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sábado, fevereiro 16, 2008

RESPOSTA:
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O francês.
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Talvez seja impressão minha (alguém me diz se pensou diferente), mas só um intelectual francês diria uma coisa daquelas: "o bem, com perversão, é mal absoluto". Tá certo que as outras opções que coloquei - um filósofo brasileiro e um inglês - podem induzir a isso, a que se pense logo no francês. Mas a impressão que tenho é de que Paris é linda, porém seus intelectuais costumam ser meio deprês. Eles se amam, bebem vinho, comem pão, passeiam por Montmartre, mas dizem: "ó vida dura, ó vida cruel, devo me atirar da Pont Neuf.". Ou talvez eu tenha essa impressão porque conheço alguns intelectuais que aaamam Sorbonne e companhia e são assim, meio deprês, meio "ó, o bem é mal etc etc, a vida não presta, ui, tralalá...". Enfim, talvez seja só impressão minha. Mas...
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AH, MAS DE ONDE VEIO A TAL FRASE.
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Veio de um francês mesmo. E quando ouvi, pensei "só podia ser um francês" (se for preconceito meu, desculpas!!). Foi do diretor do filme A TEIA DE CHOCOLATE - Claude Chabral.
Antes que pensem o contrário, gostei muito do filme; e ver os comentários do diretor é interessantíssimo. O filme mostra a elegante dona de uma fábrica de chocolate, casada com um pianista. Ele já tem um filho, mas, por causa de uma confusão ocorrida no dia do nascimento do garoto, aparece uma garota, com a mesma idade, pensando que talvez seja ela a filha do pianista. Essa seria a chave da trama, mas o diretor a deixa em suspense, pairando no ar o filme todo. O que recebe luz principal, com todas as nuances que só um bom diretor é capaz de acrescentar, é a gentileza da dona da fábrica, que sempre faz tudo pelos outros e toda noite deixa uma garrafa térmica com chocolate para o enteado tomar. Quando a tal garota aparece na história, ela descobre que o chocolate tem sonífero. E então surge uma outra dúvida no ar: terá sido ela - a dona da fábrica - quem colocou sonífero na bebida que a mãe do garoto tomou antes de sair com o carro e morrer no volante? A história indica que sim e que as próximas vítimas serão o enteado e a garota.
O final do filme, vou ter que dizer, não resisto: é muuuito francês. Se fosse um filme americano, apareceriam os policiais levando a assassina para fora de casa ou alguém a mataria. Algo do tipo, que indica que ali foi posto um "ponto final" - a não ser que tenha as continuações 2, 3, 4, 5... Mas não é um filme americano, portanto, não termina assim. (Deixo para vocês conferirem.)
E sobre a frase de Chabral, o que ele quis dizer é que mostrou a protagonista (que esqueci de dizer: é a excelente Isabelle Huppert; como trabalhou bem nesse filme! Uma louca perfeita!) toda gentileza, toda "bondade" para com os outros, mas, no final, era uma perversa. O diretor acrescenta que ela era só uma aparência de gentileza, mas pelo que fazia acabava sendo a maldade em pessoa.
Mas aí é que está um detalhe. Chabral falou de "aparência" e a frase dele era "o bem, com perversão, é maldade absoluta". Se "bem", para ele, pode ser aparência, então, o que ele chama de "bem" é outra coisa. "Bem" é essência, independente da aparência. É uma diferença sutil, mas que a tal intelectualidade a que me referi, a que tem a linda torre Eiffel por perto e ainda é capaz de falar "ó vida dura, ó vida cruel, vou me atirar", é mestre em confundir.
E outra: a personagem de Huppert podia ser a gentileza em pessoa, mas aqueles olhos frios não enganavam um observador mais atento. (E Isabelle Huppert interpretou muito, muito bem.).
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Tá, falei demais com o meu botão. Quem quiser ver uma boa trama, com suspense, tensão psicológica e, acima de tudo, uma trama francesa, veja A TEIA DE CHOCOLATE. Recomendo, sentada, com uma boa xícara de chocolate quente. Ai, que sono...
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