Links
O clube de leitura "Chá com Jane Austen" mudou de nome. Agora é "O que Jane Austen faria?" Se quiser mais informações, envie-me um email para: rebecamiscow@gmail.com
Archives
- 05/01/2003 - 06/01/2003
- 06/01/2003 - 07/01/2003
- 07/01/2003 - 08/01/2003
- 08/01/2003 - 09/01/2003
- 09/01/2003 - 10/01/2003
- 10/01/2003 - 11/01/2003
- 11/01/2003 - 12/01/2003
- 12/01/2003 - 01/01/2004
- 01/01/2004 - 02/01/2004
- 02/01/2004 - 03/01/2004
- 03/01/2004 - 04/01/2004
- 04/01/2004 - 05/01/2004
- 05/01/2004 - 06/01/2004
- 06/01/2004 - 07/01/2004
- 07/01/2004 - 08/01/2004
- 08/01/2004 - 09/01/2004
- 09/01/2004 - 10/01/2004
- 10/01/2004 - 11/01/2004
- 11/01/2004 - 12/01/2004
- 12/01/2004 - 01/01/2005
- 01/01/2005 - 02/01/2005
- 02/01/2005 - 03/01/2005
- 03/01/2005 - 04/01/2005
- 04/01/2005 - 05/01/2005
- 06/01/2005 - 07/01/2005
- 07/01/2005 - 08/01/2005
- 08/01/2005 - 09/01/2005
- 09/01/2005 - 10/01/2005
- 10/01/2005 - 11/01/2005
- 11/01/2005 - 12/01/2005
- 12/01/2005 - 01/01/2006
- 01/01/2006 - 02/01/2006
- 02/01/2006 - 03/01/2006
- 03/01/2006 - 04/01/2006
- 04/01/2006 - 05/01/2006
- 05/01/2006 - 06/01/2006
- 06/01/2006 - 07/01/2006
- 07/01/2006 - 08/01/2006
- 08/01/2006 - 09/01/2006
- 09/01/2006 - 10/01/2006
- 10/01/2006 - 11/01/2006
- 11/01/2006 - 12/01/2006
- 12/01/2006 - 01/01/2007
- 01/01/2007 - 02/01/2007
- 02/01/2007 - 03/01/2007
- 03/01/2007 - 04/01/2007
- 04/01/2007 - 05/01/2007
- 05/01/2007 - 06/01/2007
- 06/01/2007 - 07/01/2007
- 07/01/2007 - 08/01/2007
- 08/01/2007 - 09/01/2007
- 09/01/2007 - 10/01/2007
- 10/01/2007 - 11/01/2007
- 11/01/2007 - 12/01/2007
- 12/01/2007 - 01/01/2008
- 01/01/2008 - 02/01/2008
- 02/01/2008 - 03/01/2008
- 03/01/2008 - 04/01/2008
- 04/01/2008 - 05/01/2008
- 05/01/2008 - 06/01/2008
- 06/01/2008 - 07/01/2008
- 07/01/2008 - 08/01/2008
- 08/01/2008 - 09/01/2008
- 09/01/2008 - 10/01/2008
- 10/01/2008 - 11/01/2008
- 11/01/2008 - 12/01/2008
- 12/01/2008 - 01/01/2009
- 01/01/2009 - 02/01/2009
- 02/01/2009 - 03/01/2009
- 03/01/2009 - 04/01/2009
- 04/01/2009 - 05/01/2009
- 05/01/2009 - 06/01/2009
- 06/01/2009 - 07/01/2009
- 07/01/2009 - 08/01/2009
- 08/01/2009 - 09/01/2009
- 09/01/2009 - 10/01/2009
- 10/01/2009 - 11/01/2009
- 11/01/2009 - 12/01/2009
- 12/01/2009 - 01/01/2010
- 01/01/2010 - 02/01/2010
- 02/01/2010 - 03/01/2010
- 03/01/2010 - 04/01/2010
- 04/01/2010 - 05/01/2010
- 05/01/2010 - 06/01/2010
- 06/01/2010 - 07/01/2010
- 07/01/2010 - 08/01/2010
- 08/01/2010 - 09/01/2010
- 09/01/2010 - 10/01/2010
- 10/01/2010 - 11/01/2010
- 12/01/2010 - 01/01/2011
- 01/01/2011 - 02/01/2011
- 02/01/2011 - 03/01/2011
- 03/01/2011 - 04/01/2011
- 04/01/2011 - 05/01/2011
- 05/01/2011 - 06/01/2011
- 06/01/2011 - 07/01/2011
- 07/01/2011 - 08/01/2011
- 08/01/2011 - 09/01/2011
- 09/01/2011 - 10/01/2011
- 10/01/2011 - 11/01/2011
- 11/01/2011 - 12/01/2011
- 12/01/2011 - 01/01/2012
- 01/01/2012 - 02/01/2012
- 02/01/2012 - 03/01/2012
- 03/01/2012 - 04/01/2012
- 04/01/2012 - 05/01/2012
- 05/01/2012 - 06/01/2012
- 06/01/2012 - 07/01/2012
- 07/01/2012 - 08/01/2012
- 08/01/2012 - 09/01/2012
- 09/01/2012 - 10/01/2012
- 10/01/2012 - 11/01/2012
- 11/01/2012 - 12/01/2012
- 12/01/2012 - 01/01/2013
- 01/01/2013 - 02/01/2013
- 02/01/2013 - 03/01/2013
- 03/01/2013 - 04/01/2013
- 05/01/2013 - 06/01/2013
- 06/01/2013 - 07/01/2013
- 07/01/2013 - 08/01/2013
- 08/01/2013 - 09/01/2013
- 09/01/2013 - 10/01/2013
- 10/01/2013 - 11/01/2013
- 11/01/2013 - 12/01/2013
- 01/01/2014 - 02/01/2014
- 10/01/2014 - 11/01/2014
- 12/01/2014 - 01/01/2015
- 01/01/2015 - 02/01/2015
- 02/01/2015 - 03/01/2015
- 03/01/2015 - 04/01/2015
- 04/01/2015 - 05/01/2015
- 06/01/2015 - 07/01/2015
- 07/01/2015 - 08/01/2015
- 08/01/2015 - 09/01/2015
- 12/01/2016 - 01/01/2017
segunda-feira, março 26, 2012
TEXTO DE 1982 (!), PUBLICADO NA REVISTA SELEÇÕES, QUE UM GRANDE AMIGO ENVIOU. VALE A PENA LER!
O HOMEM
“ATUALIZADO” NÃO SABE
DE NADA.
(Daniel J. Boorstin)
Os
bem informados entopem a cabeça com dados e histórias à toa, deixando pouco
espaço para os conhecimentos de que realmente precisam.
Há uma
inflação de que ninguém fala e que dispersa a nossa mente. Chama-se
“informação”. De manhã à noite, a informação inflaciona o nosso espírito, enche
o nosso cérebro e impede-nos de refletir sobre os problemas do nosso tempo. Na
TV e no rádio, nos jornais da manhã e nas leituras por computador,
inconsistentes “pedaços” de informação inundam-nos e confundem-nos. Este
dilúvio de mensagens daqui e dacolá acaba preenchendo cada recanto do nosso
consciente e simplesmente expulsa o conhecimento e a compreensão.
Enquanto
o conhecimento é metódico e cumulativo, a informação é lançada ao acaso, e
heterogênea. Acaba que as indústrias de informação tranqüilamente florescem,
enquanto as nossas indústrias de conhecimento (escolas e bibliotecas), estas
andam de rastro.
Facilmente
esquecemos que o livro é talvez o maior triunfo da tecnologia. Traz até a nossa
cabeceira ou o nosso escritório as próprias palavras de Homero, de Platão, de
Maquiavel, de Dickens. A partir de Gutenberg, os mortos puderam falar... para
milhares, depois para milhões de pessoas. “Se a invenção do navio foi
considerada tão nobre”, como em 1605 anotou Francis Bacon, “pois que
transportava riquezas e bens de um lugar para outros”, devemos exaltar muito
mais os livros, “que, tal como os navios, atravessam os vastos oceanos do
tempo, e fazem que épocas tão distantes
partilhem o saber, as descobertas e as invenções uma das outras. “Os livros têm
sido a memória coletiva, o catalisador e o incentivo para grande parte do saber
da raça humana.
Passando em revista algumas das
características dos livros, podemos descobrir a natureza particular que
distingue o conhecimento, da informação:
Os
livros perduram. Muito depois de os jornais de hoje terem forrado as nossas
latas de lixo, os livros de hoje continuarão nas nossas estantes, como dádivas
bem-vindas. A literatura, empregando a frase de Ezra Pound, é “notícia que
continua sendo notícia”. Em contrapartida, os triunfos dos nossos meios de
informação são os seus furos jornalísticos, que, numa corrida louca, nos trazem
“notícias” uns antes dos outros. Enquanto os livros, que são veículos do saber,
permanecem pela sua durabilidade, os meios de informação simplesmente assentam
no efêmero.
Os
livros são cumulativos. Um novo livro de Saul Bellow dá-nos vontade de ver
os seus outros romances. Quando lemos a história universal de Arnold Toynbee,
queremos saber o que H. G. Wells ou Oswald Spengler tinham a dizer. A obra de
Einstein incita-nos a ler Newton, Galileu, Copérnico e Ptolomeu. O conhecimento
novo se soma ao antigo. Já a informação mais recente desloca a precedente; o
jornal de hoje nos lembra simplesmente como o de ontem estava errado ou
incompleto.
Os
livros têm um objetivo. Um livro fala-nos de uma coisa. Os meios de
informação falam-nos de tudo. As bibliotecas catalogam os seus livros por
assuntos, mas os nossos jornais e noticiários giram normalmente à volta de
quando, não do quê. Cobrem absolutamente tudo que tenha acontecido desde ontem.
Os
livros constroem uma tradição. Eles são os marcos da civilização.
Enriquecemo-nos ao descobrir e redescobrir os nossos grandes livros e, depois,
quando escrevemos livros melhores, que atinjam mais pessoas, de modo mais
profundo e mais duradouro.
É
evidente que todos precisamos de informação. Precisamos dela enquanto cidadãos,
pais e consumidores. Os nossos cientistas e tecnólogos precisam dela para se
manterem atualizados, para preservarem as suas faculdades intelectuais, para
não terem de inventar de novo a roda. A informação protege-nos dos ditadores,
dos tiranos e dos escroques.
O problema não é que a informação seja
inútil, mas sim que ela se espalhe demasiado depressa e nos faça submergir.
Pior ainda, este tipo de informação torna-se um vício. A nossa sede de
informação, por seu lado, a faz proliferar.
Como
conseqüência, desenvolveu-se nossos tempos uma espécie humana muito particular,
já não Homo sapiens, mas Homo atualizadus, maravilhosamente bem
informado, mas lamentavelmente ignorante. Ele conhece os tiques dos
presidentes, as gafes das celebridades, as ameaças das subidas de preço da
OPEP; mas pode sentir-se inteiramente perdido nos meandros do conhecimento, da
política exterior, da economia ou da tradição política.
A minha receita pessoal contra esta
inflação em nossa massa cinzenta baseia-se na premissa de que o valor de
qualquer informação é geralmente determinado pelo tempo que medeia entre a sua
concepção e a sua publicação. Isto significa que, normalmente, os livros têm
mais valor que as revistas; estas, mais valor que os jornais; e estes, mais
valor que os noticiários de TV ou de rádio.
Cada
um de nós pode iniciar um programa para se livrar do vício da informação,
deixando de ler o jornal de vez em quando e não vendo o telejornal durante um
dia ou dois, passando progressivamente a ler o jornal e a ver as notícias na TV
apenas uma vez por semana. Em substituição, pode-se ler um semanário noticioso.
Em breve, você descobrirá que cada vez sente menos a falta das doses de
notícias intercalares, e acabará mesmo por não sentir falta nenhuma delas.
Enquanto isso, poderá encher o seu consciente com saber, lendo mais livros!
( artigo
publicado na revista Seleções do Reader
Digest, em dezembro de 1982,
portanto, há quase trinta anos, porém, sempre atual ).
Comments: