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terça-feira, junho 16, 2009

COM OS BOTÕES
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Sei que estou falando muito sobre "cura espiritual", "felicidade" etc. Isso tem uma explicação: estou lendo Dostoievski. Mais precisamente, o seu O IDIOTA. E o que uma coisa tem a ver com outra? É que termino um capítulo d'O IDIOTA, imediatamente pego um livro sobre "cura espiritual", tentando achar uma cura para os personagens do russo. Porque, pélamordeDeus, todos os personagens do Dostoievski precisam de ajuda!
Aliás, penso com os meus botões: viver na Rússia deve ser a coisa mais difícil do mundo. Viver deve ser difícil lá. Ou são as revoluções, ou é o comunismo, ou são os chefes de governo, ou o frio gélido, gélido, ou a Sibéria... Credo! Ou você fica deprimido, ou fica louco ou bebe muito. Ainda estou para ver alguém feliz - realmente feliz, sem precisar recorrer à vodka para dar uma gargalhada - que tenha nascido e vivido lá. Se alguém conhecer algum russo assim, pode me apresentar. Ah! Lembrei: a melhor amiga da minha mãe é filha de russo e é muito divertida. Mas ela nasceu e vive no Brasil, então não vale. Quero ver um russo autêntico. Podem me apresentar. Quero ver se a impressão que faço deles está errada.
Mas voltando ao livro. Dostoievski é um dos meus favoritos. Sempre muito profundo, um tanto pesado. Confesso que o leio com certo receio de abrir demais o coração e me deixar contagiar por aquele espírito, mas algo sempre contagia, não tem jeito. (Depois é bom voltar a um inglês, como a digníssima ou o Oscar Wilde, para a vida voltar a ser mais leve e ironicamente requintada.) Com O IDIOTA, já li uma das passagens mais belas da literatura: a parte em que ele conta sobre sua estadia em uma vila suíça e de como ajudou uma moça que era rejeitada por todos. Levei um tempão para terminar essa parte, pois os olhos marejavam a todo instante. Tive que recorrer ao kleenex para conseguir terminar esse trecho. Agora, estou naqueles momentos do livro em que a gente já percebe que idiotas são os outros (tão maliciosos, tão raposas, tão ardilosos, credo!), e morre de pena do IDIOTA. Eu pelo menos sinto dó. Às vezes fico com raiva, também, por ele insistir em conviver com os idiotas, mas é mais pena. Pois sei que ele não é O IDIOTA à toa. Era isso mesmo que o Dostoievski queria mostrar. Mas daí, voltando a conversar com os botões, O IDIOTA é tão puro naquela terra tão fria e deprimente, que ele merecia vir morar no Brasil. Gente dúbia, ele encontraria aqui também, mas ao menos, saindo do convívio dessas pessoas por um instante, ele teria: calor, praia e, agora, muita tainha com farofa!
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