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domingo, maio 02, 2010

COMENTÁRIO FINAL SOBRE O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, para o grupo CHÁ COM JANE AUSTEN
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Marcia, acabei de ler o que vc mandou por email e, depois, vou ler o que está no seu blog. Concordo com o que vc comentou sobre a narração feita pela Nelly. Tb pensei nisso várias vezes. Tudo o que sabemos da história de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, foi-nos contado por uma das personagens.Isso é muito interessante pq tb é ela quem nos convence do caráter dos personagens e nos transmite as sensações que ela mesma sentiu. E nem consigo pensar que ela estivesse mentindo ou exagerando. Confiei totalmente na narrativa dela. Até Lockwood chegou a simpatizar com a jovem Cathy por causa dela; somente no final, quando ele reviu Cathy, e viu os modos frios e egoístas da jovem, é que ele se perguntou se Nelly não teria sido muito parcial para com ela. Mas os fatos em seguida (Cathy com Hareton) parecem ter confirmado a descrição de Nelly.


E agora me atenho a algumas reflexões que fiz sobre o livro:

- acho que nenhum outro livro me fez sentir tanta raiva durante a leitura como este livro. Sério: Emily Bronte concentrou os personagens mais loucos, mais perturbados, mais grosseiros, mais fracos, mais doentios que um escritor poderia reunir em uma mesma história. Tenho lido meus livros, a maior parte do tempo, no ônibus, então às vezes me custou ler direto O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Tinha que parar um pouco a leitura, respirar fundo, olhar para a paisagem, digerir a raiva que sentia por aqueles loucos e, daí sim, voltar à leitura.

- sobre a loucura e a doença espiritual dos personagens: eu estudo sobre florais (florais de Bach, florais de Saint Germain...é medicina alternativa, pra quem não conehce) e uma atividade interessante a se fazer quando se estuda florais, pra aprender a diagnosticar e receitar o melhor floral a uma pessoa, é, em livros literários, tentar "receitar" um floral para cada personagem. Em alguns livros isso é fácil de fazer. Mas em O MORRO DOS VENTOS UIVANTES foi dificílimo! Isso porque tentei me colcoar no papel de terapeuta dos personagens do livro, mas como terapeuta falhei: senti raiva deles, vontade de os abandonar, não sentindo a mínima compaixão. Pensei sobre eles: só um milagre pra salvar essa gente. Só simpatizei com Nelly e Lockwood e, depois, um pouquinho com a jovem Cathy. No mais, credo! Que gente era aquela?! Eu que fui apenas leitora e já quase enlouqueci com eles, imaginem os que conviviam ali, diariamente, com aquela gente? Eles deixam qualquer um cético com relação ao ser humano!

- uma comparação com os livros de Jane Austen: em alguns romances da nossa querida escritora, achamos que as protagonistas deveriam ser um pouco menos passivas (exemplo: protagonistas de A ABADIA DE NORTHANGER e MANSFIELD PARK) e que deveriam, de vez em quando, dizer um: "escuta aqui, minha filha", para quem merecesse. Engraçado que no livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES já vemos o contrário: todos sabem muito bem dar respostas grosseiras. Até Nelly, a certa hora, diz o que gostaríamos de ter dito ao 'fresquinho' (estão vendo a falta de caridade que tive por esses personagens?) do jovem Linton (cáp. XXVIII): "-Não consente o que, seu cretino?!". Mas daí fiquei pensando: na Jane Austen ninguém fala desse jeito, aqui em O MORRO DOS VELHOS UIVANTES, todos falam assim, ninguém leva desaforo, mas do que adianta? Acho que os personagens de EMily Bronte deveriam ter umas aulinhas de 'finesse' com os personagens da Jane Austen. Mas, novamente o meu ceticismo com relação aos personagens da Bronte, é Lockwood quem traduz o que penso de um 'encontro' desses: "Vivendo entre rústicos e misantropos, provavelmente não era mais capaz de apreciar uma companhia melhor, quando a encontrava" (cáp.XXXI). Ou seja, tenho minhas dúvidas se os personagens de Bronte se sensibilizariam pelo contato com os personagens de Austen.

- O maior consolo, ao terminar o livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, foi lembrar que nossa próxima leitura será do leve e ligeiramente fútil EMMA. Que alívio, minha gente!

Bjos e uma ótima semana a todos!
Rebeca
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