<$BlogRSDURL$>

segunda-feira, março 23, 2009

LENDO O LIVRO DA CLARISSA PINKOLA ESTÉS,
.
me lembrei de um texto do Gustavo Corção que havia lido há tempos. Chama-se A Vocação da Mulher. Eis alguns trechos interessantes:
.
O ponto aonde quero chegar, com essas considerações que roçam pelo delírio, é o seguinte: devemos acentuar a diferença, ao menos como tática de argumentação, porque um dos vícios de nosso tempo consiste precisamente em procurar a simplificação da uniformidade. A desordem de nosso tempo consiste em tender para o amálgama, para o informe, para a massa, para a sociedade sem classe, para um mundo sem limites, para uma vida sem regras, para uma humanidade sem discriminações.
.
Ao contrário disto, a sociedade que desejamos construir é uma sociedade ricamente diferenciada, e nitidamente hierarquizada. Só é possível pintar um belo quadro porque o vermelho é diferente do azul; só é possível tocar uma bela música porque há certa consonância nos acordes de quinta e certa dissonância nos acordes de sétima. E só é possível uma bela e boa sociedade de homens se as diferenças de natureza forem levadas até suas últimas conseqüências: quando se admitir, por exemplo, no unânime consenso que a mulher e o homem são diferentes.
.
quanto mais infantil for a criança, e quanto mais mulheril a mulher, e quanto mais varonil o homem, tanto melhor realizaremos em cada situação concreta a ordem, cambiante mas verdadeira, que é o fundamento da felicidade dos povos. O bem, a perfeição da sociedade, está na infantilidade da infância, na feminilidade da mulher, na masculinidade do homem.
.
Num sentido um pouco diferente do que sugere Gertrud Von Le Fort, eu diria que esta cultura está masculinizada, não pela predominância do masculino, mas pelo desfalque do feminino. Importa muito acentuar esse aspecto de carência para compreender bem que o retrato do homem-sem-mulher é uma triste caricatura do homem...
.
Disse há pouco que a sociedade de nosso tempo tem a marca de uma carência: a dos valores femininos.. Não é somente o corpo que urge velar, é a própria vida íntima, o próprio coração. E não é somente nas pessoas, uma por uma, que se aplica essa dieta, mas na própria civilização. O homem moderno precisa efetivamente recuperar o gosto da invisibilidade e da interioridade. A publicidade é um dos grandes ideais modernos. Quem não aparece, quem não é visto, sofre dessa invisibilidade como se duvidasse de seu próprio existir. Apalpa-se, duvida-se de si mesmo, sente-se desencarnado, alma do outro mundo, e só se tranqüiliza quando os outros, os olhos dos outros, a atenção dos outro, vêm confirmar aquela existência em crise.
.
Quem ainda duvida que nós precisamos do socorro e da ajuda feminina? Nós precisamos da mulher. Não somente em casa, como as vezes se diz. Mas na cidade, no mundo, na civilização. Precisamos que venham, mas que venham realmente como mulheres, isto é, com a paciência do véu e com a impaciência do amor.
.
(texto completo aqui)
.
Comments:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter