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sexta-feira, maio 01, 2009

PERSUASÃO
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Começar o dia lendo os comentários finais sobre Persuasão é maravilhoso. É o que me aconteceu hoje quando fui ver os emails do grupo CHÁ COM JANE AUSTEN (hoje com 83 pessoas!).
E como faço isto sempre que terminamos um livro da digníssima lá no grupo, aqui vai o meu comentário. (Um parêntese - hoje estou com um monte de parêntesis: Continuo achando que as pessoas deixariam de ver novelas se começassem a ler Jane Austen!).
Bom feriado a todos!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE PERSUASÃO

PESUASÃO, ao contrário de ORGULHO E PRECONCEITO, não começa com uma frase de efeito, nem com a ansiedade dos personagens por algum acontecimento. Começa, sim, com o Sir Walter lendo aquele chato livro “Anais de Baronetes” e com as descrições sobre as vidinhas fúteis de alguns personagens. Logo no início, também, tomamos conhecimento de que houve um Wentworth na vida de Anne, mas que Lady Russel, preocupada com sua estimada amiga – quase uma filha – a fez mudar de idéia de prosseguir o relacionamento com esse rapaz que não tinha nenhuma estabilidade.
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O começo do livro, para mim, não teve muita emoção. Mas daí reaparece, anos depois, aquele jovem por quem Anne tinha sido apaixonada. Só que agora ele é um Capitão da Marinha, carregando conquistas no mar e prestígio social. Ele reencontra Anne, há emoção por parte dela, mas ele ainda está com o coração ferido. Chega a ser comovedor saber como ele ficou sentido com a recusa de Anne. Para não ficar com raiva dela, penso que ela era muito nova, ainda imatura, para tomar suas próprias decisões. Mas acontece que ela nunca se casou. Nem ele. E então fica aquela tensão no ar: ela controlando a emoção por reencontrá-lo, e ele fazendo questão de ser frio. E isso é o que deixa o livro ótimo, pois fiquei ansiosa por cada encontro deles, para saber o que iria acontecer, o que eles iriam dizer, o que iriam fazer.
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Anne, nessa parte do livro, quando do retorno do capitão, se mostra, para mim, a personagem mais amadurecida de todas as heroínas que vimos até agora. Isso me chamou muito a atenção. Acho que ela é até mais amadurecida que a Elinor Dashwood, que também é muito amadurecida. O jeito como ela encara as situações, como lida com as pessoas, com a própria família. Por exemplo, ela (Anne) está com uma idade que, para pessoas ao redor - e o pai em especial - já não deve mais ter esperanças de se casar. Mas o interessante é que ela não transmite frustração por isso, ou pelo menos não como poderíamos esperar.. Ela tem um espírito até tranqüilo para as pressões de seu meio. Aliás, acho que vi maturidade nisto também: ela se mantém fiel à sua personalidade mesmo em um meio diferente. Esse tema sobre choque de valores, choque entre uma pessoa inserida em um meio distinto, e a importância de não se deixar afundar por um meio, o tenho conversado muito com uns amigos que estão fazendo um curso de filosofia. Então gostei de ter visto essa qualidade em Anne. Ela sabe a família que tem, percebe como são as pessoas ao seu redor, mas permanece tão digna, tão única. E é justamente isso que mais chama a atenção do Cap. Wentworth. (Um parêntese: e talvez porque esteja com esse tema na cabeça – da questão de se manter fiel, mesmo em um meio que, de alguma forma, queira corromper – comecei a pensar que todas as heroínas da Jane Austen têm essa característica. Mesmo Emma se destaca de alguma forma.).
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Então temos o acidente na cidade de praia, algumas reviravoltas e o momento da carta – na verdade, está mais para bilhete. Voltamos ao poder de uma carta bem escrita, como lembra a personagem do filme CLUBE DE LEITURA DA JANE AUSTEN. E, mais uma vez, é comovente ver como o Cap. Wentworth a amava. Agora, os dois, Anne e Wentworth, não precisam mais temer as interferências alheias, pois têm a maturidade certa para ficarem juntos e serem felizes.
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