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domingo, junho 08, 2008

O "POTE DE OURO" PERDIDO... (continuação)
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Meu pote de ouro, como já lhes disse, foi uma pedra preciosa.
Tudo aconteceu essa semana no meu trabalho...
Às quartas, trabalho como uma espécie de escrivã. Minha amiga e eu. Não damos palpite, não tomamos partido. Só escrevemos o que foi decidido entre as partes que estavam em litígio.
Pois essa última quarta-feira, entraram dois xeiques (*), acompanhados por seus respectivos advogados, para resolver uma questão pendente. Essa pendência dizia respeito a um terreno caríssimo (*) de Dubai (*) - a cidade dos milinários árabes (*). Um dos xeiques havia comprado esse terreno do outro, mas ainda não tinha efetivado o pagamento. O advogado do que devia disse para mim e para a minha amiga:
- Hoje vocês vão ver uma coisa diferente. Um pagamento com pedras preciosas. Isto é, se a outra parte aceitar.
Nós só acenamos com a cabeça: seria algo realmente diferente do que estávamos acostumadas a ver.
Quando o xeique credor e seu advogado adentraram, o advogado do devedor logo fez a oferta em pedras preciosas. O credor ficou em dúvida quanto à proposta, pois ele está acostumado a lidar com camelos (*); não entende nada de pedras preciosas. O devedor insistiu novamente. Disse que era só ele avaliar as pedras e constatar que eram valiosíssimas. Nova hesitação do credor e do seu advogado.
Então, como em cenas que a gente só vê em filme, o advogado do que devia se levantou, tirou um lenço embrulhado do bolso, colocou-o sobre a mesa e começou a desembrulhá-lo. Minha amiga logo se esticou na cadeira. Eu ainda tentei me manter impassível, mas fiquei imaginando aquele brilho resplandecendo pela sala e toda a minha cobiça aflorando, deixando de lado valores, essências, tal como o Bilbo Bolseiro quando reviu o "my precious" anel, que agora está com Frodo.
Mas para a minha surpresa, as pedras nem brilhavam tanto assim! Hollywood, mais uma vez, nos iludiu. E a cobiça que eu achei que sentiria foi muito menor que o desapontamento que senti. Aquilo é pedra preciosa? Bom...
Mesmo assim, o advogado do devedor porfiava na sua idéia de quitar a dívida com pedras preciosas. O advogado do credor, enquanto este não tirava os olhos das pedras, disse que preferiria que as pedras fossem vendidas e a dívida, paga em dinheiro.
Novas discussões sem resultado. Dinheiro pra cá, terreno de Dubai pra lá, pedras daqui, camelos dacolá.
Terminou que não houve acordo entre os dois xeiques. O credor e seu advogado saíram da sala. O devedor, seu advogado e as pedras ainda permaneceram uns instantes. Minha amiga e eu nos entreolhamos e pensamos diversas coisas: será que as pedras eram preciosas mesmo? Será que foi melhor não ter aceitado? Como não podíamos dar nossa opinião, guardamos as dúvidas para nós mesmas.
Quando o advogado estava recolocando as pedras no lenço, olhou para a gente, deu uma pedra para mim e outra para a minha amiga e disse:
- Já que eles não aceitaram a proposta, fiquem com uma pedra cada uma. Pelo trabalho de vocês.
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(Amanhã continua.)
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(*) Mudei alguns nomes, exagerei alguns detalhes, mas só para preservar a privacidade dos personagens. Tirando isso, quanto à história em si, e como diria Chicó d'O AUTO DA COMPADECIDA: Só sei que foi assim..
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