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quinta-feira, abril 17, 2008

BUON GIORNO!
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Hoje fui ao hospital e um senhor bem velhinho me cumprimentou:
- Buon giorno, ragazza! Tutto bene? (os italianistas me corrijam se escrevi errado!)
Eu comecei a rir e respondi com um buon giorno.
Então me lembrei de uns anos atrás, na época em que morei no Rio de Janeiro, quando, dentro do ônibus, um senhor também bem velhinho se sentou ao meu lado e, por causa da chuva, trocamos umas palavras sobre as janelas que estavam embaçando.
Na hora, eu percebi que tinha alguma coisa de diferente no português dele. Era perfeito (talvez até demais), e algo denunciava que esse senhor não era brasileiro. Perguntei se ele era de fora, por causa do sotaque, e ele respondeu:
- Puxa, já moro há anos no Brasil e ainda não passo por brasileiro... Sou italiano, mas vim para cá na época da guerra (imagino que seja a Segunda Guerra...).
Então ele contou que quando veio para o nosso país conheceu a atual esposa dele, uma brasileira de cabelos pretos "mais bonita que as Fontanas di Trevi", e me mostrou a foto dela daquela época (era bonita mesmo!).
Logo em seguida, ele me mostrou uma outra foto - as fotos estavam na carteira dele -, onde apareciam quatro homens elegantes, de terno e chapéu (*), e me perguntou:
- Adivinha qual deles sou eu.
Não consegui descobrir; os quatro eram bem parecidos: altos, magros, bonitos e ainda vestidos daquela forma alinhada. Eles estavam em Veneza, pelo que o senhor falou. Aparecia a água por trás.
Ele me disse que aqueles eram os seus melhores amigos na época em que viveu na Itália, e aquela fora a última foto que tirou com eles. Depois que veio ao Brasil, nunca mais encontrou os quatro ao mesmo tempo. E um morrera na guerra.
Indaguei ao senhor se ele tinha saudades de lá, ao que ele me respondeu sem pensar duas vezes:
- Guardo as lembranças de lá, mas aqui estão a minha esposa, os meus filhos e os meus netos. Não os trocaria por nada.
É claro que me comovi. Foi um desses encontros casuais que enlevam o dia da gente.
Logo em seguida, nos despedimos e ele desceu do ônibus. Nunca mais o vi. Assim como ele nunca mais viu um dos amigos. Ficou só a lembrança.
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(*) Já falei aqui no blog e volto a repetir: os homens deveriam voltar a usar aqueles chapéus. São um charme!
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O INVERSO
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Mas também já ouvi a história de um homem que fez o inverso. Foram os meus pais que contaram, pois ouviram de um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. (**)
Esse ex-combatente disse que durante a estadia na Itália teve um amigo, brasileiro, que, no dia do retorno ao Brasil, estava passando por uma rua, quando viu uma "linda ragazza" na janela. Quando ela percebeu que o brasileiro a estava olhando, se escondeu fechando a janela.
O brasileiro ficou com aquilo na cabeça e disse para o amigo: Essa é uma moça direita. Assim que chegar ao Brasil para encerrar a missão, volto para a Itália e a peço em casamento.
Dito e feito! Ele voltou à Itália, se casou com a moça direita da janela e nunca mais voltou ao Brasil.
(E o universo ficou em equilíbrio: um veio, outro foi!)
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(**) Foi Fulano que contou pro Beltrano, que falou pro Ciclano...E assim sobrevive a história...
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Tá, sei que os leitores vão torcer o nariz, mas as leitoras vão adorar...!
Para apreciarem as Fontanas di Trevi e, ainda, o Bon Jovi (ragazze!), entrem aqui. No vídeo, aparece um casal de velhinhos fofo na janela. Quem sabe não são a ragazza e o soldado brasileiro que estão lá até hoje?!
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(Falo do Bon Jovi, mas, sinceramente, entre os quatro moços italianos da foto e o roqueiro-leve, sou mais os quatro moços. Nada de cabelinho pintado, correntinha prateada no pescoço ou blusinha justa. Adereço mesmo só se for o chapéu elegante. - E pensando bem, se bobear, o Bon Jovi ainda usa mais cremes que eu. Ah, pára, né?! .......... Mas vejam o vídeo. É bonito!)
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