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sexta-feira, outubro 31, 2008

UMA CARTA BEM ESCRITA....
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No filme Clube de Leitura da Jane Austen, a personagem que criou o clube diz para o ex-marido de uma das integrantes do grupo, quando ele expressa a vontade de voltar para a esposa (depois de ter cometido um ato muito próximo do imperdoável): Nunca despreze uma carta bem escrita.
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Sábias palavras... No capítulo 35 do querido Orgulho e Preconceito, Elizabeth é pega totalmente de surpresa por uma carta do Mr. Darcy (e ainda tem gente que não gosta dele...). Não a vou transcrever por inteiro, mas somente alguns trechos para vocês perceberem o fundamento daquele conselho:
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Be not alarmed, madam, on receiving this letter, by the aprehension of its containing any repetition of those sentiments or renewel of those offers which were last night so disgusting to you. I write without any intention of paining you, or humbling myself, by dwelling on wishes which, for the happiness of both, cannot be too soon forgotten; and the effort which the formation and the perusal of this letter must occasion, should have been spared had not my character required it to be written and read. You must, therefore, pardon the freedom with which I demand your attention; your feelings, I know, will bestow it unwillingly, but I demand it of your justice. (na minha edição do livro, isso começa na página 269 e vai até a 273. Cinco páginas, meu caro leitor. Não estou inventando!)
(...)
This, madam, is a faithful narrative of every event in which we have been concerned together; (...)
I shall endeavour to find some opportunity of putting this letter in your hands in the course of the morning.(...) “Fitzwilliam Darcy”.
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É uma delícia essa carta. Tão bem escrita. Jane Austen tinha o dom de fazer seus personagens escreverem bem (!). Uma carta bem escrita...tem razão a personagem do filme.
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Mas...e como vocês acham que Elizabeth ficaria depois de ler uma carta dessas? (*) A reposta está no mesmo capítulo:
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Elizabeth awoke the next morning to the same thoughts and meditations which had at length closed her eyes. She could not yet recover from the surprise of what had happened; it was impossible to think of anything else (...)
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E ela, caros leitores, não deu uma pronta resposta. It was impossible to think of anything else... Mas Mr. Darcy (mesmo não sendo do agrado de alguns...) sabia que ela jamais brincaria com os sentimentos de alguém. É o que ele diz no final da história.
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Imagino a ansiedade por que ele passou. Mas não foi só ele. Elizabeth ficou...hum, em tumulto com essa carta. Os críticos dizem que é um dos momentos chaves da história. É quando ela passa a ver tudo de forma diferente... Ela imaginava uma coisa, mas era outra...
É, também, um dos segredos de Orgulho e Preconceito e dos demais livros da Jane Austen: essa espera por que os personagens passam. E, devo dizer, os leitores também. Mas, calma! Não desistam dos livros da Jane Austen: essa espera é só enquanto eles decidem qual caminho seguir.
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(*) Na verdade, na verdade, Elizabeth fica assim antes de ler a carta; depois de o Mr. Darcy ter se declarado para ela. Fitzwilliam a escreveu para esclarecer alguns assuntos pendentes. De qualquer maneira, Elizabeth ficou sem palavras. Fosse a declaração por carta, ela teria ficado do mesmo jeito.
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