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terça-feira, novembro 24, 2009

GESTOS BONITOS
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Acho bonito gesto de gratidão. Ontem soube de um rapaz que está ajudando outro rapaz com matérias na faculdade. O rapaz ajudado tem ido muito bem nas provas, graças a essas "aulas" do amigo. E este amigo está dando aula na amizade, sem cobrar nada, só pela ajuda mesmo.
Pois no domingo, o amigo ajudado foi visitar esse amigo-professor e levou-lhe um presente. O que recebeu não estava esperando nada e nem achava que o outro tinha obrigação de lhe dar nada. Isso foi o mais bonito: foi espontâneo. O outro quis dar o presente porque, certamente, tem um espírito de gratidão. E eu acho bonito isso. Algo de que devemos nos lembrar, para sempre fazermos igual. Porque é aquela história: ninguém é obrigado a ser gentil, mas gentileza faz uma diferença...
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Outro episódio que me contaram. Uma mulher que estava cheia de problemas procurou uma senhora que fazia reiki. A tal mulher não tinha condições de pagar pelas sessões de reiki e falou isso para a senhora. Esta disse que, no final de dez sessões, pensaria em como a mulher poderia retribuir.
Pois durante os encontros, a senhora do reiki percebeu que a mulher não tinha dinheiro porque ajudava a família toda. Nunca sobrava nada para ela. O senso de dever dessa mulher era tão grande, que já não pensava em comprar nada para si. Ela, na verdade, já nem pensava mais em si.
Acabaram-se as dez sessões e a senhora cobrou:
- Em troca, vou pedir que você compre dois vasos de violetas cor de rosa. Um vaso vai ser meu; o outro vai ser seu. Depois volte aqui. Você acha que pode comprar isso?
A mulher disse que sim, foi à floricultura e voltou com dois vasos de violetas na cor rosa. Mas logo que voltou para fazer o "pagamento", confessou que ter comprado as flores para a senhora foi fácil. Porém, comprar as flores para ela mesma foi dificílimo, ainda mais na cor rosa...
A senhora imaginou que seria difícil, e disse que pediu na cor rosa para ela voltar a se valorizar. (Parece que o rosa tem alguma relação com a auto-estima da mulher.) E ter se permitido comprar um presente para si foi um gesto simbólico para ela voltar a se cuidar, e a cuidar dos seus próprios problemas, antes de ajudar os demais. Só assim ela poderá ajudar os outros, sem carregar o mundo nas costas, sem se afundar.
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Outro episódio. Este, eu vi faz uns cinco anos, e estava no carro com a minha mãe. Estávamos bem atrasadas para ir não lembro aonde. De repente, um pouco mais a frente, avistamos duas crianças no meio da rua, tentando atravessar, mas não conseguiam por causa dos muitos carros que passavam. Os dois pareciam irmãos. Era um menino e uma menina, e o menino era mais velho que a garotinha. Minha mãe parou o carro para eles poderem atravessar. O garoto agradeceu e abraçou a irmãzinha com tanto zelo e tanta proteção, que ficamos comovidas. Sei que contando pode não ter o mesmo efeito. Mas, naquele momento, ter visto um garotinho pequeno, cuidando com tanto esmero da irmãzinha menor ainda, sem nenhum adulto por perto, nos tocou. Um senso de desvelo em um garoto daquela idade foi bonito de ver.
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Esses pequenos gestos, para mim, é que verdadeiramente transformam as pessoas. Uma revolução com candura, que vai transfigurando a vida e o ser de cada um.
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Estava pensando em contar esses episódios (e creio que há muitos outros que agora não lembro), mas não sabia quando eles virariam post. (Pois, caso vocês não saibam, alguns posts têm vontade própria. Eles só vêm para o Desanuviando quando querem.) Então hoje recebi por email um trecho muito bom do livro SÃO BENTO - O ETERNO NO TEMPO, de autoria do já falecido Dom Lourenço de Almeida Prado, antigo reitor do colégio São Bento, no Rio de Janeiro. Daí os episódios pediram para virar post e me obrigaram: esse trecho do livro vem junto com a gente!
Eu, reles bloguista, obedeço. Aí vai o trecho:
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Já se disse que o avanço da civilização, isto é, o amadurecimento da vida do homem em sociedade, pelo acesso à vida civilizada, não tem sido causado pelos grandes políticos reformadores, nem pelos grandes generais ou líderes revolucionários, mas pelo trabalho silencioso e quase imperceptível daqueles que vão introduzindo no convívio da família, nos grupos de trabalho, da aldeia ou da fazenda, princípios de relacionamento, práticas de reciprocidade e mutualidade, que se transformam em hábitos comuns e depois são acolhidos e consagrados pelas leis.
Podemos dizer, nesse sentido, quase sem exagero, que a verdadeira história da humanidade não está nos compêndios. Estes tratam das guerras e das revoluções, do surgimento e da derrubada dos tiranos, do crescimento e da morte dos impérios e quase nunca se dão conta de que,entre a hora em que um rei suplanta o seu antecessor e a hora em que ele mesmo é suplantado, não há um passo sequer de verdadeiro progresso humano. O progresso verdadeiramente digno desse nome vem de dentro,nasce no coração humano que se aprimora, e transborda para as leis e as instituições.

(op.cit. pg. 189,190)
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