusque, uma cidade de Santa Catarina, em 1949 (dez anos antes da morte de George Reeves), e está contado no livro TRAGÉDIA E MISTÉRIO NA VILLA RENAUX - O CASO CRIMINAL QUE ABALOU SANTA CATARINA, por João Carlos Mosimann.
Houve um grande industrial nessa cidade, Ivo Renaux, descendente de alemães que vieram ao estado e, com muito trabalho, enriqueceram e contribuiram com o progresso do lugar. Ivo casou-se com uma moça "de sociedade", de Curitiba, chamada Dagmar, e ambos viveram em Brusque. Mas a vida do casal foi se tornando insuportável. Ivo estava sempre bebendo com os amigos, em vez de ficar com a família; parece que era mulherengo e, como diria o Capitão Nascimento, era fanfarrão. Apesar disso, era querido por muita gente na cidade (provavelmente por todos os beberrões de plantão). No dia do seu aniversário, Ivo fora a um bar de Brusque comemorar com os amigos. Sua esposa, que o esperava para um jantar em casa, ao descobrir que ele estava no bar, foi até lá, enfurecida, e brigou com o marido na frente de todos. Acabou saindo e indo para a casa da sogra. Ivo resolveu sair do bar e ir comemorar com os amigos em outra cidade, Itajaí.
Dagmar saiu da casa da sogra e foi para a sua, esperar pelo marido. Ivo só retornou de madrugada. Por volta das 10h da manhã, ele foi encontrado na cama, morto com um tiro. As empregadas é que descobriram o corpo e avisaram a polícia. A princípio, falou-se em suicídio. Mas vários indícios mostraram que essa hipótese era falsa e que Ivo, na verdade, havia sido assassinado pela sua esposa.
Durante os inquéritos e o julgamento, Dagmar negou que fosse a assassina. (Se não me engano, ela ainda está viva e sempre negou isso.). A acusada foi ao Tribunal do Júri, e os jurados a absolveram.
Mesmo assim, como no caso do ex-Super-Homem, as coisas ficaram mal-explicadas. Tudo levava a crer que a esposa o tinha matado, mas Ivo estivera com tantas pessoas naquelas horas antecedentes, que qualquer um o teria matado facilmente.
Nem mesmo a opinião do juiz poderia ser levada em conta, pois quem decidiu foi o júri. Isso, no entanto, não seria problema para Hercule Poirot, pois ele é capaz de desvendar crimes ocorridos décadas antes.
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Por esses dois crimes, de que tomei conhecimento nessas férias, é que senti falta do grande detetive belga.
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(**) Uma professora de Direito Penal diz que faz a filha adolescente assistir a alguns episódios do Linha Direta para que aprenda: há muitas escolhas que fazemos e que podem nos levar a ou nos afastar de um crime. (Tudo bem a moral, mas a lição é meio que tratamento de choque. Linha Direta...ninguém merece!)
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A PROPÓSITO DO POST DE HOJE, ME LEMBREI DE COMENTAR SOBRE DUAS COISAS:
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- Miss Marple, outra "detetive" da Agatha Christie e
- Minha lista dos melhores filmes dessas férias (ou: o "meu Oscar pessoal")
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Mas calma, calma, ficam para um próximo post. Au revoir.
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