Desanuviando

Pequena nota de demissão

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Aquele homem que vai sereno pela rua acaba de pedir demissão. Dentro do bolso esquerdo de sua camisa há um papel dobrado - discurso de demissão que ele escreveu, reescreveu, corrigiu, refez. Tudo para ser eloqüente no último dia e denunciar as angustiosas fraquezas do meio em que trabalhava. Não pouparia nada, nem ninguém. Apontaria cada erro, cada hipocrisia, cada desvio.Isso porque tinha a sensação de que o último dia no emprego era como todos os dias de um morto, quando se perdem os pudores da fala. E ele, mais do que ninguém, se sentia no direito de denunciar. Não queria parecer um mártir, mas só Deus sabe tudo o que ele agüentou calado e de todos os dias em que voltou mais esmorecido para casa, e ainda sorriu para não preocupar ninguém. Por isso reescreveu o discurso várias vezes e não poupou verdades e queixas.
(... )
No “gran finale” da vida profissional desse homem, ele entrou na sala de reuniões, tirou o papel do bolso, olhou para o rosto de cada um de seus colegas, mas ficou em silêncio por uns instantes. Pensou na sua família, na sua casa, no seu cachorro – um labrador que baba sem parar -...Então, olhou novamente para os colegas, dobrou o papel e com a voz submissa de sempre falou:

- Aprendi muito com vocês. .

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(O que se pode fazer? Com os erros também se aprende e talvez fosse crueldade jogar na cara deles todas as angustias do ambiente em que eles vão continuar vivendo - e ele, não mais.)

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RAPIDINHO

A primavera chegou com chuva.

A última semana do inverno foi ótima, gostosa, cheia de charme...totalmente desanuviante.

E descobri un "RINCON DE LOS DUENDES", onde comprei um cd de músicas celtas e ganhei um cartão com os seguintes dizeres:

"RESERVADO EL DERECHO DE ADMISIÓN A ESCÉPTICOS.

BIENVENIDOS AQUELLOS QUE AÚN SE ATREVEN A SOÑAR..."

No atentado às Torres Gêmeas, os recados de quem estava nos aviões não foram de raiva. Eram todos mensagens de amor." (do filme Simplesmente Amor)

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"OI, CHEGUEI!"

É raro eu postar algo a esta hora, mas depois de um exagerado rodízio de pizza, aproveitei a insônia para colocar a imagem da boneca no meu MSN. (Já percebi que tenho uma queda por bonecas de pano, mesmo sem brincar com elas há mais de uma década!!).

Todos os que estavam online gostaram da nova imagem, inclusive amigos homens. Um deles, no entanto, estudante de design (e mais um insone do rodízio), disse que “apesar de ela ser bonitinha, não posso deixar de lado o meu OLHAR DE DESIGNER...e se desse alguns retoques..."

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Acatada a indireta, eis o resultado:

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Em seguida, mostrei para mais dois amigos: o Alfredo e o Zander. O Alfredo achou a mudança sutil e o Zander, que está acostumado com desenhos, reparou imediatamente.

Para mim, a mudança também foi sutil, mas olhando bem...olhando bem...olhe também! Percebeu a mudança? O “up” da boneca? Agora, se percebeu, veja, por escrito, aquilo que está percebendo, mas que não consegue exprimir em palavras.

Eis as mudanças, “by Rafael, designer”:

eu gostei pelo seguinte:

o zoom dá o ênfase na boneca

e o modo como ela está deslocada, e sorrindo, diz implicitamente "oi , cheguei"

de modo serelepe

fica mais alegre do que antes

pq antes ela estava desconexa com o fundo

parada, estática

a posição da boneca não combinava com a imagem dela mesma.

E agora? Também te convenceu?

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BONECA - em homenagem à Natiquel, a boneca que ganhei das irmãs Natália e Raquel. (A Natiquel não é a boneca da foto, mas é tão bonita quanto. Também tem o cabelo laranja, e mais umas mechas coloridas.)

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"Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma - na princesinha e na mendiga. E para ambas é a boneca o supremo enlevo." (Negrinha, Monteiro Lobato)

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VÉSPERA DO 7 DE SETEMBRO

Quando estava no Ensino Médio, todos os alunos do meu colégio receberam o livrinho PORQUE ME UFANO DO MEU PAÍS. (Uma editora o distribuiu por estar há muito tempo “empacado” nas prateleiras.) Não sei se alguém o leu na época. Eu mesma o trouxe para casa e o deixei na estante, sem nunca mais tocar nele.

Esse livro foi publicado, se não me engano, em 1900 e já tive professores de história que debocharam dele. Como não o li, não sei o motivo do deboche, mas ficava com pena do tal Affonso Celso (autor do livro) que virou motivo de riso só por ter declarado seu orgulho pelo país.

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Hoje, por acaso, me lembrei desse livrinho e fiquei com vontade de saber por quais razões o Affonso Celso se ufana de seu país. Tentei procurá-lo, mas não o encontrei. Será que a “única pessoa que se ufana do país” (como disse um dos meus professores de história do colégio) desapareceu?

Vai ver ele não quer estar por perto no dia 7 de setembro...

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Parece que esta é uma gíria mineira: para dizer que um produto é gratuito, diz-se que ele é "0800".

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Quem misturou, pela primeira vez, chocolate com pimenta, ou era muito inspirado, ou era um distraído abençoado. O efeito de tal combinação é peculiar, pois chocolate e pimenta não se fundem em um único sabor, mas se alternam: quando parece que nossa boca não vai agüentar o ardor da pimenta, o doce do chocolate impera e alivia língua, garganta e palato; mas quando o doce começa a enjoar, volta a pimenta ainda mais picante e, novamente, o anseio por um doce. Tudo isso, essa alternância surpreendente, em um único tablete.

Até que ele se derreta completamente em nossa boca.

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START SPREADING THE NEWS

Meu irmão está namorando; meu professor de inglês, um inglês que está aqui há alguns anos, está namorando; a irmã da minha amiga está grávida; uma amiga que mora longe vai se casar; terminaram a reforma da piscina e vou voltar a nadar; um amigo conseguiu um emprego logo quando mais precisava...e ainda há mais novidades que estou com preguiça de contar. Mas é um sinal, meus amigos: a Boa Notícia está solta.

PRECE ATENDIDA

Finalmente, estão vendendo água de coco no meu bairro. Mas não sei pque todos insistem em vendê-lo gelado. Então, tive que negociar com o moço do coco: se você tiver sempre um coco em temperatura natural, prometo que venho aqui todo dia.
Promessa é dívida; agora vou me endividar!

ELE

Todas as palavras que ele profere saem em forma de obstáculos para que ninguém se aproxime.
E ele fala tanto.

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Mãe e dois filhos pequenos.

A mãe empurrava o carrinho e os meninos iam e vinham com as mãos cheias de biscoitos, balas e chocolates.

Ao se dar conta do que enchia o carrinho, a mãe falou para os dois:

- Vocês só estão pegando porcaria!

Um deles contestou:

- Mãe, mas se vier o tufão, o armário tem que ter comida.

E o outro, como se estivesse desatento, perguntou para a mãe:

- Mãe, se vier o tufão, nós vamos para o porão, né?

Mãe:

- Sim, vamos nos proteger lá.

Os dois se olharam e gritaram:

- Obaaaa!!

E pegaram mais balas, biscoitos e chocolates.

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