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domingo, novembro 22, 2009
LIBERDADE
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Ganhei uma fitinha do Senhor do Bonfim esses dias e, pela primeira vez, resolvi buscar informações sobre o seu significado. É que em todas as vezes que usei uma fitinha dessas, usava-a sem saber muito bem a história que tinha por trás dela, como tinha começado essa devoção etc.
Encontrei algumas explicações na internet. Uma delas aparece no site da revista Bons Fluidos e diz assim: Naquela época, a basílica do Bonfim era freqüentada principalmente pela população pobre da cidade de Salvador. Entre os fiéis, muitos escravos iam ali rezar por sua libertação. Logo, os padres começaram a usar o dinheiro das doações para comprar a liberdade deles. 'A igreja passou então a distribuir fitinhas em agradecimento a quem contribuía para a alforria dos escravos (...). As fitas acabaram ganhando o caráter de amuleto de proteção e passaram a ser amarradas ao corpo".
Reparem nisto: iam ali rezar por sua libertação. Já pensou você ter que rezar por sua liberdade? Fiquei pensando nisso. Eu que não suporto se alguém começa a me dar muito palpite na vida e a me insistir a fazer algo que não quero (*), acho que não agüentaria se estivesse em uma situação em que tivesse que rezar por minha liberdade.
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Deve ser por isso que uma senhora que conheci este ano, uma senhora "bem resolvida" e bem espiritualizada, contou que não consegue ir a Cuba. Ela tinha que dar um curso lá, mas já cancelou algumas vezes sua viagem porque, na véspera, sempre passa mal. Na verdade, com certa antecedência ela começa a passar mal. Ela disse que a atmosfera de Cuba não lhe faz bem. E eu sei que essa pessoa 'sente' bem a atmosfera; podem maquiar tudo, deixar tudo pintado e bonitinho, mas se houver "algo de podre no reino da Dinamarca", ela percebe. E com relação a Cuba, também pudera, né?
Será que os cubanos, tais como os escravos de Salvador, rezam por sua liberdade?
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(*) Algo que me traumatizou na vida, e que sempre conto em tom de desabafo, foi "grupo jovem" de igreja. Fui a um único em toda a minha vida. E pra nunca mais voltar. Foi quando tive minha primeira sinusite, acho que de tão irada que fiquei. Era um grupo jovem do meu colégio, e eles fariam uma espécie de retiro, um sábado inteirinho no colégio fazendo algumas dinâmicas. Tudo o que mandavam a gente fazer, a gente tinha que fazer. Em um determinado momento do dia, os jovens tinham que ir para uma sala e ficar sentados no chão. Nesse momento, com uma musiquinha de fundo, o cara que coordenava o grupo começou a falar do como éramos ingratos com os nossos pais, de como eles se sentiam tristes por nossas atitudes etc etc. Nessa hora, minha gente, a adolescentada inteira começou a chorar. Eu não chorei, pois não estava me sentindo culpada, não estava brigada nem nada com os meus pais. Estava com a consciência super tranqüila. Olhei ao meu redor e vi que havia um único garoto que também não estava chorando, e ele também me viu sem lágrimas nos olhos. Então começamos a rir. Nessa hora, o tal coordenador falou bravo, algo do tipo: o riso é de quem está nervoso. Não esconda o choro; pode botar pra fora tudo o que aperta o seu coração. Não me agüentei: olhei pro garoto e vi que ele também ia rir mais. Daí, acho que por uma sintonia de pensamento, resolvemos abaixar a cabeça para abafar o riso. Assim daria a impressão de que tínhamos nos entregado ao choro purificador.
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p.s.: Olhem o risco que minha fé sofreu! Ainda bem que separei as coisas: acredito em Deus. Mas não acredito em grupos jovens.
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