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sexta-feira, julho 31, 2009

O MUNDO (FEMININO) PRECISA DESSAS COISAS
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Se fosse escrever para uma daquelas revistas que não gosto (aquelas "TU S/A" etc), falaria sobre uma cabeleireira que conheci ontem. Ela atende na casa dela e disse que foi a melhor coisa que fez na vida, pois pôde conciliar a atenção aos filhos com o trabalho que adora fazer. Aliás, ela disse que ama cabelo e que, no caso dela, só pode ser dom porque, quando pequena, no sítio onde ia (ou morava, não lembro) com a família, via a mãe cortando o cabelo de todos os trabalhadores de lá e ficava fascinada. Ela via e pedia pra mãe se podia cortar também. A princípio, a mãe relutou, mas depois acabou deixando. Então ela é que começou a cortar o cabelo de todos. Perguntei se eles não tinham medo de uma criança cortar o cabelo deles, e ela disse que não; eles aceitavam, e o corte era simples, não tinha nada de extravagente.
Depois ela me contou sobre os cursos que fez. O seu favorito? O da L'Oreal. E ama todos os produtos dessa marca.
Perguntei o que ela gosta de fazer no cabelo. Ela respondeu: "gosto de tudo o que cuida e trata do cabelo; detesto tudo o que prejudica." "Por isso", disse ela, "não faço chapinha, nem alisamento. Cabelo deve ser tratado com muito carinho". E que carinho! A escova que ela faz - o único "alisamento" que pode ser feito sem prejudicar o cabelo, desde que não seja feita todos os dias - é de uma delicadeza só. E enquanto ela faz a escova, ela vai dando mil dicas de cuidados, de cremes, de formas de pentear e arrumar nosso tipo de cabelo, além de esclarecer, com muita segurança, nossas dúvidas.
A "consulta" ocorre sem pressa. Ela disse que não tem vontade de abrir um salão por causa disso: em casa, ela faz o seu próprio horário e não precisa correr pra atender todas as clientes. Ela gosta de dar a máxima atenção ao cabelo que está sob seus cuidados.
As clientes saem de lá satisfeitas. De manhã, ela tinha atendido uma antiga cliente que está morando em Porto Alegre. Viajou para cá e fez questão de retocar o penteado. Eu sou lá da Minha Aldeia e, estando aqui (*), fui convencida a conhecer essa cabeleireira. Quando saí, meu único lamento foi este: saber que, quando voltar, vai ser difícil achar uma cabeleireira igual.
Os leitores do Desanuviando devem ter torcido o nariz já no primeiro parágrafo deste post. Mas as leitoras terão compreendido. Achar alguém que nos ajude com o nosso cabelo, que o valorize, que cuide dele, se mantenha firme em não fazer o que todos os salões têm feito e, ainda por cima, que nos trate de forma única, e não como "mais uma cliente", é o que toda mulher quer.
Aliás, é o que todos gostaríamos de ter: lugares onde vamos, aprendemos, nos sentimos enlevados por uma áurea de satisação - por causa da satisfação de quem fez o trabalho - e saímos nos sentindo bem. Coisa simples, sem grandezas excepcionais, que me lembram daquele poema do Carlos Drummond de Andrade, o RECEITA DE ANO NOVO. Não precisamos de muita pirotecnia na vida. Precisamos é das intenções que colocamos nas pequenas coisas - clichê? mas quem realmente se esforça por isso? - Do espírito renovado que nós podemos renovar a cada dia, com cada pessoa, com cada tarefa. (...) novo / até no coração das coisas menos percebidas / (a começar pelo seu interior) / novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, / mas com ele se come, se passeia, / se ama, se compreende, se trabalha, como disse Drummond.
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(*) É, ainda não voltei para a Minha Aldeia.
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PARA O KIKO, QUE DEVE COMEÇAR UM NOVO ANO EM AGOSTO:
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(...)
Para ganhar um Ano Novo / que mereça este nome, / você, meu caro, tem de merecê-lo, / tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, / mas tente, experimente, consciente. / É dentro de você que o Ano Novo / cochila e espera desde sempre. (RECEITA DE ANO NOVO, C.D.A.)
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