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sexta-feira, fevereiro 20, 2015

DOIS LIVROS 

Meu ano já começou com dois livros dignos de serem recomendados:

1) A MENINA SEM PALAVRA: Histórias de Mia Couto






















Sabem como é que esse livro foi parar nas minhas mãos? Há tempos, namorava os livros do Mia Couto na livraria, mas sempre acabava levando o livro de algum outro autor. Até que fui a uma livraria em São Paulo, me estiquei para pegar um livro (que eu não lembro de quem era) em uma prateleira alta, quando um outro livro caiu, literalmente, na minha cabeça. Um vendedor que estava próximo veio correndo me socorrer, pedir mil desculpas; disse que o livro estava mal colocado, perguntou se eu tinha me machucado etc. Por sorte, era um livro fino, não muito pesado. Quando olhei para a capa, era o A MENINA SEM PALAVRA, do Mia Couto. Pronto! Fui obrigada a levá-lo.
Foi o meu primeiro contato com a escrita desse moçambicano, então, de cara, não o achei muito fácil. Mas, lá pelo terceiro conto, parece que você vai entrando na linguagem poética dele, nas imagens sutis que ele constrói, e tudo flui mais. É um desses livros que você lê uma frase e volta a reler, devido à surpresa diante de uma combinação original de palavras e imagens. É um livro de leitura lenta, contemplativa, gostosa.
Tem algo de nostálgico, algo de esperançoso, algo de revoltante (mas uma revolta que, no sentir, é mais suave, já meio desvanecida pelo tempo).
Foi o meu primeiro contato com os livros de Mia Couto, mas, certamente, o primeiro contato de muitos que virão.

2) CARTIER-BRESSON - O olhar do século, de Pierre Assouline





















Ia tomar um "chá de aeroporto" em Porto Alegre. Tinha terminado de ler um livro e não tinha outro para me acompanhar. O que faria pelas próximas horas? Fui à livraria, já pensando em comprar algum livro da Agatha Christie. Acho que o suspense dela é a melhor companhia numa hora dessas. Mas, por um acaso, olhei para o título do livro de Pierre Assouline, e ele me chamou a atenção.
Levo ou não levo? Não costumo ser atraída por biografias, mas o livro continuou chamando a minha atenção...
Henri Cartier-Bresson é considerado O fotógrafo do século XX. A primeira foto que vi dele foi a RUE MUFFETARD, que eu publiquei no Desanuviando em 2004 (aqui)! Foi amor à primeira vista! Aquele garotinho com cara de danado, segurando orgulhoso duas garrafas, me conquistou. 
Depois disso, vi outras poucas fotografias de HCB (sigla para os íntimos!). Haveria algo de interessante na vida desse fotógrafo?
Dei uma folheada no livro e vi alguns trechos: Cartier-Bresson veio de uma família de comerciantes. Seu pai esperava que ele seguisse o mesmo caminho. Só que, desde cedo, o menino Henri demonstrou aversão a esse ofício. 
Ainda jovem, HCB, além de devorar livros literários, começou a se dedicar ao desenho e à pintura. Porém, as muitas regras que aprendia nessas artes, o decepcionavam e o faziam se sentir preso. Ele, então, passou a frequentar rodas boêmias de Paris. Andou com artistas surrealistas, conheceu Gertrude Stein (que lhe disse friamente que seus desenhos eram "fracos") e viajou para a África, para ter uma aventura e tentar "se encontrar". Cartier-Bresson dizia que sabia o que não queria na vida; só não sabia o que queria...
(Aqui, um parêntesis: Acho interessante pensar que ele não sabia o que queria da vida porque o seu futuro instrumento de trabalho ainda estava sendo difundido... No entanto, mesmo não sabendo o que queria, ele estava sempre "alimentando" seu espírito e aperfeiçoando seu olhar. Com isso, sem saber, ele estava se preparando para o que viria a ser na hora certa.)
Foi então que, um dia, Henri olhou para uma fotografia e se apaixonou pelo que viu! A imagem, pra mim, foi uma surpresa, pois sempre achei que ela tivesse sido fotografada por HCB! Mas, não! Foi justamente a foto que o fez ser tornar fotógrafo. Me refiro à Four Boys at Lake Tanganyka, de Martin Munkácsi (que você pode ver aqui). Eis o que Cartier-Bresson disse sobre essa fotografia e sobre o seu "encontro":

De repente entendi que a fotografia podia fixar a eternidade no instante. Essa foi a única foto que me influenciou. Nessa imagem há uma intensidade, uma espontaneidade, uma alegria de viver, uma maravilha tão grande que me deslumbra até hoje. A perfeição da forma, a percepção da vida, uma vibração sem igual...Pensei: bom Deus, podemos fazer isso com uma máquina...Senti como que um pontapé na bunda: vamos, vai!

Foi por essas "folheadas" que dei na livraria que eu acabei levando o livro de Assouline. Não me arrependi. A biografia de HCB é muito bem contada, e eu acabei fiquei impressionada pela vida desse que é considerado o fotógrafo do século XX. Título merecido.


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