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domingo, julho 05, 2009

QUASE DE VOLTA...À RÚSSIA!
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Amigos, como vocês sabem, estava na Rússia, morrendo de frio e morrendo de pena dos personagens do Dostoievski. Pois com promessa de calor, apareceu a norte-americana Frances Mayes, me convidando para passar uns dias na sua casa de veraneio na Toscana. Aceitei na hora!
E foi assim que me trasladei para a Itália, nesse início de verão (deles). Ainda estou Sob o sol da Toscana, mas meu retorno à Rússia se dará esta semana.
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COMO?
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Eu gosto de ler um livro literário por vez. Termino um, logo começo outro. Mas durante O IDIOTA, ganhei o livro SOB O SOL DA TOSCANA, da Frances Mayes. Fui ler o primeiro capítulo, só para ver como era, daí quis ler o segundo capítulo, então o terceiro, o quarto...e não consegui mais largar o livro. Nesse último mês de correria, estudo dobrado e cansaço idem, repousar por uns instantes na Toscana foi revigorante. Ainda mais que a descrição de Frances Mayes é simplesmente envolvente. Que delicadeza de escrita! Que sensibilidade para absorver impressões de uma nova cidade. Até a exaustiva reforma de sua casa é descrita de forma literária. Incrível!
Fiquei horas ouvindo como foi sua decisão de comprar a casa, de jogar a economia de anos num sonho que surgiu durante as férias de verão na Itália. Ousar uma mudança, começar tudo do zero - essa coragem eu também tenho, pensei com os meus botões enquanto ouvia Frances. É o tal espírito cigano que me acompanha desde pequena. E as reformas...tão cansativas, só de pensar. Mas é o pensar no trabalho concluído, na casa pronta que nos faz iniciar uma reforma desgastante.
Reforma. Gosto da palavra. A casa, a terra, talvez nós mesmos. Mas reformar para ser o quê? (...) É nossa disposição para todo esse trabalho que me espanta. (Frances Mayes, em SOB O SOL DA TOSCANA)
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E O FILME?
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Tenho o filme SOB O SOL DA TOSCANA aqui em casa. Acho-o delicioso. A personagem se chama Frances Mayes também. Mas, oh, não pense que o filme copiou o livro. O livro é a descrição - primeiro punho - feita pela autora. Ela vai contando vários episódios observados e sentidos na Itália. Alguns episódios, ela os viu acontecerem na rua, com outra pessoa. No filme, a maioria dos episódios acontece com a protagonista. É divertido ler o livro e ir lembrando como a cena descrita aparece no filme. A transposição do enredo de uma arte para a outra também é algo fascinante de ser observado. Ainda mais quando é feito com esmero. E tanto o livro quanto o filme foram feitos com esmero.
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O SONHO EM UMA CASA
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Tenho uma amiga que entrou em uma casa azul e, desde então, não pára de sonhar com ela. A casa é azul porque tem grade azul, pisos de azulejo azul, quadros em azul, flores azuis. Tudo azul, essa cor tão espiritual. Essa amiga disse que se um dia a tal casa for dela, vai mandar fazer a imagem de um santo - não vou dizer qual; o sonho é de outra pessoa - em azulejo azul e colocar na entrada.
Há casas mágicas, não tenho dúvida. Dessas em que entramos e sentimos um frisson. Algo a nos dizer: pode ser ela, ou é ela!, a casa que vai nos acolher, acolher nossa família, nossos sonhos, nosso cansaço, nosso descanso.
Frances Mayes, diante de uma casa quase em ruínas, deve ter sentido esse frisson.
A casa deve ter algum alinhamento positivo, de acordo com as teorias chinesas de Feng Shui. Algo está nos proporcionando uma extraordinária sensação de bem-estar. Ed tem a energia de três pessoas. Eu, sujeita a insônia a vida inteira, durmo todas as noites como quem acabou de morrer e tenho sonhos profundamente harmoniosos de estar nadando com a correnteza num rio verde-claro, sentindo-me à vontade para brincar na água. Na primeira noite, sonhei que o nome da casa não era Bramasole, mas Cento Angeli, Cem anjos, e que eu os descobriria um a um. Será que traz má sorte mudar o nome de uma casa, como mudar o nome de um barco? Como estrangeira temerosa, não mudaria. Mas, para mim, a casa agora tem um nome secreto além do seu nome verdadeiro. (Frances Mayes, no livro).
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UI, O FRIO!
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Já começo a me sentir pesada só de pensar que ainda volto para o frio gélido (não é redundância!) da Rússia. Preciso, urgentemente, para esta viagem, da companhia da grande amiga e conselheira, a digníssima Jane Austen.
Boa semana a todos!
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PENSANDO COM OS BOTÕES:
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Voltando da Rússia, certamente o nome da minha casa - no sentido metafórico, por favor: minha alma, meu ser - será BRAMARE. Brama Mare. Que é essa falta de maresia (*) na alma que começa a aumentar certos anseios.
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(*) fico fula (**) quando ouço maconheiro falar de "maresia" para se referir à fumaça da maconha. Que profanação!
(**) fula, pelo dicionário Aurélio é: Substantivo feminino. 1.Diligência, pressa. 2.Vão das bochechas, onde se acumula a comida mastigada. 3.V. quantidade (3). / Substantivo feminino. Chapel. 1.Apisoamento e preparação do feltro para a confecção de chapéus. 2.Aparelho para apisoar e calandrar panos; pisão, calandra / Substantivo de dois gêneros. 1.Etnôn. Indivíduo dos fulas, povo majoritariamente muçulmano que se estende, na savana sudanesa, desde o Senegal até ao norte dos Camarões (África); fulo; felata. Substantivo masculino. 2.Gloss. A língua desse povo. Adjetivo de dois gêneros. 3.Relativo ou pertencente aos fulas; fulo. [Var., nessas acepç.: fulá, fulani, fulâni.] 4.Bras. Angol. Diz-se, hoje, do mestiço de negro e mulato; pardo, fulo. Mas não é a nenhum desses sentidos que eu me refiro. É a um sentido mais catártico, usado em situações extremas: fula, de fula da vida.
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SÓ MAIS UMA COISA!
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Frances Mayes e eu compartilhamos a mesma admiração pela luz dourada. Isso foi um dos pontos decisivos na hora de ela colocar o sonho na casa Bramasole.
Eu vivo buscando essa luz dourada. E quando a encontro, coloco meus sonhos nela.
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