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quinta-feira, abril 24, 2008
O ENCONTRO DAS QUINTAS
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Semana retrasada, em uma quinta-feira, caiu o maior pé-d'água na hora em que saí de casa para ir à faculdade. Fui correndo até o ponto de ônibus, molhei todo o pé e, no exato momento em que cheguei ao ponto (coberto), parou de chover. Paciência...
Entrei no ônibus e peguei um baita engarrafamento. No terminal, onde tenho que trocar de ônibus para ir à universidade, encontrei um amigo, e notamos que estávamos atrasados para a aula. Como chegar tarde seria inevitável, fizemos questão de perder o ônibus que já estava de saída para podermos ir no próximo com dignidade: sentados.
Nos demos bem. Nesse outro ônibus, três músicos - um garoto com acordeón, um outro com pandeiro e uma garota com clarinete - foram tocando várias músicas, do terminal de ônibus até a universidade. Teve chorinhos diversos, Chiquinha Gonzaga e outros músicos menos conhecidos, mas que contagiaram os passageiros. No meio do caminho, um deles passou com o pandeiro recolhendo dinheiro. Todos contribuíram com umas moedas e ainda aplaudiram bastante.
Imagina terminar o dia (ou partir para uma outra etapa do dia) com isso? Pé molhado, atraso, mas música que alegra.
Meu amigo gravou um pedacinho de uma das músicas e ficou a noite inteira mostrando a gravação para os colegas.
Uma hora, ele foi mostrar a música no corredor, perto das salas de aula, e alguém cutucou o seu ombro. Ele, que é uma das pessoas mais tranqüilas que conheço, disse para a pessoa: Espera um pouquinho, e quando olhou, notou que era a professora mais temida - e menos humorosa - do curso. Ela só falou: A sua música está atrapalhando a minha aula. Ele desligou o celular na hora, e o corredor inteiro riu. (Uma cena muito Chaves, convenhamos!)
Na quinta-feira passada, não os encontrei, mas hoje lá estavam os três. Desde o terminal até a faculdade. E era em um horário de pico: o ônibus foi enchendo muito durante o trajeto. Eles tocando, e o ônibus enchendo. Já não havia espaço para ninguém mais entrar nem circular pelo ônibus, mas a musiquinha fluía por entre as pessoas. Acho que foi a primeira vez na vida em que vi os passageiros, quase saindo pelo latrão, não reclamarem da falta de ônibus naquele horário.
E os músicos avisaram: todas as quintas estarão pelos ônibus, tocando os seus instrumentos.
Para o pessoal da Minha Aldeia, é essa a dica das quintas-feiras.
.
********************************************
.
Eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando, mas estou aqui...contando esse episódio para vocês.
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Semana retrasada, em uma quinta-feira, caiu o maior pé-d'água na hora em que saí de casa para ir à faculdade. Fui correndo até o ponto de ônibus, molhei todo o pé e, no exato momento em que cheguei ao ponto (coberto), parou de chover. Paciência...
Entrei no ônibus e peguei um baita engarrafamento. No terminal, onde tenho que trocar de ônibus para ir à universidade, encontrei um amigo, e notamos que estávamos atrasados para a aula. Como chegar tarde seria inevitável, fizemos questão de perder o ônibus que já estava de saída para podermos ir no próximo com dignidade: sentados.
Nos demos bem. Nesse outro ônibus, três músicos - um garoto com acordeón, um outro com pandeiro e uma garota com clarinete - foram tocando várias músicas, do terminal de ônibus até a universidade. Teve chorinhos diversos, Chiquinha Gonzaga e outros músicos menos conhecidos, mas que contagiaram os passageiros. No meio do caminho, um deles passou com o pandeiro recolhendo dinheiro. Todos contribuíram com umas moedas e ainda aplaudiram bastante.
Imagina terminar o dia (ou partir para uma outra etapa do dia) com isso? Pé molhado, atraso, mas música que alegra.
Meu amigo gravou um pedacinho de uma das músicas e ficou a noite inteira mostrando a gravação para os colegas.
Uma hora, ele foi mostrar a música no corredor, perto das salas de aula, e alguém cutucou o seu ombro. Ele, que é uma das pessoas mais tranqüilas que conheço, disse para a pessoa: Espera um pouquinho, e quando olhou, notou que era a professora mais temida - e menos humorosa - do curso. Ela só falou: A sua música está atrapalhando a minha aula. Ele desligou o celular na hora, e o corredor inteiro riu. (Uma cena muito Chaves, convenhamos!)
Na quinta-feira passada, não os encontrei, mas hoje lá estavam os três. Desde o terminal até a faculdade. E era em um horário de pico: o ônibus foi enchendo muito durante o trajeto. Eles tocando, e o ônibus enchendo. Já não havia espaço para ninguém mais entrar nem circular pelo ônibus, mas a musiquinha fluía por entre as pessoas. Acho que foi a primeira vez na vida em que vi os passageiros, quase saindo pelo latrão, não reclamarem da falta de ônibus naquele horário.
E os músicos avisaram: todas as quintas estarão pelos ônibus, tocando os seus instrumentos.
Para o pessoal da Minha Aldeia, é essa a dica das quintas-feiras.
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Eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando, mas estou aqui...contando esse episódio para vocês.
Falando sério, era para ser um post poético, narrando a música do ônibus, a pérola que surge no meio do dia em que tudo deu errado, mas Orfeu não pára de me chamar e daqui a pouco será sua última chamada (Atenção, última chamada para a passageira Rebeca. Embarque nos braços de Orfeu imediatamente.). Mas imaginem os músicos, o ônibus, os ânimos dos passageiros sendo transfigurados. O episódio fala por si. Pena que não tem áudio no Desanuviando, pois deixaria a pequena gravação que o meu amigo fez no celular tocando repetidas vezes.
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Sem mais.
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(De Daniel F. Gerhartz, daqui)
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