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sábado, março 06, 2010

DO VÍDEO QUE INDIQUEI NO POST ANTERIOR:
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Aparece, logo no começo, esta frase de Samuel Beckett:
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Now I am reading the divine Jane. I think she has much to teach me.
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Pois eu tenho certeza de que ela tem muito a ensinar.
Agora, no grupo CHÁ COM JANE AUSTEN, estamos relendo PERSUASÃO. E um dos tópicos que estamos discutindo é: sobre o que achamos da protagonista Anne. Somos só elogios a ela! Anne tem a maturidade e a admirável discrição (*) da Elinor (de RAZÃO E SENSIBILIDADE), mas, como disse uma das integrantes, tem mais leveza.
Algo que me fez dialogar muito com os meus botões enquanto o lia (PERSUASÃO), é como a Anne se destaca em seu meio. Não um destaque social, um destaque de beleza ou de riquezas, mas um destaque de caráter. E, justamente por ser um destaque de caráter, ela não tem, digamos, aquela áurea de "bem sucedida" que muitos têm (mesmo quando estes não têm nada internamente). As pessoas ao redor são tão medíocres, que também são incapazes de perceber as qualidades da protagonista. Cheguei a comentar isso aqui no Desanuviando (post do dia 1o. de maio de 2009). Este é um dos trechos:
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O jeito como ela encara as situações, como lida com as pessoas, com a própria família. Por exemplo, ela (Anne) está com uma idade que, para pessoas ao redor - e o pai em especial - já não deve mais ter esperanças de se casar. Mas o interessante é que ela não transmite frustração por isso, ou pelo menos não como poderíamos esperar.. Ela tem um espírito até tranqüilo para as pressões de seu meio. Aliás, acho que vi maturidade nisto também: ela se mantém fiel à sua personalidade mesmo em um meio diferente. Esse tema sobre choque de valores, choque entre uma pessoa inserida em um meio distinto, e a importância de não se deixar afundar por um meio, o tenho conversado muito com uns amigos que estão fazendo um curso de filosofia. Então gostei de ter visto essa qualidade em Anne. Ela sabe a família que tem, percebe como são as pessoas ao seu redor, mas permanece tão digna, tão única. E é justamente isso que mais chama a atenção do Cap. Wentworth. (Um parêntese: e talvez porque esteja com esse tema na cabeça – da questão de se manter fiel, mesmo em um meio que, de alguma forma, queira corromper – comecei a pensar que todas as heroínas da Jane Austen têm essa característica. Mesmo Emma se destaca de alguma forma.).
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Sabe por que eu volto a pensar nisso? Porque você não tem uma real dimensão do que a Anne passa enquanto não encontra uma pessoa com as mesmas características que ela, ou que esteja na mesma situação. Você até tem noção, imagina, mas quando você conhece uma "Anne" na vida real, tudo faz muito mais sentido. É o que aconteceu: conheci uma pessoa que está em uma situação muito parecida com a da Anne, neste sentido de diferir da família e do meio em que se encontra. Já comentei com essa pessoa sobre a personagem. E reconheço que não deve ser fácil: você querendo subir, crescer, e todos ao redor te puxando para baixo, te achando "estranho" por ser assim. A maioria sucumbe nesses casos. O meio pode acabar sendo mais forte. Mas eis a divina Jane nos ajudando: ela nos apresenta a Anne, um exemplo de coragem e fortaleza, e mais: de serenidade, que também não é coisa fácil em momentos assim.
Então, "Annes-em-potencial", que andam por aí, precisando de coragem para sair da mediocridade que ronda os meios, as tvs, até mesmo as famílias, LEIAM JANE AUSTEN. Ela tem muito a nos ensinar.
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(*) É até meio redundante escrever assim, pois a discrição é sempre admirável.
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