<$BlogRSDURL$>

sexta-feira, março 06, 2015

DO LIVRO SOBRE HCB 

Um fato interessante na biografia de Henri Cartier-Bresson é que ele foi preso pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Ele e alguns outros artistas foram levados a um campo de prisioneiros (que, como diz Pierre Assouline, no livro CARTIER-BRESSON - O olhar do século, "um campo de prisioneiros não é um campo de concentração, nem um campo de extermínio, mas é um campo"), e logo surgiu uma obsessão para o fotógrafo e um amigo: fugir. Essa perspectiva, como conta Assouline, "os faz aguentar, evita que caiam em depressão". É, em resumo, uma idéia que lhes enche de esperança.

Saber que o fotógrafo do século tem um capítulo desses na sua história pessoal é, por si só, interessantíssimo. Mas ler o episódio de um dos momentos em que a fuga falhou e eles precisam recuperar as esperanças é fascinante - e, para mim, pelo menos, inspirador. Dêem uma olhada no trecho a seguir:

Na primeira vez, o mau tempo lhes prega uma peça. Acabam recebendo o isolamento na cabana de bambu do barracão dos fugitivos. Junto com Alain Douarinou, também candidato à grande viagem, Cartier-Bresson é condenado a cumprir 21 dias de solitária e dois meses de trabalhos forçados em companhia disciplinar antes de voltar ao stato quo ante. A não ser por um detalhe, todavia essencial. Num dia de grande tristeza, quando os dois estão agachados no fundo de um pequeno vale sinistro trabalhando a terra numa fazenda, seu camarada (...) de repente se vira para ele:
- Olha, Henri, para além dessa colina, imagine que está o mar...
É pouco, mas essa frase, daquelas que ajudam a continuar vivendo nos momentos de aflição profunda, mudou sua visão de mundo. Ao oferecê-la (pois em tais circunstâncias é um presente insubstituível), seu amigo (...) o transtorna permanentemente. A partir de agora, ele saberá o que conta, o que é importante, o que prevalece sobre todo o resto: manter o olhar na linha do horizonte.



Comments:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter