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terça-feira, março 08, 2011

PARTIDAS
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Um amigo comentou que uma idéia é boa quando a gente diz : "Por que não tive essa idéia antes?"
Penso algo parecido com relação a boas histórias; acho que uma história é boa quando digo: "Gostaria de ter escrito essa história", e isso pode se referir a livros ou filmes.
Pois eu tive esse pensamento ao ver o filme A PARTIDA, o filme japonês mais bonito que já vi até hoje.
Conta a história de um violoncelista que, não podendo mais tocar na orquestra (porque ela é desfeita), aceita o primeiro emprego que lhe aparece: é encarregado de preparar os defuntos para os funerais. Aí entra um detalhe que eu só soube porque me contaram: parece que os japoneses têm preconceito com o 'tocar em defuntos'. Então, o protagonista do filme tem que, primeiro, ele mesmo superar seus preconceitos (e seu nojo), para, depois, encarar o desdém daqueles que sabem do seu trabalho.
Mas essa preparação do defunto é feita de forma tão delicada e honrosa, que ele vai descobrindo o valor desse ritual - desse respeito que um morto deve ter.
Como complemento, há a história mal resolvida entre o protagonista e o pai que abandonara a família há mais de trinta anos.
No final do filme, a gente percebe que o emprego inusitado do protagonista tinha uma razão de ser, mas é uma surpresa tão gostosa, que nem vou contar.

Meu bonequinho o aplaude de pé, sorrindo, mas segurando um lencinho para enxugar as lágrimas que ainda não secaram.
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Só pra complementar, o filme A PARTIDA tem a característica que normalmente me cativa em um filme: é cômico e dramático. Ou seja, a gente ri e chora - como na vida, lembrou o Kiko.
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Por uma baita 'coincidência', assisti a esse filme na última noite em que estive em Curitiba, depois de um ano visitando-a nos finais de semana e feriados. Agora acabou este meu compromisso com essa linda cidade - cidade em que não sinto vontade de morar, mas que amei visitar todas essas vezes. Além dos motivos pessoais (momentos em família inesquecíveis, como há tempos não tinha), outros tantos motivos dessa cidade me conquistaram: a limpeza, o silêncio (eu sempre chegava cansada e podia dormir bastante), a boa comida, o pub com música irlandesa, a livraria Letrinhas, a Maria da Luz (uma guia turística, senhora já viúva, que parece uma lady inglesa - she's adorable!), as casas bonitas, as ruas arborizadas, os parques, os shoppings... Curitiba tem tudo o que uma cidade grande tem, mas, graças a Deus, deixou o stress e a agitação de lado.
... e foi por isso que me senti ainda mais tocada pelo filme A PARTIDA porque se a vida é passageira, ela também é feita de momentos passageiros. Essa "temporada em Curitiba" deixa isso bem evidente. Existiu, mas o verbo no pretérito indica que passou. Permanece o cheiro de saudade no ar.
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