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quarta-feira, agosto 27, 2008

"Não pode existir em conta tão simples a menor atrapalhação" -
ou: A LIÇÃO DE BEREMIZ:
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Meu irmão caçula, que é da área das Exatas, me veio com um problema que um professor da faculdade havia passado para os alunos. É assim: 3 amigos vão a um restaurante e a conta sai por R$ 25,00. Cada um deles dá R$ 10,00 para o garçom. O garçom traz R$ 5,00 de troco, em 5 notas de R$ 1,00. Cada amigo pega R$ 1,00 e, os R$ 2,00 que sobram, eles dão para o garçom. Passado um tempo, um dos amigos questiona (sempre tem um...):
- Ei! Desapareceu R$ 1,00!
- Como?, perguntam os outros.
- Vejam: cada um deu R$ 10,00, e voltou R$ 1,00 para cada. Ou seja, nós pagamos R$ 9,00. 3 vezes 9 dá 27. Demos R$ 2,00 reais para o garçom. 27 mais 2 é 29. Cadê o R$ 1,00?
Esse foi o problema, e os alunos da Engenharia têm que dar a resposta para o professor até quinta-feira. Eu não sou da área de Exatas, matemática está longe de ser o meu forte, mas aprendi algumas lições com Malba Tahan quando era criança, e a lição mais preciosa de todas foi: um problema assim, aparentemente sem solução, na verdade só está nos induzindo para pensarmos que ele não tem solução. O que foi apresentado no problema só está, na verdade, nos mostrando o ângulo errado.
E foi o que disse para o meu irmão:
- Não pensa pelos dados apresentados; tenta ver o problema de outra maneira. Não sei a resposta, mas sei que não tem nada a ver com o que o amigo do problema está questionando.
E ainda acrescentei:
- Isso me cheira a Malba Tahan.
Dito e feito! Peguei o livro O HOMEM QUE CALCULAVA, com os problemas de matemática genialmente resolvidos pelo personagem Beremiz e lá estava no capítulo VIII: Como se explica o desaparecimento de um dinar numa conta de trinta dinares. O mesmo problema e a solução que buscávamos, apenas trocando "real" por "dinar".
A solução vem assim:
Nesse momento Beremiz, que se mantinha calado, procurou intervir nos debates; e disse, dirigindo-se ao cheique:
- Há um engano no vosso cálculo, ó Cheique! A conta não deve ser feita desse modo. Dos trinta dinares pagos ao Tripolitano, pela refeição, temos:
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25 ficaram com o Tripolitano;
3 foram devolvidos;
2 dados ao escravo sudanês.
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Não desapareceu coisa alguma e não pode existir em conta tão simples a menor atrapalhação. Em outras palavras: dos 27 dinares pagos (9 vezes 3), 25 ficaram com o Tripolitano e 2 foram dados, de gratificação, ao sudanês!
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Repito: matemática está longe de ser o meu forte, mas a lição desse causo, bem como de todos os causos que Beremiz resolve no livro, nos servem para a vida: um problema, para ser resolvido, apenas precisa ser visto pelo ângulo correto. Cuidado com os cabeças-duras que insistem no ângulo que não nos leva a nada; cuidado com os murros na mesma ponta afiada. Virando a luz, aparecerá a solução.
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Música para se ouvir depois de encontrar a solução: Hallelujah - Here She Comes. Ouça aqui!
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